Rei Sejong, O Grande, era UX Designer e Eu Posso Provar! O alfabeto coreano: um case de sucesso
- #Design Thinking
Há uns 10 anos atrás, e eu aqui estou sendo generosa com o tempo, pouco se ouvia falar da cultura sul-coreano e quem dirá aprender o idioma, mas com a popularização dos K-dramas, K-Pop, K-beauty e os outros K’s que podem surgir cresceu também o interesse linguístico. Pessoas de diferentes idades e nacionalidades embarcaram no mundo do Hangul, e aqui eu me incluo, com a primeira missão de aprender um novo alfabeto.
À primeira vista parece uma missão impossível,um festival de palitinhos como descreveu minha prima ao ver meu caderno de estudos, uma estrutura totalmente diferente do alfabeto romano, mas depois das primeiras instruções o que parecia incompreensível tornar-se algo possível de aprender.
Pois bem, mas o que isso tem a ver com UX Design? Calma jovem Padawan a resposta virá em mais algumas linhas.
Voltando alguns séculos na história, lá por volta de 1443 na Dinastia Joseon o reino da Coreia era governado pelo rei Sejong, O Grande, que tinha um problema com o analfabetismo do seu povo e isso se devia principalmente ao idioma usada na escrita, no caso o Chinês Clássico. A escrita e a fala eram mundos completamente opostos para o povo coreano e só a elite dominava a escrita.
Pensando em mudar esse quadro o rei Sejong, O Grande, decidiu criar um sistema linguístico que representasse o que o seu povo falava. Aqui já temos o primeiro indício que o rei entendia que para atingir o objetivo de alfabetizar o povo ele deveria procurar maneiras de representar o modelo mental já existente.
Sejong, O Grande e seus estudiosos passaram a trabalhar na construção desse novo alfabeto e anos mais tarde,em 1446, foi publicado o primeiro alfabeto coreano com o título de Hunminjeongeum (훈민정음), traduzido como “ Sons corretos e apropriados para educar/instruir o povo”.
O resultado desse alfabeto foi tão positivo em relacionar a fala e a escrita que, com pitadas de hipérbole,o rei dizia que era possível aprender o novo sistema em uma manhã e o chamava de “A escrita da manhã”.
A primeira versão do alfabeto tinha 28 letras (17 consoantes e 11 vogais) depois da padronização passou a ter 40 letras (19 consoantes e 21 vogais).
O sistema é reconhecido pelo seu alto padrão científico nos quais suas principais consoantes foram descritas considerando a forma como os órgãos vocais se organizavam quando determinado som era emitido.
Na formação das palavras as letras são organizadas em bloco, cada bloco é formado por uma consoante inicial, uma vogal no centro e uma consoante final (bem básica essa explicação), essa estrutura possibilita, inclusive, a aproximação dos sons de palavras estrangeiras.
Se você chegou até aqui e ainda não se convenceu que o rei Sejong era um UX designer nato, então prepare o caderno que é hora da revisão:
1- Dor do rei: Queria que o seu reino fosse instruído (capacidade de leitura e escrita);
2- Desafio do rei: Alfabetizar a população de forma rápida e eficiênte;
3- Obstáculo: O sistema disponível na época (Chinês Clássico) era de difícil compreensão; pois a língua falada e a escrita não eram correspondentes;
4- Solução: Criar um sistema linguístico que correspondesse ao que a nação falava;
5- Design System: A publicação do Hunminjeongeum (훈민정음) com as diretrizes de como o alfabeto deveria ser usado;
6- Teste: O novo alfabeto foi usado para alfabetizar os camponeses e comparado com tempo de aprendizagem do Chinês Clássico;
7- Resultado: Deu tão certo que 40 anos depois o O Rei Yeonsangun proibiu o uso do Hangul porque o povo estava escrevendo artigos falando mal dele.
O ocidente ficou tão maravilhado com esse case de sucesso que a UNESCO tem um prêmio chamado King Sejong que reconhece as iniciativas de ONG’s ao redor do mundo em combater o analfabetismo em suas línguas maternas.
Vocês podem até estarem se perguntando “e você aprendeu esse alfabeto todo?” Sim, não em uma manhã, mas em três delas.
Se vocês ficaram curiosos para saber mais sobre o Hangul nos links abaixo, digo referenciais, vocês encontram mais sobre o fantástico mundo do Hangul.
https://culturalizando.blog/2020/12/12/conheca-a-historia-do-alfabeto-coreano-o-hangul/
https://brazil.korean-culture.org/pt/1/board/182/read/3247
https://www.alltasks.com.br/acoes/volta-ao-mundo/traducao-tecnica-do-coreano/
https://cultura-coreana.it/2020-03-principi-e-caratteristiche-dellalfabeto-coreano-hangeul/
https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/50874
https://pollylingu.al/ko/pt/alphabet#:~:text=Ele%20consiste%20em%2014%20consoantes,existir%20na%20fonologia%20tradicional%20coreana. (esse aqui é pra você aprender o alfabeto)
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