Reinvenção aos 50+: O Desafio de Ser PCD e Ingressar na Área de Tecnologia
Reinvenção aos 50+: O Desafio de Ser PCD e Ingressar na Área de Tecnologia
Quando falamos de diversidade e inclusão em tecnologia, normalmente pensamos em gênero ou em acesso a oportunidades para pessoas em início de carreira. Mas existe um grupo que quase nunca é lembrado: os profissionais 50+ e PCDs que estão se reinventando.
Eu falo desse tema não por teoria, mas por experiência. Aos 53 anos, estudante de Engenharia de Software e PCD, estou começando do zero em uma nova carreira. Minha motivação? Aprender, crescer e colaborar com a área de tecnologia. Mas o caminho é repleto de barreiras – muitas delas invisíveis.
Preconceito disfarçado no discurso
É comum, em processos seletivos, ouvir expressões como “jovens talentos” ou “vocês que estão começando a vida profissional”. Pode parecer detalhe, mas essas palavras geram exclusão automática para quem não se encaixa nesse padrão.
O resultado é o desconforto: você entra em uma sala onde a maioria poderia ser seu filho ou até seu neto, e de repente se sente um “ET”. Isso antes mesmo de mostrar o que sabe.
Dinâmicas que não consideram a diversidade
Estágios deveriam ser espaços de aprendizado, mas muitas vezes as dinâmicas são desenhadas apenas para jovens universitários sem responsabilidades familiares, sem limitações físicas e com total disponibilidade de tempo.
Quando o processo não leva em conta outras realidades, a desigualdade aparece de forma silenciosa. Não é falta de capacidade — é o modelo que não é inclusivo.
O que poderia mudar?
Para que esses processos sejam de fato diversos, algumas mudanças práticas fariam diferença:
- Linguagem inclusiva: falar em “candidatos” em vez de “jovens talentos”.
- Dinâmicas adaptadas: avaliar raciocínio, dedicação e capacidade de aprendizado, não só extroversão ou agilidade.
- Acessibilidade real: ambientes físicos e digitais preparados para PCDs.
- Mentoria intergeracional: 50+ podem aprender a parte técnica e, em troca, oferecer experiência de vida e visão estratégica.
- Formação de recrutadores: para quebrar vieses inconscientes que associam inovação apenas à juventude.
Reinvenção também é contribuição
Se reinventar aos 50+, ainda mais sendo PCD, não é apenas uma questão pessoal. É um gesto de fé e de contribuição. É acreditar que ainda há muito a aprender e também muito a compartilhar.
Empresas que abraçam essa diversidade não só fazem justiça social, mas também ganham equipes mais criativas, plurais e humanas.
Porque o futuro do trabalho não é só tecnológico. É humano.
✍️ E você, já presenciou ou viveu situações de exclusão em processos seletivos? Que outras ideias poderiam tornar os processos mais inclusivos?
Márcio Gil, Embaixador da Turma 13 do DIO Campus Expert



