Empoderando Mulheres Negras no Mundo da Tecnologia: Uma Jornada Pessoal de Transição de Carreira
Neste mundo em constante evolução da tecnologia, nunca é tarde para embarcar em uma jornada de aprendizado e autodescoberta. Aos 37 anos, decidi ingressar no desafiador campo da programação. Minha jornada de transição de carreira não é apenas uma busca por novas habilidades, mas também um compromisso em promover a inclusão e diversidade no setor de tecnologia.
No cenário global, as tendências em tecnologia estão evoluindo rapidamente, com avanços em áreas como computação em nuvem, Internet das Coisas (IoT), blockchain e realidade aumentada/virtual. Essas tecnologias estão impulsionando a inovação em diversos setores e criando novas oportunidades de carreira para profissionais de TI.
No Brasil este mercado continua a evoluir, com uma demanda crescente por profissionais qualificados em áreas como desenvolvimento de software, análise de dados, inteligência artificial e cibersegurança. Empresas de diversos setores estão investindo em transformação digital, o que aumenta a necessidade de talentos em tecnologia.
Iniciar os estudos em programação neste momento representa a possibilidade de mergulhar neste vasto universo de perspectivas. Porém alguns desafios relevantes se apresentam adiante. Pode parecer extremamente simples para muitos, mas não para todos, especialmente para mulheres negras que estão entrando nesse campo em uma fase mais madura da vida.
Infelizmente, dados específicos sobre o número de mulheres negras no mercado tecnológico brasileiro podem ser difíceis de encontrar, pois as estatísticas por raça e gênero geralmente não são amplamente divulgadas. No entanto, encontramos algumas informações gerais sobre a representação das mulheres, especialmente as mulheres negras, no setor de tecnologia no Brasil, bem como sobre a disparidade de gênero e raça no campo da tecnologia.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é menor do que a dos homens, e essa disparidade é ainda mais pronunciada em setores como o de tecnologia. Além disso, as mulheres negras enfrentam múltiplas barreiras, incluindo racismo e sexismo, o que torna sua presença no mercado de tecnologia ainda mais reduzida em comparação com homens brancos.
Um estudo da ONG PretaLab, divulgado em 2021, revelou que apenas 1,3% das mulheres negras no Brasil trabalham com TI. Isso mostra uma representação extremamente baixa dessas mulheres neste setor específico. A pesquisa também aponta para a importância de políticas de inclusão e ações afirmativas para aumentar a participação de mulheres negras na tecnologia.
Em termos gerais, o setor de tecnologia no Brasil emprega milhares de profissionais de TI. Segundo dados do Observatório Nacional de Empreendedorismo (ONE), o Brasil tinha cerca de 1,3 milhão de profissionais de TI em 2020. No entanto, a proporção de mulheres nesse total é significativamente menor, e a proporção de mulheres negras é ainda mais inferior.
Embora esses números forneçam uma visão geral da situação, é importante ressaltar que ainda há uma lacuna de dados mais detalhados e precisos sobre a representação específica das mulheres negras no mercado de tecnologia brasileiro. A coleta de dados mais específicos e o acompanhamento dessas informações são essenciais para entender melhor e abordar as disparidades de gênero e raça no setor de tecnologia.
Como mulher negra , reconheço os desafios únicos que enfrento ao ingressar no mundo da tecnologia. A falta de representação e os preconceitos enraizados podem parecer obstáculos intransponíveis. No entanto, vejo esses desafios como oportunidades de empoderamento. Ao enfrentá-los de frente, estou contribuindo para a criação de um ambiente mais inclusivo e diversificado para futuras gerações.
A interseccionalidade desempenha um papel crucial na promoção da diversidade no setor de tecnologia. Reconhecer e valorizar as diversas identidades e experiências das mulheres negras, periféricas e LGBTQIA+, por exemplo, é essencial para criar uma comunidade verdadeiramente inclusiva. Isso significa não apenas oferecer oportunidades de aprendizado e emprego, mas também criar espaços seguros e acolhedores onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas.
Ao adotar essas estratégias e comprometer-se com a promoção da inclusão de mulheres negras no universo da tecnologia, podemos construir um ambiente mais diversificado, inovador e equitativo para todas às pessoas.
Neste processo estou descobrindo que a verdadeira chave para o sucesso, para além de abraçar a mentalidade de aprendizagem contínua, é também poder encontrar recursos online acessíveis e comunidades acolhedoras, como a comunidade de desenvolvimento Python, por meio da qual estou aprendendo e crescendo a cada dia.
Minha jornada de transição de carreira para se tornar uma desenvolvedora full stack com ênfase em na linguagem Python é mais do que apenas adquirir novas habilidades técnicas. É um compromisso pessoal em desafiar as normas, promover a inclusão e capacitar mulheres negras, periféricas e LGBTQIA+ a prosperarem no mundo da tecnologia. Ao compartilhar minha história e meus desafios, espero inspirar outras a seguir seus sonhos, independentemente de sua idade, gênero ou origem.