A IA: Um Motor de Progresso ou um Abismo sem Regras?
- #Machine Learning
- #Inteligência Artificial (IA)
A inteligência artificial (IA) avança a passos largos, prometendo revolucionar diversos setores, do desenvolvimento de sistemas à justiça, saúde e educação. Essa promessa, no entanto, se torna um risco se não houver um olhar crítico e interdisciplinar sobre sua implementação. A falta de participação de profissionais de desenvolvimento nas discussões éticas e regulatórias sobre a IA é um gargalo crucial, ao colocar nas mãos de quem não compreende a tecnologia a responsabilidade de definir seu futuro.
A frase de Peter Deng, líder de produto da OpenAI, durante a SXSW, ilustra essa preocupação: "Não cabe à OpenAI dar um rumo à utilização ou limitar o uso da IA na criação de conteúdo. Na minha visão, é a sociedade que deve limitar ou não, impor ou não regras na utilização." Essa declaração, embora aparentemente pragmática, revela um problema fundamental: a sociedade está preparada para essa responsabilidade?
O exemplo do deputado Sandro Fantinel (PL-RS), que propôs o corte de árvores para evitar desabamentos de encostas, demonstra a fragilidade do nosso sistema em lidar com questões complexas, recorrendo a soluções simplistas e desprovidas de análise crítica.
Como mencionado recentemente, pela Ministra Cármen Lúcia "Quando Vossa Excelência descreve que havia entre as notas com as providências a possibilidade de Vossa Excelência ter inclusive determinado a própria prisão, eu começo a não me preocupar mais só com a inteligência artificial, mas com a desinteligência natural de alguns que atuam criminosamente, além de tudo sem qualquer tracinho de inteligência." Comentário feito durante julgamento da Deputada Federal Carla Zambelli (PL-SP)
Em um cenário como esse, a responsabilidade de regulamentar a IA nas mãos de pessoas desqualificadas, guiadas pela preguiça de pensar fora do algoritmo, representa um risco iminente.
A maioria das discussões sobre IA, principalmente no âmbito jurídico e da saúde, parte de uma perspectiva que ignora as nuances da construção e funcionamento. Essa lacuna cria um terreno fértil para interpretações errôneas e decisões equivocadas, abrindo portas para o uso indevido da IA e a perpetuação de vieses e desigualdades.
A obra “Considerações Iniciais sobre Inteligência Artificial, Ética e Autonomia Pessoal” alerta para os perigos da discriminação algorítmica, um problema que surge da falta de atenção aos vieses presentes nos dados que alimentam os algoritmos. Se a tecnologia for utilizada sem a devida cautela, a IA pode perpetuar e até amplificar as desigualdades sociais existentes.
A fragilidade da legislação e a desinteresse do setor de desenvolvimento em se engajar em discussões éticas e ideológicas sobre a IA representam um perigo real. A sociedade arrisca seguir um caminho perigoso, marcado pela idiocracia, onde a ignorância e a falta de senso crítico dominam as decisões sobre o futuro da tecnologia.
O documento “Inteligência Artificial e Jurisdição” destaca a importância da transparência e da explicabilidade na utilização da IA em decisões judiciais. Essa premissa se aplica a todos os setores. A sociedade precisa entender como os algoritmos funcionam e quais dados são utilizados para tomar decisões. Essa compreensão é fundamental para evitar abusos e garantir a justiça e a equidade.
A falta de interdisciplinaridade e a ausência de uma discussão ética aprofundada sobre a IA nos coloca em uma situação preocupante. Estamos entregando o futuro da tecnologia a quem não a compreende, e isso pode ter consequências desastrosas.
Para evitar esse cenário, é crucial a participação de pesquisadores e profissionais de áreas como as ciências exatas, humanas, sociais e tecnológicas na elaboração de regras e ferramentas para o desenvolvimento e uso da IA. A criação de um diálogo aberto e colaborativo entre todos os envolvidos é fundamental para garantir que a IA seja utilizada de forma ética e responsável, impulsionando o progresso e a justiça social.
A IA tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa para o bem da humanidade, mas esse potencial só se concretizará se a sua utilização for guiada por princípios éticos sólidos e por uma profunda compreensão da sua complexidade. A responsabilidade de garantir esse futuro não pode ser delegada a um pequeno grupo de especialistas. É preciso que a sociedade na totalidade se envolva nesse debate e se prepare para a tarefa árdua de construir um futuro aonde a IA seja um motor de progresso, e não um abismo sem regras.
- Essa reflexão surgiu durante uma pesquisa para um projeto da faculdade, meu primeiro artigo nesta rede pode criticar e não seja gentil.
- Imagem e criada com o Copilot.
- Referências e artigos:
Inteligência artificial e jurisdição.
Considerações iniciais sobre inteligência artificial, ética e autonomia pessoal.