Low Code: Se não escreveu do zero, NÃO É SEU?
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O que me trouxe até aqui? Um dilema pessoal e uma nova fronteira.
Como iniciante na programação, essa questão me inquieta. Se não escrevi do zero, ainda assim posso chamar o código ou aplicações construídas sem código de meu? Hoje, a IA e as Plataformas Low Code não apenas sugerem, mas escrevem ou montam partes inteiras de sistemas. Tarefas que antes exigiam horas de pesquisa e tentativa e erro agora são resolvidas em minutos. E isso me faz pensar: estou realmente aprendendo ou apenas conduzindo máquinas sem dominar os fundamentos?
Essa inquietação não é só minha. Ela marca a transição para uma nova era da programação, onde ferramentas como ChatGPT, , Copilot, Gemini e Plataformas como Lovable, Make e LangFlow se tornam parceiros de criação . A IA e o Low Code democratizam o acesso ao desenvolvimento, permitindo que qualquer pessoa programe usando linguagem natural. Mas também nos desafia: como equilibrar essa eficiência com a necessidade de conhecimento técnico profundo? Ainda existe essa necessidade?
Importante deixar claro a diferença, que as vezes passa despercebido, entre a IA Generativa e o Low Code. a IA gera o código que você mandar através de um script. O Low Code dispensa grande parte da necessidade de escrever esse código, oferecendo blocos prontos. Um é sobre a automação da redação das instruções, o outro é sobre a simplificação da construção da solução final. Eles atacam problemas diferentes no mesmo processo de desenvolvimento.
Do código à arquitetura de soluções com Low Code
Afinal, a IA levanta um debate que já era presente na comunidade de programação há décadas. As bibliotecas de código sempre foram aliadas dos desenvolvedores. Ferramentas como Pandas e NumPy possibilitaram a construção de soluções complexas sem a necessidade de "reinventar a roda". O mérito do programador estava em saber como combinar, adaptar e aplicar essas ferramentas com inteligência.
Com a IA generativa e as Plataformas Low Code, esse dilema ganha novos contornos. Jensen Huang, CEO da Nvidia, causou alvoroço ao dizer que “ninguém mais precisaria programar”. Sua provocação, no entanto, não era sobre o fim da programação, mas sobre sua transformação. A IA permite que qualquer pessoa, mesmo sem formação técnica, crie soluções usando linguagem natural.
A IA não elimina o programador, ela o transforma, o principal ponto está aí, muitos não estão confortáveis com a mudança. O conceito de Vibe Coding, popularizado por Andrej Karpathy, ilustra bem essa mudança: programar com IA é uma experiência de co-criação. O desenvolvedor pede, testa, ajusta e refina, e a produtividade aumenta, especialmente em equipes enxutas (a tendência é de equipes enxutas). De forma similar, o desenvolvimento Low Code vem transformando a maneira de construir soluções, democratizando o acesso à tecnologia e forçando uma mudança no papel do programador. Ele atua como um arquiteto, permitindo que a criação se torne um processo visual e intuitivo, sem a necessidade de escrever uma única linha de código.
O futuro do desenvolvimento com o Low Code
O Low Code é a prova de que a transição do "codificador" para o "orquestrador de tecnologia e entendedor do negócio e dos clientes" já está em pleno andamento. Ele não apenas democratiza o acesso ao desenvolvimento, mas também valida a nova postura do profissional. A capacidade de ter um conhecimento profundo da regra de negócio e das necessidades do cliente se torna essencial. A habilidade de traduzir a visão de negócio em um produto funcional e intuitivo é o que realmente importa, será um novo Super Profissional surgindo?
A IBM, por exemplo, considera a IA uma "colaboradora" que agiliza o ciclo de vida do desenvolvimento de software ao automatizar etapas essenciais como a geração de ideias, codificação e testes. De forma similar, o Low Code permite que desenvolvedores se concentrem em tarefas mais complexas e criativas, em vez de código padrão repetitivo.
Por que o Low Code é o presente da tecnologia?
A ideia de que "ninguém mais precisará programar" não significa o fim da programação, mas sim a sua transformação. Essa provocação se alinha perfeitamente com as mudanças observadas recentemente. Ele não elimina a necessidade de conhecimento, mas o direciona para novas competências, como:
- Compreensão de Negócio e Solução: A IA pode escrever código, mas não entende a dor do cliente, não prioriza funcionalidades e não traduz a visão de negócio em produto. As plataformas Low Code, da mesma forma, dependem de uma mente humana para planejar e priorizar funcionalidades que realmente resolvam problemas.
- Pensamento Estratégico e Empatia: Habilidades como criatividade, ética, liderança e a resolução de problemas complexos são diferenciais que nem a IA nem o Low Code podem substituir. Um artigo da Verx argumenta que aprender a programar é um investimento no desenvolvimento do pensamento lógico e na capacidade de resolver problemas, que são cruciais para tarefas mais complexas.
- Supervisão e Refinamento: A IA ainda comete erros. Da mesma forma, as soluções Low Code precisam de supervisão humana para garantir que o resultado final esteja alinhado com os objetivos e padrões de qualidade. Um estudo da Cloudflare demonstrou que, mesmo quando uma IA chamada Claude gerou mais de 95% do código de uma biblioteca, a revisão humana ainda foi essencial para corrigir falhas e refinar o código.
A desenvolvedora Aline Goppinger corrobora essa visão, comparando o programador a um carpinteiro que usa várias ferramentas, sendo a IA apenas uma delas. O papel humano de entender as regras de negócio e construir soluções lógicas continua insubstituível.
Um programador mais estratégico e humano
A revolução do Low Code, junto com o avanço da IA, está empurrando todas as profissões para um papel mais estratégico. O foco deixa de ser o "como programar" e passa a ser "o que construir com o código", permitindo que desenvolvedores, e até mesmo pessoas sem experiência em programação, se tornem criadores de soluções.
Como disse Dylan Field, CEO da Figma, a IA tem "diminuído o piso, mas aumentado o teto". Isso se aplica perfeitamente ao Low-Code: ele democratiza o desenvolvimento, permitindo que mais pessoas criem soluções, ao mesmo tempo que exige dos especialistas uma nova postura: mais estratégica, mais criativa, mais humana.
Embora a IA possa gerar o código e as Plataformas Low Code nos seus ambientes de desenvolvimento são usadas com interfaces visuais, como arrastar e soltar, para que você construa aplicações sem escrever código manualmente, a inteligência por trás da solução, a visão de negócio, a capacidade de adaptação e a criatividade para resolver problemas humanos continuam sendo inegavelmente suas.
E você, está pronto para assumir esse novo papel de orquestrador ou ser arquiteto de soluções? Você se enxerga como esse novo "Super Profissional"?
Referências
· Exame – Claude cria 95% de uma biblioteca de códigos: para os humanos, restou a revisão https://exame.com/inteligencia-artificial/claude-cria-95-de-um-biblioteca-de-codigos-para-os-humanos-restou-a-revisao-do-que-foi-gerado/amp/
· CPS – O que a IA pode fazer para auxiliar os programadores https://ric.cps.sp.gov.br/bitstream/123456789/15852/1/O%20que%20a%20ia%20pode%20fazer%20para%20auxiliar%20os%20programadores.pdf
· DIO – Introdução à Inteligência Artificial com Python e suas bibliotecas https://www.dio.me/articles/introducao-a-inteligencia-artificial-com-python-e-suas-bibliotecas-996fd65e347f
· IBM – Inteligência Artificial no Desenvolvimento de Software https://www.ibm.com/br-pt/think/topics/ai-in-software-development
· DIO – Inteligência Artificial na visão de uma iniciante https://www.dio.me/articles/inteligencia-artificial-na-visao-de-uma-iniciante-a21b4af26774
· Verx – Ainda faz sentido aprender programação em um mundo onde a IA escreve códigos? https://www.verx.com.br/ainda-faz-sentido-aprender-programacao-em-um-mundo-onde-ia-escreve-codigos/
· YouTube – Andrej Karpathy: Vibe Coding com IA https://youtu.be/yXSfR_bC2BA
· YouTube – Dylan Field (Figma) sobre IA e criatividade https://youtu.be/JNKtm-IdNWE