Mulheres no desenvolvimento de jogos e programação
Quando se fala em entretenimento, o quesito jogos digitais está entre um dos mais
citados. Na edição de 2023 da Pesquisa Game Brasil apontam que 70,1% dos
entrevistados possuem o hábito de consumir jogos eletrônicos, sendo que pelo
sétimo ano consecutivo as mulheres são maioria entre os jogadores no país.
Porém, mesmo sendo a maioria entre os gamers, a quantidade de mulheres como
força de trabalho na indústria de jogos, é consideravelmente pequena.
Segundo um levantamento realizado em 2022 pela Abragames (Associação
Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais) apenas 29,8% dos cargos na
indústria de jogos eram ocupados por profissionais mulheres. Apesar de ao longo
dos anos ter ocorrido uma evolução nesse cenário, ainda é notório a baixa
representatividade de mulheres na área de desenvolvimento e programação de
jogos.
Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2019
apenas 13,3% das matrículas em graduação na área de Computação e Tecnologia
de Informação eram preenchidas por mulheres, e além da baixa adesão, cerca de
79% das mulheres que ingressam nos cursos das áreas de TI acabam abandonando
por desconhecimento de referências femininas na área, obrigações familiares e
dificuldades financeiras.
O motivo para o distanciamento das mulheres no cenário da Tecnologia está
relacionado com o estereótipo e vem sendo objeto de estudo há muito tempo, pois
em meados dos anos 80, quando foram lançados os primeiros computadores
pessoais, os materiais de divulgação eram voltados ao público masculino, além da
falta de incentivo para que as meninas interagissem com tais máquinas, o que é
também contraditório, pois Carol Shaw foi a primeira mulher a trabalhar na indústria
de jogos, a Atari.
A opinião da vice-presidente da CA Technologies, o problema está na base da
construção sociocultural humana, pois nas escolas não há orientações para mostrar
que TODOS os alunos são capazes de seguir uma carreira em STEM (sigla em
inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
Segundo Karoleski (2018) há também uma insegurança por parte das mulheres, ao
se imaginarem em uma sala de aula rodeada muitas vezes apenas por homens, e temem não serem ouvidas e/ou menosprezadas.
Entretanto, com essa percepção da desproporcionalidade de gênero na área, tem
nascido uma movimentação para atrair mais mulheres, com cursos, palestras e
bootcamps exclusivos.
Algumas empresas com vista na diversidade, estão adotando iniciativas
que ajudam a promover a inclusão da mulher, como a criação de comitês e
gerências para que essa questão seja prioridade e não apenas um assunto
momentâneo. Começam a investir nas mulheres, criando grupos para ampliar as
oportunidades de carreira, treinamentos, priorização de contratação de mulheres,
avaliação de variações na remuneração de mulheres e homens na mesma função e
criação de metas para reduzir a desproporção de gênero nos níveis gerencial e
executivo.
Apesar de todos os obstáculos, não faltam exemplos inspiradores que desafiam os
preconceitos e provam que as mulheres são altamente capazes e devem estar
inseridas em toda e qualquer área que lhes desperte o interesse. Ainda há muito o
que conquistar, mais já é possível vislumbrar uma melhora no horizonte, que
esperamos que seja em breve.