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Vinícius Amorim05/09/2025 13:51
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O Futuro e o Agora: Como o Low-Code Está Moldando o Desenvolvimento de Software

  • #Low-code

Introdução

Até alguns anos atrás, o desenvolvimento de software era uma atividade que necessitava de especialistas no assunto e de tempo para ser executada de maneira robusta, escalável e com qualidade. Porém, com o passar do tempo e com os avanços da IA e novas ferramentas que abstraem o processo de codificação manual de aplicações (ferramentas Low-Code), o desenvolvimento de software atualmente está em uma fase de maior simplicidade e acessibilidade.

Essa nova acessibilidade permite que profissionais de negócio, analistas e empreendedores - os chamados citizen developers - possam criar e lançar um aplicativo funcional sem grande esforço e em um tempo muito mais curto usando ferramentas de Low-code em comparação com o processo de contratar uma equipe com profissionais especializados e caros para desenvolver uma aplicação.

Este artigo explora como o desenvolvimento de aplicações está sendo moldado com o surgimento de ferramentas que abstraem o processo manual de codificação e argumenta o porque o Low-code não é uma tendência passageira, mas sim uma evolução natural do desenvolvimento de software.

O Processo Natural de Abstrações

Para entender o Low-Code e seu impacto, primeiro precisamos entender o que é uma abstração. Em sua essência, abstração é o processo de esconder detalhes complexos para simplificar o uso de uma tecnologia. Pense em dirigir um carro por exemplo: você não precisa entender de mecânica de motores para conseguir pisar no acelerador e ir de um ponto A para o B. O volante, os pedais e a marcha são abstrações que simplificam uma operação extremamente complexa que ocorre debaixo dos panos.

E o desenvolvimento de software, desde o seu surgimento, sempre busca novas formas de abstrair alguma operação complexa:

  • Código de Máquina: No início, programadores escreviam em binário (0s e 1s), uma linguagem que o hardware entendia diretamente. Era um processo tedioso, demorado e muito propenso a erros, porque é muito complicado para um ser humano ler e entender essa linguagem das máquinas.
  • Assembly: Depois, surgiu o Assembly, a primeira grande abstração, usando mnemônicos (como ADD, MOV) para representar instruções de máquina, tornando o código minimamente legível por humanos e mais fácil de trabalhar.
  • Linguagens de Alto Nível (C, Java, Python): Depois do Assmbly, veio a próxima camada de abstração, permitindo que desenvolvedores escrevessem lógica de forma mais próxima à linguagem humana, sem a necessidade (em muitos casos) de se preocupar com gerenciamento de memória ou arquitetura específica de processador (apesar de que esse entendimento de mais baixo nível é sempre interessante para qualquer dev).
  • Frameworks e Bibliotecas (React, Django, Spring): Em vez de construir tudo do zero, desenvolvedores passaram a usar blocos de código pré-construídos para realizar tarefas comuns (como interfaces de usuário, acesso a bancos de dados,), acelerando o desenvolvimento.
  • Low-code: Abstração não apenas de funções, mas componentes inteiros de uma aplicação, permitindo que a lógica de negócio seja construída visualmente e com menos esforço.

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Até aqui acredito que deu para entender a importância de abstrações, mas vai um resuminho:

  • Simplifica a Complexidade: A abstração permite focar nos aspectos mais importantes de uma ideia ou problema, ignorando detalhes complexos que às vezes não são necessários, o que torna mais fácil de entender um problema e criar novas soluções.
  • Facilita a Resolução de Problemas: Ajuda a decompor problemas complexos em partes menores e mais gerenciáveis, permitindo o desenvolvimento de cada parte da solução de maneira mais eficaz.
  • Base do Conhecimento e da Comunicação: Ajuda na criação de conceitos e categorias (como "justiça" na filosofia), permitindo o pensamento de alto nível e a comunicação eficiente entre os participantes de um projeto por exemplo.
  • Impulsiona a Inovação: Permite a criação de modelos e a generalização de soluções por pessoas com menos especializações, ou seja, há uma acessibilidade maior para pessoas menos especializadas, pessoas essas que podem pensar e aplicar novas ideias no mundo de maneira mais eficiente e que não seria possível antes sem abstrações.

Desmistificando o Low-code

Antes de avançarmos mais ainda, vamos entender o que é o Low-Code. Low-Code é uma ferramenta, um ambiente de desenvolvimento visual que permite aos usuários criar aplicações completas através de interfaces gráficas, como modelagem de processos com arrastar e soltar (drag-and-drop), componentes pré-construídos e automação de tarefas.

Em vez de escrever milhares de linhas de código para criar uma tela de login, conectar a um banco de dados ou definir uma lógica de negócio por exemplo, o desenvolvedor utiliza blocos visuais que representam essas funcionalidades. O código ainda existe, mas a plataforma o gera e gerencia por debaixo dos panos (abstração em ação), permitindo que o foco seja direcionado para a solução do problema de negócio, e não para a codificação em sí.

Isso não significa "nenhum código" (No-Code), que é mais limitado e focado em usuários estritamente de negócio. O Low-Code mantém a porta aberta para que desenvolvedores profissionais possam estender a plataforma com código tradicional quando funcionalidades altamente customizadas ou integrações complexas são necessárias.

A Ascensão do Low-Code no Cenário Atual do Desenvolvimento de Software

O Low-Code não é só mais uma tendência passageira, mas um mercado que está ganhando cada vez mais força e se consolidando. Segundo o Fortune Business Insights, o mercado global de plataformas de desenvolvimento low-code teve um valor de US$ 28,75 bilhões em 2024, e deve crescer para US$ 37,39 bilhões em 2025, e alcançar US$ 264,40 bilhões até 2032, com CAGR (Compound Annual Growth Rate) de 32,2 % no período 2025–2032.

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Essa projeção de crescimento de mercado do Low-code da Fortune Business Insights não é a única, também há outras projeçõs como a da Future Market Insights e a da Globe Newswire, e que possuem a mesma conclusão sobre o crescimento do Low-code e com valores de mercados muito próximos (Os links estão nas referências caso queira dar uma olhada).

Mas porque o Low-code está cada dia mais presente e sendo utilizada, e ainda com esse crescimento exponencial de mercado? Justamente porque há uma necessidade urgente de agilidade digital por parte de empresas e empreendedores, e o Low-code é uma abstração que permite justamente que profissionais de negócio, analistas e empreendedores possam testar suas ideias e inovar criando e lançando aplicações funcionais com esforço e tempo reduzido comparado ao desenvolvimento de soluções sem a utilização essas ferramentas de maior abstração.

E Como os Devs Ficam?

Tá, mas e como os desenvolvedores ficam? vão ser substituídos?

É claro que não (pelo menos não por agora). Em vez de substituir os programadores, o Low-Code vai ser mais uma ferramenta na pilha de tech do dev. O trabalho do desenvolvedor se torna mais estratégico, focando em áreas e situações onde o código tradicional ainda é insubstituível, como quando sua aplicação precisa ter uma performance extrema e uma segurança muito robusta.

Então, o Low-code é uma ótima ferramenta para criar protótipos e MVPs de aplicações, mas quando você precisa escalar seu software, ou quando seu sistema é responsável por operações críticas como um sistema de um avisão, um desenvolvedor ou uma equipe de desenvolvedores ainda é essencial para lidar com questões de performance, segurança e de mais baixo nível que ferramentas de Low-code ainda não são capazes de lidar.

E aqui também entramos nos desafios e limitações do Low-code.

Desafios e Limitações do Low-Code

Apesar de suas vantagens, é crucial adotar uma visão equilibrada e sempre estar pensando que no mundo da tecnologia tudo é um tradeoff e, como toda ferramenta e novas tecnologias e abstrações, sempre há os seus pontos negativos:

  • Vendor Lock-in: A dependência de um único fornecedor pode dificultar a migração para outras tecnologias e limitar o poder de negociação. A aplicação fica atrelada ao ecossistema e ao modelo de preços da plataforma.
  • Limites de Customização: Para funcionalidades extremamente específicas ou inovadoras, pode-se atingir um "teto de vidro", onde a plataforma não oferece a flexibilidade necessária e a escrita de código customizado se torna complexa.
  • Custos de Licenciamento: Embora reduza o custo de desenvolvimento e mão de obra, o licenciamento de plataformas robustas pode ser caro, especialmente em grande escala.
  • Shadow IT: A facilidade de criação pode levar à proliferação de aplicações não sancionadas pela TI, criando riscos de segurança e governança se não for bem gerenciada.

Conclusão

Bem, o que podemos concluir sobre o Low-code então? Podemos concluir que o Low-code é uma ferramenta que abstrai o processo de desenvolvimento de software, o tornando mais acessível, simples, fácil e produtivo. Além de que não veio para acabar com o emprego dos desenvolvedores e criar ondas de desemprego, é mais uma forma de potencializar e direcionar os esforços de um dev.

É sempre interessante estar por dentro de novas tecnologias e ferramentas e o que elas trazem de bom e de ruim para a sociedade em si. Portanto, o futuro do desenvolvimento de software é uma mistura da simplicidade do Low-Code com o poder do código tradicional. Ao começar a utilizar o Low-code, a gente não só melhora o jeito de trabalhar, mas muda completamente o jogo sobre quem pode criar tecnologia e inovação.

E você, qual é a sua perspectiva sobre o Low-code?

Referências

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