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Luiz Freitas
Luiz Freitas23/12/2025 10:38
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API-First: quando o design vem antes do código

    Cena comum em times de desenvolvimento:

    • Dev Backend: "Terminei a API!"
    • Dev Frontend: "Ótimo! Como faço pra buscar os dados do usuário?"
    • Backend: "Ah... é /user?id=123. Ou era /users/:id? Deixa eu ver aqui..."

    15 minutos depois...

    • Frontend: "E quando dá erro, qual é o formato da resposta?"
    • Backend: "Erro? Hm... depende do erro. Às vezes é 400, às vezes 500..."

    Som familiar?

    Esse é o resultado de começar pelo código antes de alinhar o contrato.

    E é exatamente o problema que API-First resolve.

    💡 O que é API-First (de verdade)

    API-First não é "documentar antes de codar".

    É projetar a interface de comunicação como primeira decisão arquitetural do projeto.

    A diferença fundamental:

    Abordagem tradicional (Code-First):

    Código → Implementação → Documentação (se sobrar tempo) → Integração
    

    Abordagem API-First:

    Especificação → Validação → Implementação guiada → Integração paralela
    

    Resultado:

    • Times trabalham em paralelo (não em série)
    • Mudanças são discutidas antes de virar dívida técnica
    • Contratos claros reduzem erros de integração

    ⚙️ O processo API-First em 5 etapas

    Etapa 1: Design colaborativo

    Quem participa:

    • Product Manager + Backend + Frontend + Mobile (se aplicável)

    O que fazer:

    • Definir recursos, endpoints, payloads e respostas ANTES de escrever código.

    Ferramentas recomendadas:

    • Stoplight Studio (visual, colaborativo, gera OpenAPI automaticamente)
    • SwaggerHub (permite comentários e versionamento)
    • Postman (com Workspaces compartilhados)

    Exemplo de definição inicial:

    paths:
    /orders/{orderId}:
      get:
        summary: Buscar detalhes de um pedido
        parameters:
          - name: orderId
            in: path
            required: true
            schema:
              type: string
              format: uuid
        responses:
          '200':
            description: Pedido encontrado
            content:
              application/json:
                schema:
                  $ref: '#/components/schemas/Order'
          '404':
            description: Pedido não encontrado
    

    Benefício: Todo mundo sabe o que esperar antes da primeira linha de código.

    Etapa 2: Validação antecipada com mocks

    O que fazer:

    • Gerar um servidor mock a partir da especificação OpenAPI.

    Ferramentas:

    • Prism (da Stoplight)
    • Mockoon
    • Postman Mock Servers

    Como funciona:

    # Instalar Prism
    npm install -g @stoplight/prism-cli
    ​
    # Rodar mock server
    prism mock openapi.yaml
    

    Resultado:

    • O frontend consegue integrar e testar ANTES do backend estar pronto.

    Exemplo real:

    • Em um projeto, frontend e backend começaram ao mesmo tempo.
    • Frontend usou mock por 2 semanas, quando o backend ficou pronto, a integração leva 2 horas.

    Etapa 3: Implementação guiada por contrato

    O que fazer:

    Usar a especificação OpenAPI como fonte da verdade para gerar:

    • Estruturas de dados (schemas)
    • Validadores automáticos
    • Testes de contrato

    Ferramentas:

    • OpenAPI Generator (gera código em 50+ linguagens)
    • Zod (validação de schema em TypeScript)
    • FastAPI (Python: gera OpenAPI automaticamente)

    Exemplo em Node.js:

    # Gerar tipos TypeScript a partir do OpenAPI
    npx openapi-typescript openapi.yaml --output types.ts
    

    Benefício: O código "nasce" alinhado com a especificação.

    Etapa 4: Testes de contrato automatizados

    O que fazer:

    • Garantir que a implementação real respeita a especificação.

    Ferramentas:

    • Dredd (testa se a API implementada bate com o OpenAPI)
    • Pact (contract testing entre microsserviços)
    • Spectral (linter para OpenAPI)

    Exemplo com Dredd:

    dredd openapi.yaml http://localhost:3000
    

    Se algo divergir: o teste quebra e você corrige ANTES de deploy.

    Etapa 5: Entrega contínua e versionamento previsível

    O que fazer:

    • Tratar a especificação OpenAPI como código: versionada no Git, validada no CI/CD.

    Pipeline ideal:

    1. PR com mudança na especificação
    2. Validação automática (Spectral)
    3. Teste de breaking changes
    4. Geração automática de SDKs
    5. Deploy de documentação atualizada
    

    Benefício: Mudanças são rastreáveis, previsíveis e comunicadas automaticamente.

    🛑 Por que times resistem ao API-First

    • Objeção 1: "Vai atrasar o desenvolvimento"
    • Realidade: Atrasa 2-3 dias no início. Economiza semanas no ciclo completo.
    • Objeção 2: "Especificação vai ficar desatualizada de qualquer jeito"
    • Realidade: Só se você não versionar no Git e validar no CI/CD.
    • Objeção 3: "É burocracia demais"
    • Realidade: Discutir estrutura em YAML é mais rápido que debugar integrações quebradas.

    💡 API-First é mentalidade, não ferramenta

    A verdadeira mudança não está nas ferramentas, está em inverter a lógica:

    • Antes: "Vou codar e depois vejo como os outros vão usar."
    • Depois: "Vou definir como os outros vão usar e depois codo pra isso."

    Parece sutil, mas muda tudo.

    Você passa de:

    • Executor técnico
    • Para arquiteto de contratos entre sistemas

    E esse é o perfil que empresas de ponta procuram.

    💬 E você, já usa API-First?

    Me conta nos comentários:

    • Se sim: Quais ferramentas você usa? O time abraçou ou resistiu?
    • Se não: O que te impede? Falta de tempo, resistência do time, não sabe por onde começar?

    Vamos trocar experiências! 👇

    📅 Próxima semana (último artigo da série):

    Vamos fechar com chave de ouro falando sobre APIs RESTFul e a nova geração de automações com IA e No-Code: o elo entre desenvolvedores e inteligência artificial. 🤖

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