Minha experiência no PRONATEC durante 2 meses (maio e junho)
Entrei no PRONATEC em 2025, por meio de um edital do Governo do Estado do Ceará. O PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) é uma iniciativa do Governo Federal que visa ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica (EPT) para a população. Seu objetivo é democratizar o acesso à formação técnica e profissional, alcançando especialmente regiões mais afastadas.
No meu caso, como graduando na área de tecnologia, o programa me deu a oportunidade de entrar no mercado de trabalho por meio de uma bolsa remunerada de R$ 25,00 por hora/aula — o que resulta em uma média de R$ 2.000,00 por mês.
Apesar disso, o desafio é grande. A realidade das escolas públicas e de tempo integral é dura: problemas de infraestrutura, dificuldade de acesso à internet e até a desmotivação de alguns alunos podem dificultar o andamento das aulas. Mesmo assim, minha experiência tem sido valiosa, principalmente por estar começando minha jornada na área de programação. Aqui estão algumas lições importantes que aprendi nesse período:
1) Mostre serviço, sempre: Uma das principais lições que aprendi ao trabalhar com órgãos públicos é: documente tudo. Sempre registro minhas aulas com fotos dos quadros, materiais, exercícios e anotações. Isso ajuda os alunos a revisitarem o conteúdo e mostra meu desempenho para a escola e os responsáveis pela bolsa. Nos grupos de WhatsApp com a equipe da escola, também há representantes da SEDUC. Mesmo que a gestão da escola tenha falhas, sua postura e comprometimento contam pontos importantes para futuras oportunidades em editais.
2) Apoie os alunos na jornada: Mais do que ensinar, o papel do professor é incentivar e orientar. Ensinar lógica de programação e conceitos básicos é essencial, pois muitos alunos chegam sem base. A maioria recebe bolsas menores e, por isso, enfrenta dificuldades para se manter nos estudos — alguns inclusive precisam buscar trabalho. É importante não criar falsas promessas, mas sim mostrar a realidade da área: é difícil, sim, mas vale a pena quando os resultados começam a aparecer. Eu costumo compartilhar minha própria trajetória para motivá-los, falando com sinceridade sobre os desafios e conquistas.
3) Professor também precisa estudar: Mesmo sendo professor bolsista, é fundamental estudar constantemente. Evite depender demais da inteligência artificial — já vi colegas sendo criticados por não dominarem os conceitos e usarem IA de forma exagerada. A IA pode ser uma aliada, sim, desde que usada com responsabilidade. Eu, por exemplo, uso o Google LM para montar meus planos de aula, pois ele se integra bem com as apostilas e materiais adicionais. Isso me dá mais controle sobre o conteúdo e fortalece minha autoridade diante dos alunos.
4) A bolsa é uma porta de entrada, não uma garantia: Se você mora sozinho ou tem muitas despesas, saiba que a bolsa do PRONATEC não garante estabilidade financeira. Ela é uma oportunidade, mas é preciso estar atento a outras formas de renda, como freelas, bicos e até concursos. Atualmente, além da bolsa, estou tentando conquistar outra vaga que pode me render até R$ 4.000,00 mensais — mas sei que não há garantias. Por isso, sigo estudando, economizando e buscando crescer na área com responsabilidade.
Minha jornada pelo PRONATEC, mesmo em pouco tempo, já me ensinou muito sobre educação pública, desafios da docência e, principalmente, sobre meu próprio desenvolvimento como profissional iniciante em programação. A experiência é exigente, mas oferece aprendizados que dinheiro nenhum paga.