Transição de Carreira — Como tem sido a minha experiência até agora
Como tem sido a minha experiência transicionando de carreira até agora, sendo que minha jornada nunca foi linear (e hoje esta é uma das coisas pelas quais sou mais grata).
Era meados de 2016, quando eu percebi que não me encaixava na profissão em que eu havia decidido ingressar na faculdade. Naquela época, conhecia muito pouco sobre o mundo — e o mais grave — sobre mim, ou jamais teria optado por aquela carreira.
Iniciei minha trajetória profissional de maneira precoce, aos 14 anos vendendo acessórios que eu mesma produzia em casa, pois achava o máximo todo aquele movimento do comércio, desde apresentar os produtos até a negociação de fechar uma venda; ao longo do tempo, fui percebendo que a área de empreendedorismo talvez ressoasse de uma maneira muito forte dentro de mim, a ponto de ser um dos fatores decisivos na minha escolha de carreira.
Passados os anos, e após a finalização do colégio, eu ainda não tinha muita ideia de para qual caminho eu rumaria, e me arrependo profundamente de não ter aceitado as orientações de carreira que me foram propostas pelos meus familiares e achar que poderia tomar as rédeas da situação nas minhas mãos, afinal, eu já era uma adulta de 18 anos plenamente consciente do que era certo e errado para mim (esta última frase contém uma dose cavalar de ironia!).
Dentro de todo este turbilhão de emoções e decisões importantes a serem tomadas, sem acreditar em meu próprio potencial (pois nesta época, apesar de eu me achar A adulta, em todos os meus 18 anos de glória, eu ainda sentia e ouvia a vozinha da insegurança em meus ouvidos), eu caí numa espécie de conto do vigário — porém o bem em questão a ser tomado seria o meu tempo, e quase a minha sanidade mental. Decidi cursar a faculdade de Direito, pois, na teoria, eu poderia desistir quando quisesse, e, para além deste fato, ainda ouvi que “o Direito abre um leque de possibilidades e de portas quando de trata de mercado de trabalho”.
Iniciei a faculdade aos 18 anos, e como de já se esperar percebi que ela não seria para mim aos 19 e meio. Foi aí que o meu conto do vigário se revelou: em tese eu poderia desistir, mas a minha teimosia, e diria orgulho também, foram muito mais fortes ao não me permitir que eu deixasse um projeto, seja ele qual fosse, sem ao menos concluir. Ir até o fim, esgotar todas as possibilidades.
Pelo orgulho e teimosia, mesmo sabendo que não seguiria na área continuei a estudar, com uma única condição imposta a mim mesma: neste período de faculdade de Direito, descobriria minha paixão, minha maior áre de interesse e assim que concluísse, migraria de vez para ela. Só que o que eu não imaginava era que, descobrir o que se gosta de fazer, e com o que se quer trabalhar, eram duas coisas que, da mesma maneira que poderiam ser afins, iguais, poderiam ser distintas. E que isso exigia uma BOA dose de autoconhecimento.
Imagino que todos saibamos que o autoconhecimento é uma disciplina para a vida que não se aprende na escola ou na universidade. É o tipo de coisa que se aprende vivendo e tendo um altíssimo grau de consciência e percepção de si mesmo, ou na terapia, sendo que o segundo é ainda mais indicado, pois apesar de parecer que o processo é mais longo, acaba por se revelar um atalho. Mas isso eu descobri depois de um tempo também.
E aí comecei uma jornada muito interessante que, além de ter me rendido excelentes momentos e me proporcionado a oportunidade de conhecer pessoas incríveis, também me rendeu sua cota de frustrações. Optei por tentar conhecer primeiro a área da comunicação. Movida por um forte senso de impulsionamento das mídias sociais, comecei a estudar sobre a criação de conteúdo e o que se intitulava na época como “a profissão do futuro”. Depois de muito estudar e chegar a fazer alguns testes empíricos, percebi que não era para mim.
Logo em seguida veio a Fotografia, a quem sou grata até hoje. Através de uma amiga queridíssima, comecei a aprender a arte da fotografia, e acredito que a partir dali, eu comecei a REALMENTE ter um norte na minha vida acadêmica e profissional. Digo que a fotografia, além de mudar minha visão para o mundo exterior, foi responsável por mudar minha visão de mundo interior e esse foi o ponto de partida real para minha jornada de autoconhecimento. (Luiza, caso você leia este texto algum dia, muitíssimo obrigada).
Enquanto estava na faculdade, comecei a fotografar e isso me abriu outras possibilidades, me levando à gravação e edição de vídeos, produção de programas independentes de televisão, e posteriormente, administração de um negócio próprio na área. Sou grata a todos os que passaram na minha jornada, todo esse percurso trouxe aprendizados valiosíssimos para a minha gama de habilidades e competências, porém, ainda não tinha me “encontrado”.
Segui em minha jornada e comecei a pesquisar e estudar o design. Ali realmente foi um divisor de águas na minha vida. A beleza e a harmonia sempre foram grandes motivadores para mim, além de serem os detentores de uma grande parcela da minha admiração. Sempre acreditei que o mundo funcional pode ser belo, não apenas… funcional. E naquele momento o design fez todo o sentido na minha mente.
Partindo do design fui buscando mais a fundo até me deparar com a progranação, que, a prima facie, não guardam ligação ou correlação um com o outro, porém quando se coloca sob escrutínio, utilizando um microscópio com um zoom óptico de mais de 100x, percebe-se que as linhas do design e da programação se entrelaçam e dançam entre si de maneiras e proporções tão harmônicas que apenas a proporção áurea poderia descrever de forma mais precisa. É um casamento perfeito.
E foi naquele momento que decidi que minhas áreas de atuação seriam o design de alguma forma, e a programação. Aquele foi o momento em que percebi que, eu teria que ir para a área de exatas caso eu quisesse migrar para a área de trabalho que mexia com o meu coração e que me mantinha inquieta em razão dos seus dilemas e questões.
Mas ainda assim, restava dúvidas: para onde vou? serei capaz de migrar para uma área tão diametralmente oposta à que estou cursando no momento. Estas questões estiveram no cerne do meu ser dia e noite me atormentando até que eu pudesse tomar uma decisão.
Sempre fui bastante perfeccionista em tudo que me propus a fazer, e o medo de não conseguir ser perfeita nesta área tão desconhecida para mim, me impediu por um tempo de tomar a decisão de migrar para a área de tecnologia. Até que, na semana de apresentação do meu trabalho de conclusão de curso, completamente exaurida após finalizar os últimos ajustes do artigo, privada de sono, mas resoluta em minha decisão, optei por dar o passo de fé: fiz a matrícula no tão sonhado e desejado curso de Engenharia de Software, mesmo sem saber se daria conta do recado.
E para finalizar, o que posso garantir é: o que nos espera do outro lado dos nossos medos, quando decidimos por encará-los é muito brilhante.