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Adriano Lúcio
Adriano Lúcio26/11/2025 01:28
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Entre a Praticidade e a Dependência: Os Limites do Uso da Inteligência Artificial

  • #IA Generativa

É evidente que, cada vez mais, somos bombardeados pela inteligência artificial: ela se tornou a febre do momento. Vivemos um período em que é difícil imaginar o cotidiano sem a presença da IA, devido à sua praticidade. Eu próprio a utilizo sempre que preciso automatizar algum processo ou sintetizar assuntos de múltiplas fontes para construir um conhecimento mais aprofundado sobre determinado tema. Porém, apesar de toda essa praticidade, é possível notar uma certa dependência em relação a ela.

A ciência alerta sobre uma dependência crescente que compromete capacidades cognitivas. Estudos do MIT revelam que 83% dos usuários de ChatGPT não recordam o que escreveram, com menor atividade cerebral nas áreas de atenção e criação (Exame, 2025). Pesquisas da Microsoft e Carnegie Mellon demonstraram que alta confiança em IA reduz o pensamento crítico aplicado ao trabalho (Giannini, 2025).

A inteligência artificial, assim como os agentes de IA, veio para auxiliar não somente empresas e instituições, mas também nós, cidadãos comuns. O problema está em até que ponto a sua utilização é realmente necessária. Será que não estamos dependendo cada vez mais dessas ferramentas, correndo o risco de afetar nossa capacidade de decisão, de raciocínio e de pensamento crítico? Até que ponto podemos utilizar a inteligência artificial sem que ela afete múltiplos campos de nossa vida pessoal a longo prazo? Um estudo com 666 participantes mostrou que usuários frequentes de IA apresentam capacidade reduzida de avaliar informações criticamente, com riscos especiais em profissões de alto risco (Forbes Brasil, 2025).

Esse é um questionamento que ainda é amplamente debatido no meio social, sem uma resposta conclusiva até o momento. Até onde deixaremos a IA gerenciar as nossas vidas? Ou melhor: até que patamar a IA deixa de ser um “servidor” para se tornar um “mestre”?

Porém, ter noção da diferença entre uso ativo e passivo dela é crucial. Quando analisamos criticamente a IA, mantemos nossas habilidades. Quando nos tornamos meros consumidores de respostas, sofremos "descarregamento cognitivo" (PMC/PLOS ONE, 2025). Pesquisadores alertam: a IA amplia o "Google Effect", criando ilusão de competência em usuários que confiam cegamente na tecnologia (IE Center for Health and Well-being, 2025).

Quanto de nossa criatividade não pode ser prejudicado, a longo prazo, com o uso cada vez mais frequente e exagerado da IA em nosso dia a dia? Ao deixarmos a inteligência artificial dominar a nossa rotina, corremos o risco de deixar de ser nós mesmos, perdendo nossa individualidade, nossa essência, o nosso “mundo” particular expresso em cada pensamento, sentimento e ação. Ao pedirmos que a IA gere o nosso conteúdo, corremos o risco de deixá-lo sem emoção, sem sensibilidade, sem o nosso traço característico capaz de marcar o mundo.

Pesquisadores da USP alertam que a velocidade imposta pela IA ameaça corroer o "intervalo fecundo da dúvida" — aquele espaço de reflexão profunda essencial ao pensamento autêntico (Jornal da USP, 2025). Ao permitir que a IA tome o controle, não estamos apagando, pouco a pouco, essa marca?

Conforme mencionado anteriormente, esses questionamentos ainda não possuem uma solução definitiva. Porém, o simples ato de cultivarmos essas reflexões e exercícios de raciocínio, de forma cada vez mais habitual, enxergando a IA como uma ferramenta poderosa e prestativa, e não como “senhora” de nossas vidas, já representa um caminho mais saudável. Ao semearmos esses hábitos, a chance de progredirmos com essas ferramentas se torna exponencial no longo prazo; entretanto, se permitirmos que elas nos governem, seremos nós os verdadeiros “servidores”.

A chave está em uso consciente: questionar respostas, manter pensamento crítico, preservar reflexão profunda (Jornal da USP, 2025). O trabalho desafiador é essencial para aprendizagem profunda; quando deixamos a IA fazer todo o trabalho, perdemos a oportunidade de construir conexões neurais e memória de longa duração (The Conversation, 2025). Cada decisão diária determina se seremos parceiros da IA ou seus servidores. Não se trata de abandonar a tecnologia, mas de usá-la estrategicamente, mantendo nossa inteligência ativa e crítica.

Referências

Fast Company Brasil. (2025, 13 de março). Ciência comprova que a IA nos deixa mais burros. Mas.... Recuperado de https://fastcompanybrasil.com/ia/ciencia-comprova-que-a-ia-nos-deixa-mais-burros/

Giannini, F. (2025, 6 de março). Impacto da IA generativa no pensamento crítico. Recuperado de https://fernandogiannini.com.br/impacto-da-ia-generativa-no-pensamento-critico/

Exame. (2025, 22 de julho). Estudo do MIT revela que IA pode comprometer atividade cerebral e criatividade. Recuperado de https://exame.com/inteligencia-artificial/estudo-do-mit-revela-que-ia-pode-comprometer-atividade-cerebral-e-criatividade/

IE Center for Health and Well-being. (2025, 25 de fevereiro). AI's cognitive implications: the decline of our thinking skills?. Recuperado de https://www.ie.edu/center-for-health-and-well-being/blog/ais-cognitive-implications-the-decline-of-our-thinking-skills/

Jornal da USP. (2025, 22 de julho). Como a IA transforma a escrita acadêmica e desafia o pensamento crítico. Recuperado de https://jornal.usp.br/artigos/como-a-ia-transforma-a-escrita-academica-e-desafia-o-pensamento-critico/

PMC/PLOS ONE. (2025, 10 de julho). Effects of generative artificial intelligence on cognitive effort. Recuperado de https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12255134/

Forbes Brasil. (2025, 22 de janeiro). Estudo aponta que a IA está reduzindo a capacidade cognitiva das pessoas. Recuperado de https://forbes.com.br/forbes-tech/2025/01/estudo-aponta-que-a-ia-esta-reduzindo-a-capacidade-cognitiva-das-pessoas/

The Conversation. (2025, 10 de setembro). How does AI affect how we learn? A cognitive psychologist explains why you learn when the work is hard. Recuperado de https://theconversation.com/how-does-ai-affect-how-we-learn-a-cognitive-psychologist-explains-why-you-learn-when-the-work-is-hard

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