O Dilema Entre Trabalho, Faculdade e Vida Pessoal: Onde o Estudo se Encaixa
Cansado. Essa é a primeira palavra que me vem à mente quando penso na minha rotina. Você se sente assim também? Aquele cansaço que não é só físico, mas mental, que drena sua produtividade e sua criatividade. Se você está no mundo da tecnologia, talvez saiba exatamente do que estou falando.
Nove horas de serviço, três horas de faculdade, duas horas de trabalho no TCC… que tempo me sobra para estudar? Por muito tempo, me senti na obrigação de dar conta de tudo, de aceitar cada solicitação e de atender a todas as expectativas. E, quando não conseguia, a culpa batia forte, me fazendo sentir a pior pessoa do mundo. Sou alguém que leva as obrigações muito a sério, e essa cobrança interna, somada à externa, se tornou um fardo pesado.
Este artigo não é um guia de produtividade perfeito, mas sim um desabafo. Um espaço para compartilhar a minha jornada — e talvez a sua também — nesse malabarismo diário entre trabalho em tempo integral, faculdade (7º período e TCC!), um relacionamento e o sonho de finalmente me tornar desenvolvedor. Se você se identifica, saiba: você não está sozinho nessa.
O Caos da Rotina: Onde o Tempo Some e a Energia Escapa
Minha jornada começa cedo. Acordo às 7h da manhã para estar no trabalho às 8h30, e sigo até as 17h30, de segunda a sábado. Mal chego ao escritório e já sinto minha energia sendo sugada. Trabalho como técnico de informática em uma financeira da minha cidade, onde entrei como estagiário e fui efetivado.
Meu dia é uma maratona: chamados, resolução de problemas complexos, desenvolvimento de pequenas soluções internas e até tarefas que fogem do escopo — sou responsável pela infraestrutura de TI da matriz e de mais de 20 filiais. Passo de 8 a 9 horas ininterruptas em frente ao computador, com somente uma hora de almoço que, sinceramente, parece voar.
Quando saio do serviço, às 17h30, a exaustão já é palpável. Chego em casa e a corrida continua. Tomo um banho rápido, às vezes consigo jantar; em outros dias, vou direto para a faculdade, onde chego às 19h. Lá, passo mais 3 a 4 horas em frente ao computador, imerso nas aulas e nos trabalhos.
A jornada acadêmica vai até as 22h30. Chego em casa de novo e, idealmente, o ciclo de sono e preparação para o próximo dia começaria… mas raramente é assim. Muitos dias, ainda preciso me sentar no notebook por mais uma hora ou mais para terminar tarefas urgentes da faculdade ou avançar no TCC. O resultado? Durmo na madrugada, e o ciclo recomeça, cada vez mais cansado.
A privação de sono e o estresse constante afetam drasticamente minha produtividade. Minha criatividade e raciocínio lógico, antes pontos fortes, hoje parecem nebulosos. Começo tarefas com dificuldade e, muitas vezes, não consigo terminá-las, o que alimenta ainda mais a frustração e o sentimento de culpa.
Na faculdade, é a mesma coisa: os olhos pesam, e manter a concentração é um desafio constante. Consigo entregar minhas lições e manter boas notas, mas sei que meu potencial seria muito maior se não estivesse sempre operando no limite.
Houve diversos dias em que pensei em simplesmente desistir, jogar tudo para o alto, por não conseguir dar conta de tudo isso.
O Sonho Dev em Meio à Batalha e à Pressão Silenciosa
Em meio a esse turbilhão, reside meu grande sonho: me tornar desenvolvedor. A vontade de me aprofundar em programação, aprender novas linguagens, criar projetos pessoais que tanto gosto… é enorme.
Mas como fazer isso quando a semana inteira — e até os sábados! — é consumida por obrigações inadiáveis?
A última coisa que penso ao chegar em casa, depois de um dia exaustivo, é sentar no notebook para codificar ou escrever um artigo para a comunidade, como estou fazendo agora. Essas são atividades que me trazem prazer, mas a vontade simplesmente não aparece; meu cérebro está tão cansado que só quer descansar.
Além da pressão acadêmica e profissional, há a necessidade de dar atenção à minha namorada, e buscar esse equilíbrio sem sacrificar o relacionamento é mais um malabarismo nessa rotina já tão apertada.
Sinto a pressão constante de ter que resolver tudo sozinho, de demonstrar força o tempo todo. Raramente deixo as pessoas próximas saberem que estou para baixo ou cansado. Sempre dou meu máximo em tudo, e essa busca incessante pela perfeição, somada à dificuldade de expor minhas vulnerabilidades, só piora a situação e me consome ainda mais.
Cheguei a um ponto em que, de tanto me esforçar, quando finalmente paro para descansar, me sinto culpado por não estar produzindo ou estudando. Minha mente vive em um ciclo: “tenho que fazer”, “não tenho tempo”, “estou cansado”, “não estou entregando o suficiente”… e a culpa retorna.
Tentativas, Pequenas Vitórias e a Descoberta do '1% Melhor'
Por muito tempo, me considerei super produtivo e proativo. Mas hoje, mal consigo pensar em algo novo, mal tenho tempo para mim mesmo. Já tentei de tudo para organizar essa rotina: Pomodoro, regra dos 2 minutos, diversos apps como Notion, Obsidian, TickTick, Trello e sistemas como GTD. Começo sempre com as melhores intenções, mas, após poucos dias, paro. O cansaço vence a disciplina.
Muitas vezes, ao chegar da faculdade, preciso continuar no computador para terminar alguma tarefa ou dar uma “atenção de 30 minutos” ao TCC — que invariavelmente acaba me fazendo dormir ainda mais tarde.
Conciliar os estudos de inglês para vagas internacionais é outro desafio. Por um tempo, tive aulas particulares, mas precisei cancelar por questões financeiras. Sei que preciso incorporar o inglês à minha rotina, mas simplesmente não consigo parar para organizar isso. A ideia de “encaixar mais uma coisa” parece impossível.
No entanto, percebi que pequenas vitórias podem ser o escape desse ciclo. Estou lendo "Hábitos Atômicos", que reforça: se formos 1% melhores a cada dia, o impacto acumulado será gigantesco. Cada pequena vitória vira um bom hábito, e aos poucos neutraliza os ruins.
Essa é a mentalidade que tento aplicar. Em vez de me culpar por não conseguir estudar por horas, busco me contentar com 15 minutos focados, ou a leitura de um artigo técnico enquanto almoço. Pequenos passos, que parecem insignificantes no dia a dia, mas que se somam com o tempo.
Aceitar que não sou perfeito, que tenho meus limites e fico cansado como qualquer um, foi um primeiro passo importante para aliviar a pressão.
Tenho dificuldade de expor meus sentimentos à família e às pessoas próximas, mas sei que, se me abrisse, elas me ajudariam. Essa é uma reflexão constante: a necessidade de mudar minha mentalidade, quebrar a barreira do “preciso ser forte” e me permitir pedir ajuda ou simplesmente desabafar.
Saber que há muita gente passando por isso — ou até por situações mais difíceis, como colegas que se deslocam 2 ou 3 horas antes das aulas ou que têm mais de um emprego — me faz perceber que é uma luta coletiva. E que não é minha culpa me sentir assim.
Essa busca por validação e compreensão foi o que me motivou a escrever este artigo, na esperança de que outros se sintam menos sozinhos.
O Que a Adversidade Me Ensinou: Muito Além das Habilidades Técnicas
Hoje percebo que, mais do que habilidades técnicas ou certificados, essa rotina intensa me transformou profundamente como pessoa.
Não foi apenas sobre aprender novas linguagens, configurar servidores ou resolver problemas de TI sob pressão — embora tudo isso tenha feito parte. O que realmente ficou, e talvez seja o mais valioso, foi o desenvolvimento de uma força emocional que eu sequer sabia que tinha.
Vivo — e ainda vivo — dias em que o cansaço me paralisa, em que a vontade de desistir fala mais alto. Mas, nesses momentos, aprendi algo essencial: nem sempre precisamos ser produtivos ou perfeitos. Às vezes, só precisamos ser humanos.
Essa jornada me ensinou que o descanso não é um luxo, mas uma necessidade vital. Antes, eu via o descanso com culpa, como se fosse um obstáculo à produtividade. Hoje, entendo que é justamente ele que me permite continuar, que me devolve a criatividade e a clareza mental necessárias para enfrentar cada dia.
Aprendi também que não posso — e nem devo — carregar tudo sozinho. Por muito tempo, me calei, achando que demonstrar cansaço ou pedir ajuda era sinal de fraqueza. Mas percebi que ser vulnerável é, na verdade, um ato de coragem.
Admitir limites, compartilhar medos… tudo isso me aproximou mais das pessoas e me fez perceber o valor inestimável das relações humanas.
Nenhuma conquista faz sentido se não puder ser compartilhada. Por mais que meu sonho de me tornar desenvolvedor continue sendo uma motivação poderosa, aprendi que o caminho é tão importante quanto o destino. E que cuidar da minha saúde mental, manter meus relacionamentos e preservar minha essência são partes indispensáveis dessa trajetória.
A adversidade me ensinou a ser resiliente, sim. Mas, mais do que isso, me ensinou a ser gentil comigo mesmo.
Se antes eu via produtividade como fazer sempre mais, hoje tento ver evolução como ser sempre um pouco melhor: 1% a cada dia. Um pequeno hábito novo, um momento de pausa, um pedido de ajuda que antes eu não teria feito.
No fim, não se trata apenas de habilidades técnicas, mas de quem estou me tornando: alguém que, apesar das dificuldades, continua em frente, agora com mais consciência, equilíbrio e humanidade.
Esse, talvez, seja o maior aprendizado que essa rotina me proporcionou.
Conclusão: Uma Mensagem de Apoio e Esperança
Se você chegou até aqui e se identificou com essa rotina, saiba: você não está sozinho.
Milhões de brasileiros e profissionais de TI enfrentam esse sentimento de impotência, de não conseguir fazer tudo o que querem, mesmo tendo vontade. É um dilema real, e as dificuldades que enfrentamos são válidas e compreensíveis.
Mas eu realmente acredito: isso tudo é apenas uma fase. Seremos recompensados por cada hora dedicada, cada desafio superado.
Que este pequeno artigo/desabafo tenha ajudado alguém a se sentir compreendido, validado e menos sozinho em sua própria batalha.
Meu desejo é que, cada vez mais, eu e você possamos melhorar como pessoas, migrar para a carreira de desenvolvedor e buscar todos os nossos sonhos. A exaustão é real, mas o potencial de superação também é.
Não desista. Continue. A recompensa virá.
E lembre-se: ser gentil consigo mesmo é o primeiro passo para encontrar o equilíbrio e, por consequência, o caminho para o seu próximo passo na jornada.
Vamos nessa juntos?
Gostaria de saber sua opinião: você se identificou com essa jornada? Quais estratégias tem usado para lidar com a sobrecarga?
Deixe seu comentário e vamos trocar experiências! Sua história pode inspirar muitos outros.
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