Excel é ótimo, mas não é suficiente: explorando novas tecnologias na auditoria interna

Imagine um auditor, realizando todo o planejamento da auditoria: reuniões de entendimento, estudos adicionais, análise dos negócios que serão auditados, conversas com colegas, testes desenhados… e, ao pedir as documentações para início das análises, o auditado diz: “tenho a base de dados aqui, mas ela não cabe no Excel”. E agora? Esse cenário é cada vez mais comum. E esse auditor muitas vezes fui eu. Formado em contabilidade, sempre tive certo receio de me aprofundar em tecnologia, pois parecia distante da minha formação e do meu dia a dia. Durante anos, pensei que dominar planilhas e controles fosse suficiente, enquanto ferramentas digitais avançadas eram “coisa de outro profissional mais técnico”.

O Excel é um aliado valioso do auditor, e continua sendo uma das ferramentas mais poderosas para muitas tarefas: é gratuito ou de baixo custo, fácil de usar e universal e, se você não sabe algo, sempre conhece alguém que sabe. Porém, ele tem limitações: travamentos, dificuldade de automação e restrições de segurança. Ainda assim, não sou inimigo do Excel: muitos dos dashboards que fiz foram nele, além de integrações com bancos de dados e análises complexas que realizo passarem por ele.

Existem ferramentas complementares que ampliam a atuação do auditor: Python permite automação e análises avançadas; Power BI transforma dados em dashboards dinâmicos; ACL/IDEA oferece rastreabilidade e análises em grandes bases; Inteligência Artificial auxilia na identificação de padrões e redução de riscos.

Aqui vai minha defesa ao Excel: verdade é que o Excel, assim como todas as tecnologias, está em constante evolução. Hoje é possível realizar automação e transformação de dados com Power Query, conectar-se a múltiplas fontes como SQL, Oracle e SharePoint, além de utilizar integrações com sistemas, suplementos e add-ins de IA e linguagens de programação. Com o suporte a Python, é possível rodar scripts avançados de análise, machine learning e visualização. Ferramentas como R e DAX permitem análises estatísticas e modelagem preditiva, enquanto APIs externas e soluções de IA generativa tornam o Excel ainda mais independente e potente. Eu disse que não era inimigo do Excel, não falei?

O auditor é um profissional multidisciplinar, que precisa dominar processos, riscos e controles, mas também incorporar a tecnologia como uma extensão dessas competências. Lidar com ferramentas avançadas, análise de dados, automação e inteligência artificial não é mais um diferencial, mas uma necessidade para acompanhar os ambientes corporativos atuais. Ao integrar tecnologia ao seu repertório, o auditor consegue transformar grandes volumes de dados em insights estratégicos, reduzir riscos de forma mais eficiente e agir de maneira proativa. Essa combinação de conhecimento técnico, mais esperteza ao usar o Excel ou combinar com outras ferramentas gera uma visão de processos e habilidades digitais permite que ele se torne um profissional mais analítico, estratégico e capaz de gerar valor real para a organização.

A adoção dessas tecnologias traz benefícios claros: automação de tarefas repetitivas, análises mais rápidas e profundas, melhor visualização e comunicação de dados, redução de riscos e aumento do valor estratégico da auditoria. Excel continua útil, mas sozinho não basta; combiná-lo com novas ferramentas significa transformar dados em insights e fortalecer o papel do auditor como parceiro da gestão.

Auditores e profissionais que usam Excel: reflitam sobre como incorporar novas ferramentas em seu trabalho diário. A tecnologia e a inteligência artificial não substituem o conhecimento, mas potencializam a capacidade de análise, eficiência e impacto estratégico de quem as domina.