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Anthony Viana
Anthony Viana11/07/2024 19:59
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A máscara estatística

  • #Data

Você já se deparou com alguma mensagem ou dado impressionante, quase irreal, de determinado jornal ou certa propaganda?

Algo como:

"Direcionada ao combate às cáries, a companhia de comercialização de produtos de higiene dentária X, tem êxito em 63% quando comparada às demais" ou "Tal empresa de tabaco destaca-se por apresentar os melhores índices do mercado, relacionados ao moderado prejuízo à saúde".

Esses exemplos carregam algumas técnicas, de mau uso estatístico, frequentemente utilizadas por grandes corporações, jornalistas ou propagandistas, para moldar uma narrativa sensacionalista e enviesada. Com a finalidade de dissuadir o respectivo público-alvo, falsas conclusões são geradas por meio de fundamentos inválidos de inferência estatística.

"A estatística não mente, pessoas o fazem" - Elizabet Bogner

Tal estatística hipnótica (omissão de valores/significados relevantes) pode ser utilizada para mascarar informações, de acordo com os interesses de quem as manipula. Cabe ao leitor, receptor dos dados, inferir a sua própria validação acerca de possíveis 'ilusões' inerentes ao meio de transmissão.

Neste prisma, este artigo busca retratar tais abordagens, revelando como os dados podem ser manipulados para enganar, além de explorar algumas das principais técnicas usadas para que você, leitor, possa reconhecer e questionar dados aparentemente confiáveis.

Desmascarando a Estatística

A ciência estatística é uma ferramenta extremamente poderosa, relacionada ao estudo de coleta de dados e exame de amostras, utilizada para transmitir informações de maneira clara e objetiva. Quando submetida a uma certa amostragem significativa, seus resultados não viesados tendem a mostrar predições coerentes, corroborando a altíssima credibilidade do processo como um todo.

Leitura complementar que fixa a compreensão da ciência estatística e sua relevância, neste link.

Pode-se dizer que a preocupação surge quando esse relatório estatístico é usado para contextualizações intencionais e fins tendenciosos, propositalmente favorecidos ao invés da análise verídica e imparcial. Tais contextos são variados e difíceis de detectar, podendo ser viabilizados por motivações distintas: reputação de marca visando fins lucrativos, favorecimento político, manutenção do status quo, entre outros.

Os métodos de deturpação ocorrem através da propagação ou divulgação dos conteúdos enviesados. Quanto à omissão assemelham-se às 'letras miúdas' (dificilmente lidas) de contratos problemáticos ou recursos nocivos à saúde nas entrelinhas do rótulo de produtos defeituosos. Esses métodos infundados incluem técnicas antiéticas como:

  • Generalização de probabilidades ao acaso;
  • Manipulação do subconsciente através de recursos visuais;
  • Média inadequada;
  • Amostragens insignificantes ao contexto analisado;

Aprofundando técnicas

Uma das técnicas mais comuns de manipulação estatística é a generalização de probabilidades ao acaso, que envolve a escolha seletiva dos dados. Imagine aquela mesma companhia de fornecimento de produtos de higiene dentária, que realiza diversos estudos sobre uma nova pasta de dente, mas apenas um mostra resultados positivos contra a proliferação da cárie. Divulgando apenas esse estudo específico, a empresa omite informações críticas e nos faz acreditar que a pasta de dente aparente ser mais eficaz do que realmente é.

Para o caso da empresa de tabaco, realizou-se uma pesquisa e a organização Y foi a que apresentou índices levemente melhores, levando o consumidor a acreditar que sua saúde estava sendo beneficiada ao optar pela marca. No entanto, essa diferença ínfima não se faz suficiente para tal destaque ou preferência.

Outra técnica ilusionista comum é a manipulação do subconsciente através de gráficos. Recursos visuais são ótimos para visualizar dados, mas podem ser facilmente distorcidos, como o trecho incluso no livro 'Como mentir com estatística' insere: "quando os números dispostos de forma tabular forem um tabu, e as palavras não trabalharem bem a persuasão, desenhe uma figurinha (gráfico)". Um gráfico de barras com o eixo parcialmente cortado, ou seja, seu início contém um número diferente de zero, pode induzir uma interpretação errada dos dados, em que a menor das diferenças aparente ser de certa forma excessivamente considerável.

A média aritmética é outra ferramenta estatística muitas vezes introduzida em prol da dissuasão. Em alguns casos a forma mais fidedigna de representar fatores em média com acurácia é utilizando recursos como a mediana ou a moda. Exemplificando, assim como indica no livro, se um bairro de classe baixa contém dois bilionários, a "renda média" do bairro aumenta drasticamente, mas isso não reflete a realidade da maioria dos moradores. Neste contexto, tal renda por exemplo poderia ser utilizada incorretamente pela prefeitura local para indicar boas condições de vida nas localidades. O histograma pode ser uma ferramenta interessante para a visualização coerente desta distribuição.

A representatividade das amostras é fundamental para a validade de uma pesquisa, se uma amostra não representa adequadamente a população ou é insuficiente em quantidade (quanto menor o tamanho da amostra, mais longe a média chega do valor esperado) os resultados podem ser distorcidos. Por exemplo, uma pesquisa crítica ao estudo vespertino em certa universidade revelou que 66% dos alunos reprovaram nas matérias optativas ministradas à tarde, um detalhe relevante para o exemplo é que na ocasião só havia três alunos matriculados na única disciplina vespertina da faculdade.

Considerações finais

Se chegou até aqui e obteve uma visualização concisa sobre o tema abordado no artigo, você percebeu que a estatística, com seu papel amplo e poder de influência, vai muito além das ciências exatas. Além disso, com a visualização dos métodos de manipulação estatística, podemos compreender como essas técnicas são usadas não apenas para fins científicos, mas também para moldar opiniões e influenciar decisões sócio-políticas.

Importante frisar que o livro "Como Mentir com Estatística", de Darrel Huff, foi a grande referência e inspiração para a confecção deste artigo. Nele o autor fornece um ambiente demasiadamente imersivo, que fomenta o desenvolvimento crítico e racional do leitor, abordando a má utilização da estatística para a manipulação e suas técnicas, ao mesmo tempo em que as contrasta com exemplos práticos. Esta obra foi uma das leituras mais interessantes que já realizei, de forma fluida você é encorajado a refletir sobre o alcance dessa ferramenta e seu poder na sociedade,capacitando-se a tomar decisões melhor instruídas e questionar afirmações que parecem muito atraentes.

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*Conteúdo também disponível no Viana Blog.*

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