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Marcelo Santos
Marcelo Santos20/05/2025 19:01
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Ética e Política na Era da Inteligência Artificial: Desafios e Responsabilidades

    A ascensão vertiginosa da Inteligência Artificial (IA) tem desencadeado uma série de complexas questões éticas e políticas, colocando em evidência a responsabilidade de corporações e governos. A utilização de dados pessoais para traçar perfis psicométricos e a subsequente manipulação de indivíduos emergem como preocupações centrais, exemplificadas pelo caso da Cambridge Analytica e sua suposta influência nas eleições norte-americanas. Além da manipulação eleitoral, o viés algorítmico onde sistemas de IA perpetuam preconceitos presentes nos dados de treinamento – levanta sérias questões sobre discriminação em áreas como reconhecimento facial e contratação.

    Embora essas questões éticas estejam intrinsecamente ligadas às operações das grandes empresas de tecnologia, a responsabilidade primária pela salvaguarda dos cidadãos recai sobre o governo. Enquanto as corporações atuam em prol de seus próprios interesses, os governos, legitimamente eleitos, são os representantes dos cidadãos e, portanto, têm o dever de regulamentar matérias tão cruciais.


    O Desafio da Regulamentação e a Falha na Compreensão Governamental

    Governos eleitos para representar seus cidadãos deveriam se esforçar para mitigar os impactos negativos da tecnologia, especialmente da IA, considerando a manipulação de pessoas e a precarização do mercado de trabalho devido à automatização de tarefas. No entanto, a regulamentação da IA enfrenta desafios significativos: a dificuldade em definir a própria IA, a atribuição de responsabilidade, a complexidade técnica e o caráter transfronteiriço da tecnologia dificultam o processo. Parece haver uma lacuna na compreensão, por parte dos governantes, dos desafios apresentados pelos avanços tecnológicos. Especialistas alertam que as aplicações tecnológicas atuais são apenas a ponta do iceberg, e que as próximas décadas expandirão as fronteiras do possível, com os desafios sociais crescendo na mesma proporção.

    Se os governos são os responsáveis por mitigar os efeitos colaterais da tecnologia, a responsabilidade do cidadão que elege esses representantes também é fundamental. É crucial que cada ator assuma seu papel na mitigação dos impactos sociais negativos resultantes do avanço tecnológico


    Lições do Passado e o Dilema da IA e Energia Nuclear

    A história nos mostra que a humanidade nem sempre toma as melhores decisões quando o assunto é tecnologia. A tecnologia nuclear, por exemplo, ofereceu a possibilidade de energia ilimitada e limpa, mas foi utilizada de forma nefasta para a construção de bombas. A falta de compreensão dos governantes sobre as possibilidades proporcionadas pela ciência parece se repetir. Atualmente, a IA e a biotecnologia abrem portas para inovações sem precedentes. Contudo, a ausência de um entendimento aprofundado das implicações sociais e econômicas dessas inovações impede que os governos regulamentem seu uso para o benefício de todos. Parece que a humanidade caminha para repetir com a inteligência artificial os erros cometidos com a energia atômica. Curiosamente, a crescente demanda energética dos data centers de IA tem levado grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Google e Amazon, a investir ou firmar acordos para a compra de energia nuclear, destacando uma nova e surpreendente conexão entre as duas tecnologias.


    O Impacto no Mercado de Trabalho e o Aumento das Desigualdades

    A IA possibilita um nível significativo de automação, automatizando até mesmo tarefas não repetitivas. Isso inevitavelmente impactará a ocupação de trabalhadores globalmente, já que máquinas podem realizar tarefas humanas de forma mais eficaz em termos de qualidade, agilidade e custos. A incerteza paira sobre as habilidades essenciais que serão demandadas daqui a 20 anos, embora seja certo que a adaptabilidade será crucial. Um estudo da PwC sugere que a IA pode, na verdade, criar mais empregos do que substituir, mas a demanda por novas habilidades técnicas crescerá rapidamente.

    Nesse cenário, países ricos terão maior capacidade de requalificar seus trabalhadores para um novo contexto social e econômico. Por outro lado, países pobres não terão essa mesma capacidade. A Agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) alerta que, sem uma gestão ética e transparente, a IA pode aprofundar as desigualdades socioeconômicas globais, ampliando o "fosso cognitivo" entre profissionais qualificados e aqueles com menor acesso à educação e capacitação digital. Isso, consequentemente, poderá aumentar a pobreza e a disparidade social em âmbito global.


    O Caminho para a Colaboração Global

    É um equívoco pensar que os avanços tecnológicos podem ser bloqueados para evitar seus impactos negativos. A questão central reside na forma como a humanidade utilizará o que a ciência proporciona: produziremos energia limpa ou bombas nucleares?

    Especialistas concordam que apenas a colaboração global poderá moldar o futuro da humanidade diante das inovações tecnológicas. Iniciativas como a Recomendação sobre Ética da Inteligência Artificial da UNESCO (2021) e a atualização dos Princípios de IA da OCDE (2024) demonstram um movimento em direção a diretrizes globais para o uso da IA. Os governantes precisarão colaborar ativamente para buscar uma convergência de propósitos, estabelecendo diretrizes claras para a utilização da inteligência artificial em benefício de todos.


    Referências:

    [1] Peduti Advogados. "A Inteligência Artificial e a Privacidade de Dados: Entenda a relação". Disponível em: https://blog.peduti.com.br/ia-e-privacidade-de-dados/. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    [2] ADVBOX. "Desafios regulatórios e legais para Inteligência Artificial". Disponível em: https://advbox.com.br/blog/desafios-regulatorios-e-legais-para-inteligencia-artificial/. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    [3] Agência SP. "Confira o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho e na educação segundo especialistas da USP". Disponível em: https://www.agenciasp.sp.gov.br/confira-o-impacto-da-inteligencia-artificial-no-mercado-de-trabalho-e-na-educacao-segundo-especialistas-da-usp/. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    [4] ONU News. "Sem equidade, inteligência artificial pode aumentar desigualdades, diz Unctad". Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2025/04/1847116. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    [5] Conjur. "OCDE atualiza 1ª norma intergovernamental sobre IA do mundo". Disponível em: https://www.conjur.com.br/2024-mai-12/ocde-atualiza-1a-norma-intergovernamental-sobre-ia-do-mundo/. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    [6] MIT Technology Review - Brasil. "O que vem a seguir para a energia nuclear". Disponível em: https://mittechreview.com.br/futuro-da-energia-nuclear-2025/. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    [7] gov.br - Instituto de Engenharia Nuclear - IEN. "Inteligência Artificial impulsiona a importância da energia nuclear em escala global". Disponível em: https://www.gov.br/ien/pt-br/assuntos/noticias/inteligencia-artificial-impulsiona-a-importancia-da-energia-nuclear-em-escala-global. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    [8] MIT Technology Review - Brasil. "IA e o aumento da demanda energética". Disponível em: https://mittechreview.com.br/ai-energia-e-emissoes-de-carbono/. Acesso em: 20 de maio de 2025.

    Universidade Cruzeiro do Sul Virtual - Aplicações de Inteligência Artificial.

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