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Daniel Junior19/11/2025 02:22
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O que aprendi pedindo um salário abaixo do mercado em uma vaga de TI

    O que aprendi pedindo um salário abaixo do mercado em uma vaga de TI

    Transparência salarial ainda é um dos maiores problemas do mercado de trabalho, especialmente em tecnologia.

    Em 2025, é surreal pensar que conseguimos treinar modelos de IA, automatizar sistemas inteiros e mandar foguetes ao espaço, mas ainda não conseguimos fazer algo simples: informar claramente quanto uma vaga paga.

    Vagas sem salário divulgado já viraram rotina. Usam termos vagos como “salário a combinar” ou “compatível com a função”, mas sabemos exatamente o que isso significa:

    A empresa quer ver quem aceita receber menos.

    E no meio dessa falta de clareza, nasceu a minha pequena rebelião.

    A dor invisível do processo seletivo

    Processo seletivo não é só teste técnico. É pressão psicológica, ansiedade, medo de ser rejeitado, comparação com outros candidatos… e tudo isso em troca de quê?

    De uma vaga que, muitas vezes, nem informa o salário.

    A verdade é que esse desgaste emocional faz parte do jogo, mas não deveria. E é justamente por isso que precisamos aprender a jogar de volta.

    O “teste do salário”: minha forma de hackear o sistema

    Alguns anos atrás, decidi aplicar uma estratégia própria:

    Pedir um salário abaixo da média propositalmente para observar a reação da empresa.

    E antes que alguém provoque:

    “Mas isso não incentiva o sistema tóxico?”

    Depende.

    O objetivo não é receber menos, é diagnosticar a cultura da empresa sem que ela perceba.

    Se a companhia aceita imediatamente um valor claramente abaixo do justo, isso já diz tudo:

    Estou lidando com uma empresa que só quer pagar o mínimo possível e vai sugar até a última gota do colaborador.

    Fuja.

    A experiência real que mudou meu ponto de vista

    Em uma das empresas onde trabalhei, a vaga não informava salário. Fiz o básico: pesquisei o valor médio para o cargo de Analista de Suporte e Desenvolvimento.

    O mercado girava em torno de R$ 3.000.

    Então resolvi testar: pedi R$ 2.100.

    A entrevistadora olhou para mim e disse:

    “Seu pedido está bem abaixo do range da vaga.”

    E aí revelou: o salário variava entre R$ 3.000 e R$ 4.500.

    No final, recebi R$ 3.500, acima do valor médio.

    Meses depois, fui para R$ 3.800, chegando perto de R$ 4.200 com benefícios.

    E o mais importante: eles não aceitaram o valor baixo. Isso me mostrou integridade e respeito. Me revelou que, ali, eu tinha futuro.

    Por que isso funciona?

    Simples: empresas que fazem “leilão de salário” normalmente seguem o mesmo padrão comportamental:

    • Não valorizam crescimento interno
    • Não investem em capacitação
    • Não oferecem estabilidade
    • Tratam pessoas como números
    • Te descartam sem pensar duas vezes quando aparece alguém “mais barato”

    Se elas te contratam pelo menor valor possível, você já entrou perdendo. E dificilmente vai ganhar algo depois.

    Quando você oferece um valor baixo e a empresa recusa, isso é um sinal raro. É quase como encontrar um ponto de luz num mercado cheio de sombras.

    “Mas isso não reforça o sistema?”

    Em parte, sim.

    Mas até que exista uma regulamentação séria sobre vagas e processos seletivos, o que nos resta é sobrevivência inteligente.

    Nem sempre temos o luxo de recusar uma oportunidade. Tem aluguel, boletos, saúde, responsabilidades. Isso é vida real, não teoria de LinkedIn.

    E é justamente por isso que digo: use o sistema sem ser usado por ele.

    Se a empresa aceitar o salário baixo… você já sabe:

    • É tóxica
    • Não vai te valorizar
    • Não vai te promover
    • Está esperando só o próximo candidato desesperado para pagar menos ainda

    Se precisar aceitar a vaga, aceite. Mas não fique mais de 1 ano.

    Use esse tempo para:

    • Estudar no horário de almoço (20 a 30 minutos já fazem diferença)
    • Desenvolver portfólio
    • Buscar outra oportunidade
    • Aprender além do que a empresa te ensina

    Emprego ruim é trampolim, não destino.

    A força da consciência coletiva

    Nós somos muitos. Eles são poucos.

    O mercado só é tóxico porque existe uma grande massa de profissionais desesperados, aceitando qualquer coisa. E não os culpo, necessidade é necessidade.

    Mas quando começamos a entender o jogo, algo muda.

    Quando aprendemos a identificar empresas tóxicas antes de entrar, mudamos o fluxo. Quando priorizamos nós mesmos, enfraquecemos o sistema.

    Isso não é revolução agressiva. É só consciência coletiva.

    Uma rebelião silenciosa, porém poderosa.

    E você?

    Já passou por situações assim? Já viu empresas usando leilão de salários?

    Se quiser compartilhar sua experiência, de forma totalmente anônima, estou criando um mapeamento sobre isso.

    Pode me mandar sua história. Eu serei sua voz.

    Aqui é Daniel Rosa.

    Até a próxima!

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    Comentários (1)
    José Mendoza
    José Mendoza - 19/11/2025 02:25

    Olha… pedir um salário abaixo do mercado só para testar a empresa deveria virar esporte olímpico. Porque, no fim das contas, é o jeito mais rápido de descobrir se você está falando com uma empresa decente ou com um vampiro corporativo disfarçado de RH.

    A real é simples: se você joga o valor lá embaixo e a empresa aceita na hora, não é porque você é “muito econômico”, é porque eles estavam torcendo exatamente por isso. É quase um raio-X instantâneo da cultura da empresa.

    E quando uma empresa te corrige e diz “calma, você está pedindo pouco demais”… aí sim, meu amigo, você encontrou ouro. Dá até vontade de enquadrar a entrevista.

    No fim das contas, salário oculto, “a combinar” e leilão de vaga dizem muito mais sobre a empresa do que sobre o candidato. E enquanto o mercado não aprende a ser transparente, a gente aprende a jogar o jogo com inteligência estratégica ou, como eu gosto de chamar, sobrevivência premium.

    A verdade é: empresa que quer pagar o mínimo possível também entrega o mínimo possível. E empresa que valoriza você desde o começo normalmente segue valorizando depois.

    Então é isso. Se te ofereceram migalhas, use como trampolim. Se te corrigiram para cima, aproveita e constrói carreira. E se você já viveu um “salário abaixo do mercado experience”, compartilha aí porque quanto mais falamos sobre isso, menos espaço deixamos para as velhas práticas do mercado.