Transição de Carreira: De Teses a Refatoração
Mudar de carreira é difícil.
É desgastante mentalmente. Especialmente quando você vem de uma área cheia de rituais, status e certezas, e resolve entrar em um universo completamente novo, como o da programação. É o que acontece comigo.
E, junto com essa mudança, veio ela: a ansiedade.
A ansiedade de não saber o suficiente
Sair de uma carreira para começar outra do zero é assustador. No Direito, eu sabia o caminho: faculdade, OAB, estágio, petição, audiência, etc. Havia um roteiro. Na programação, tudo é novo: linguagens, termos técnicos, comunidades e desafios que pareciam intransponíveis.
Você começa a se comparar com quem já está na área. Sente que está atrasado. Que não vai dar conta. Que talvez esteja desperdiçando tempo e energia.
Mas foi justamente aí que percebi: a ansiedade não se vence com distração, vence-se com direção.
Direção é foco. E o foco exige renúncia.
Entendi que, se quero realmente virar essa chave, não dá pra fazer pela metade.
Passei a encarar o aprendizado de programação como uma jornada de alto desempenho. Nada de “estudar quando der”, ou de ver um tutorial e achar que sabia. Nada de pular de curso em curso, buscando motivação instantânea. O que eu precisava era de disciplina, profundidade e constância.
Comecei a estudar todos os dias. Não apenas consumir conteúdo, mas aplicar. Codar de verdade. Revisar. Refazer. Buscar entender os “porquês”, e não só decorar o “como”.
Não tem mágica: ou você foca, ou você se afoga.
Trocar de carreira não é retrocesso. É um reinício consciente.
Uma das maiores armadilhas é a sensação de que você está “jogando fora” tudo o que construiu antes.
Mas não é verdade.
O Direito me ensinou análise crítica, estruturação de ideias e boa comunicação. Tudo isso levo comigo para a programação. Não comecei do zero. Comecei de um lugar diferente.
Essa transição me ensinou que não existe conhecimento desperdiçado. Existe só o que você escolhe fazer com ele daqui pra frente.
A ansiedade não vai desaparecer. Mas, quando você transforma seu tempo em ação, seu medo em estudo e sua dúvida em prática constante, ela vai diminuindo. Porque a confiança vem do acúmulo de pequenas vitórias diárias.
Transição de carreira não é um salto no escuro. É uma construção, tijolo por tijolo.
E, se você focar de verdade, vai perceber: esse novo caminho pode ser muito mais seu do que o antigo jamais foi.