Low-Code na Vida Real: O Que Aprendi Quebrando a Cara
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Low-Code na Vida Real: O Que Aprendi Quebrando a Cara
Minha trajetória não começou na tecnologia. Meu diploma é de Educação Física, viu? Aquele mundo de quadra, apito, cronômetro e planilhas de treino. Se me dissessem, há alguns anos, que eu passaria tardes inteiras debruçado em fluxos do Power Automate, teria dado uma gargalhada. Mas a vida joga essas curvas mesmo. Hoje, estou no Bradesco, na área de Business Intelligence, e foi lá que esbarrei com o Low-Code.
Confesso que não foi amor à primeira vista. Pelo contrário: minha primeira reação foi de desconfiança. “Isso aí parece bom demais pra ser verdade”, pensei. “Será que funciona de fato?” Só que a pressa por resolver um problema chato falou mais alto, e o ceticismo foi pro brejo.
O Primeiro Tombo (e o Primeiro Aprendizado)
A gente precisava automatizar a forma como recebíamos relatórios. No papel, parecia simples: arquivos no SharePoint, notificações no Teams, tudo organizadinho. Só que, na prática, cada filial mandava de um jeito – e a bagunça era feia. Lembro de uma tarde em que fiquei quase três horas tentando descobrir por que o fluxo simplesmente não disparava. Mexi em condições, gatilhos, conectores… nada.
Até que um colega passou pela minha mesa, deu uma olhada na tela e soltou: “Você esqueceu de salvar o fluxo, brother.”
Foi a primeira de muitas lições: Low-Code não é mágica. Ele pede atenção, lógica e, principalmente, humildade. Mas quando finalmente funcionou, a sensação foi a mesma de fazer um gol depois de dez chutes errados.
O “Projeto Íris”
Esse foi meu batismo de fogo. A ideia era simples: sempre que uma nova pasta fosse criada no SharePoint, tínhamos que atualizar uma lista e avisar o time no Teams. Manualmente, era um parto.
No começo, achei que não ia conseguir. Passei dias testando, quebrando fluxo atrás de fluxo. Até que, numa sexta à noite, consegui fazer rodar a primeira versão. Funcionou… mais ou menos. Criava as listas, mas esquecia a notificação. Só depois de muito café frio e várias tentativas é que tudo passou a conversar direito.
Quando mostrei pra equipe na segunda, alguém zoou: “Parece bruxaria!”. Eu dei risada, mas por dentro só pensava no cansaço. Aquele projeto me mostrou que o Low-Code não elimina o esforço – só troca o tipo de esforço. Menos código complicado, mas mais lógica de processo, paciência e tentativa e erro.
Coisas Que os Tutoriais Não Contam
Ninguém avisa, mas Low-Code também dá sua bela dor de cabeça. Deixa eu contar três casos que me marcaram:
- Chamados internos: O fluxo era Forms → SharePoint → Teams. Só que no meio do caminho a gente descobriu que metade do time não tinha permissão pro Forms. Resultado? Formulário travado. Tive que refazer tudo na correria com outro gatilho.
- Relatórios automáticos: A ideia era centralizar relatórios diários. Mas no segundo dia os arquivos já vinham com nomes diferentes, e o fluxo não reconhecia. Passei horas criando condições pra pegar cada padrão maluco de nomenclatura. Aprendi na marra: padronização é tão importante quanto automação.
- Conectores quebrados: O Power Automate tem dessas. Do nada, um conector para de funcionar e não fala o porquê. Já fiquei duas semanas travado porque a integração com Outlook simplesmente não ia. No final, era um bug temporário. Frustrante? Muito. Mas fez parte do jogo.
Ferramentas Além do Power Automate
Eu sou suspeito pra falar, porque vivo na Power Platform. Mas não dá pra ignorar outras ferramentas que estão ganhando espaço:
- Make: Usei pra uns testes de integração. A interface é tão intuitiva que dá até vontade de ficar montando fluxo por hobby.
- Lovable: Não usei muito, mas vi uns colegas criando protótipos de app em poucas horas.
- LangFlow: Esse me deixou perdido na primeira vez. Mas é interessante – ele ajuda a deixar a IA mais acessível pra quem não manja nada de machine learning.
O Lado Não Tão Glamouroso
Se você abrir o LinkedIn hoje, vai todo mundo falando que Low-Code resolve tudo. Mas a realidade é bem diferente. Ele ajuda pra caramba, mas também traz pepinos:
- Se cada um faz seu fluxo sem conversar, vira uma bagunça generalizada.
- Fluxos que rodam bem em pequena escala podem pifar quando crescem.
- E a segurança é crítica: já vi gente quase vazando dados sem querer.
Por isso, criei minhas próprias regras: documentar tudo, testar em escala pequena antes e nunca confiar cegamente em conector nenhum.
No Fim das Contas
Quando olho pra trás, vejo o quanto mudei. De estagiário perdido tentando decifrar relatórios, virei alguém que propõe soluções e ajuda a galera a ganhar tempo. Não virei expert da noite pro dia. Até hoje apanho de fluxo que teima em não funcionar.
Mas o Low-Code abriu uma porta importante: me mostrou que eu posso causar impacto sem ser um programador sênior. E pra mim, esse é o ponto mais legal. Low-Code não é sobre substituir devs. É sobre deixar que mais gente colabore.
Pensando no Futuro
É inevitável pensar no casamento do Low-Code com a IA. Já dá pra montar chatbot, analisar texto e até criar sistemas de recomendação em minutos. Ferramentas como o LangFlow dão um gostinho do que vem por aí.
Mas confesso: fico na dúvida. É empolgante, mas também dá aquele frio na barriga. Será que a gente está pronto pra tanta autonomia?
Pra Fechar
Não tenho uma frase de impacto pra finalizar. Só tenho na memória os cafés frios, os fluxos quebrados, as reuniões com a galera rindo dos meus pepinos e a satisfação de ver um processo funcionando sozinho.
Pra mim, Low-Code é exatamente isso: um caminho cheio de tropeços, mas que no final das contas economiza tempo e abre espaço pra gente pensar em coisas maiores.
E se alguém me perguntar se vale a pena aprender, respondo na hora: vale, sim. Mas esteja preparado – você vai errar. E muito.