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Cid Quintela
Cid Quintela01/07/2023 17:30
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CENÁRIO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DURANTE A PANDEMIA - ESTUDO DE CASO SEDUC FSA

    Cid Ubiratan Brasil Quintela1

    Profa. Dra. Franciane Rocha2

    Resumo: Este artigo tem como objetivo descrever de forma clara e concisa o processo da

    construção do portal educacional e a criação de uma estrutura educacional de ensino híbrido

    voltada para os alunos da rede municipal de Feira de Santana durante a pandemia do

    COVID-19. A construção de toda essa estrutura foi realizada em apenas duas semanas sem

    que existisse projeto ou estrutura prévia visando esse objetivo. A educação municipal é

    voltada para a educação de base: educação infantil, anos iniciais e anos finais. Até o início da

    pandemia não havia nenhum trabalho ou estudo voltado para o ensino híbrido, sequer se

    falava nesse nicho educacional, e muito menos em ensino remoto. Era algo totalmente

    inviável na educação básica. O maior desafio foi fazer isso para mais de 55 mil alunos

    distribuídos em 202 escolas do município, inclusive nas escolas de distritos (zona rural). Este

    estudo tem por objetivo corroborar também a importância dos ambientes virtuais de

    aprendizagem no cenário educacional e a importância deles na construção do conhecimento.

    O ensino a distância já se encontra consolidado nos ambientes acadêmicos, mas no ensino

    básico ainda há muito o que aprendermos e pretendemos contribuir com a experiência que

    vivenciei na SEDUC durante a pandemia do COVID-19, o mínimo para que esse

    conhecimento seja socializado na comunidade acadêmica.

    Palavras-chave: Educação Digital; Ensino Híbrido; Uso educacional do YouTube; Pandemia

    COVID-19; Educação.

    1. INTRODUÇÃO.

    A SEDUC - Secretaria de Educação de Feira de Santana até o início da pandemia não

    tinha experiência em educação a distância ou no ensino híbrido. Já trabalhávamos com

    tecnologias educacionais onde alunos e professores já faziam e continuam fazendo uso da

    lousa digital, Internet, data show, notebooks, tablets ou computadores disponíveis em antigas

    salas de informática. Mas não havia absolutamente nenhum projeto ou atividade relacionada

    ao ensino remoto, à distância, sala de aula invertida ou ao ensino híbrido. A pandemia

    causada pelo vírus COVID-19 forçou a secretaria de educação a se mobilizar em relação a

    essa inércia. Até mesmo a sala de aula invertida, onde muitos professores já trabalhavam com

    essa técnica sem saber propriamente que recebia esse nome e que poderia trabalhar com

    recursos tecnológicos. Nela o conteúdo de determinado assunto pode ser estudado em casa e

    na sala de aula acontecem as atividades curriculares, exercícios e tira-dúvidas. Alguns

    2 Professora Adjunta de Língua Inglesa Da UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

    1 Graduado em Telecomunicações pelo Centro Federal de Edu. Tecnológica - (CEFET-BA)

    professores de forma isolada já realizavam um pré-estudo de suas aulas passando atividades

    para serem realizadas com auxílio de sites na Internet, em algum portal educacional ou até

    mesmo nas redes sociais. Mas foi na pandemia do COVID-19 que a escola foi obrigada a

    trabalhar praticamente o tempo todo a distância e com o mínimo de atividades presenciais,

    com isso trataremos doravante de ensino híbrido como a modalidade a qual SEDUC adotou

    para superar o isolamento social forçado pela quarentena. Ainda no início da Pandemia

    segundo o site do IBGE (2021) (percebemos que mais de 33% das famílias dos alunos não

    possuíam acesso a Internet através de banda larga e menos de 40% acessam a Internet através

    de celular pré-pago. Realizar o ensino híbrido nessas condições precárias foi o nosso maior

    desafio e iremos detalhar todo esse processo quando falarmos da construção do portal

    educacional. A SEDUC foi resiliente ao se adaptar às mudanças em apenas duas semanas,

    falaremos sobre a construção do portal sobre relato de experiência e na próxima seção

    descrevemos como foi a mobilização da Secretaria de Educação, equipes de professores e

    todo suporte técnico para montar a estrutura voltada para o ensino híbrido numa cidade do

    interior da Bahia e sem muitos recursos e em um curto espaço de tempo, enfrentando ainda

    todas as restrições sanitárias impostas pelo período de pandemia.

    2. A PANDEMIA MUDANDO A EDUCAÇÃO NO MUNDO.

    Sabemos que não é o escopo desse artigo, mas é preciso fazermos uma pequena

    introdução sobre a metodologia do ensino híbrido e a sua importância na construção do

    portal educacional durante a pandemia do COVID-19.

    Essa mescla entre sala de aula e ambientes virtuais é fundamental para abrir

    a escola para o mundo e para trazer o mundo para dentro da escola. Uma

    outra mescla, ou blended é a de prever processos de comunicação mais

    planejados, organizados e formais com outros mais abertos, como os que

    acontecem nas redes sociais, onde há uma linguagem mais familiar, uma

    espontaneidade maior, uma fluência de imagens, ideias e vídeos constante.

    (MORÁN, 2015, pg 15).

    Começaremos citando o decreto municipal nº 1636 em 26 de fevereiro de 2021 do

    Conselho Municipal de Educação - CME, o qual é decretado via Câmara de Vereadores e

    prefeitura de Feira de Santana definido o sistema híbrido de educação em toda rede municipal

    enquanto a pandemia durar. O decreto do Conselho Municipal de Educação - CME deixa

    claro a opção pelo ensino híbrido. Nessa modalidade de ensino é basicamente é a combinação

    de atividades presenciais e online sob orientação pedagógica. De forma bastante resumida os

    alunos assistiam aulas online na plataforma educacional em suas respectivas escolas ou em

    suas casas, caso possuíssem algum dispositivo para tal, as atividades eram levadas uma vez

    na semana para suas escolas e as escolas as devolviam depois de avaliadas com as devidas

    correções. As devolutivas eram retornadas online ou presenciais segundo as necessidades de

    cada aluno. O ensino híbrido consegue extrair o melhor do ensino presencial e das atividades

    onlines.

    SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO RESOLUÇÃO CME Nº

    01/2021. Dispõe sobre a retomada e continuidade das atividades

    pedagógicas para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e suas

    modalidades, no âmbito das escolas públicas, conveniadas e privadas que

    compõem o Sistema Municipal de Ensino de Feira de Santana, em

    decorrência da Pandemia da Covid-19. "Art. 1º - Autorizar, em caráter

    excepcional, a retomada e continuidade das atividades pedagógicas na

    modalidade não presencial em todas as escolas do Sistema Municipal de

    Ensino de Feira de Santana, no período de suspensão das aulas presenciais

    em decorrência da Pandemia da Covid-19, visando minimizar as perdas de

    aprendizagens, os efeitos da evasão escolar impulsionados pelo

    distanciamento social, retomando vínculos entre escola, estudantes e

    famílias.” - Feira de Santana, Bahia, Diário Oficial do Município de Feira de

    Santana - Decreto nº 1636 em 26 de fevereiro de 2021

    O ensino através de atividades online permite que o aluno tenha flexibilidade em seu

    tempo para estudar. Essa metodologia também proporciona autonomia aos estudantes para

    avançarem além do conteúdo proposto pelo professor, uma vez que não há uma barreira

    limitante como a quantidade de páginas de uma determinada lição. Também nesse caso

    específico estamos falando de crianças e jovens carentes que muitas vezes não possuem um

    ambiente exclusivo para estudo. No ensino híbrido ele pode escolher o melhor momento para

    desenvolver seu processo de aprendizagem e se afastar da rotina do ensino presencial. Dar ao

    estudante carente a possibilidade de ele escolher o local e horário para estudar e desenvolver

    suas atividades educacionais pode parecer algo simples, mas num lar onde convivem 3 a 4

    pessoas ou mais com apenas um ou dois ambientes o estudo dessas crianças se torna um

    desafio que poucos conseguem superar.

    A ninguém se pode negar a oportunidade de aprender por ser pobre, estar

    isolado geograficamente, marginalizado, doente ou por qualquer outra

    circunstância que impeça seu acesso a alguma instituição de ensino. Esses

    são elementos que supõem o reconhecimento de uma liberdade para alguém

    decidir se quer ou não estudar. (WEDEMEYER, 1966).

    3. AS TDICS NA EDUCAÇÃO COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA

    IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EMERGENCIAL.

    Para atender as necessidades da atual sociedade altamente tecnológica, se faz

    necessário pensar em novos métodos educacionais para agregar na sala de aula o momento

    dinâmico ao qual crianças e jovens já estão inseridos, nesse sentido, é imperativo que a

    Educação Digital e suas vertentes ocupem seus espaços para suprir as lacunas deixadas pela

    educação tradicional.

    A educação formal está num impasse diante de tantas mudanças na

    sociedade: como evoluir para tornar-se relevante e conseguir que todos

    aprendam de forma competente a conhecer, a construir seus projetos de vida

    e a conviver com os demais. Os processos de organizar o currículo, as

    metodologias, os tempos e os espaços precisam ser revistos. (MORÁN,

    2015, p. 15)

    A Educação a Distância tem como objetivo transmitir conhecimento sem que o

    estudante esteja no mesmo espaço geográfico que o transmissor do conhecimento. Os

    Ambientes Virtuais de Aprendizagens (AVA) são softwares com a funcionalidade educacional

    que buscam a transmissão da informação e o compartilhamento do conhecimento

    independente da distância ou local. O uso dos ambientes virtuais de aprendizagem - AVAs

    teve uma importância muito grande pois sem eles não haveria educação, sem as Tecnologias

    Digitais da Informação e Comunicação - TDICs não haveria educação durante a pandemia.

    O momento atual, marcado pelo advento das Novas Tecnologias

    de Comunicação e Informação (NTCI), requer do indivíduo uma formação

    que favoreça atuar com desenvoltura nos diversos contextos

    tecnológicos. Assim, a educação precisa atender à emergência de uma

    sociedade que enfrenta diariamente o desafio de absorver os impactos

    advindos dos novos artefatos que surgem vertiginosamente. Ademais, se

    movimentar entre o real e o virtual é uma habilidade a mais que se espera do

    profissional egresso das escolas e universidades brasileiras (PINHO, 2013,

    p. 68).

    Segundo a UNESCO (2022), mais de 48 países sofreram perdas na educação por

    causa da pandemia, interrompendo as aulas de mais de 1,5 bilhões de estudantes e alterando a

    rotina dos professores em todo o mundo. As TDICS foram responsáveis pela continuidade da

    educação em todo o mundo. As escolas particulares rapidamente se adaptaram na quarentena

    e deram continuidade ao ano letivo sem que o prejuízo fosse muito maior. Já na educação

    pública o cenário foi diferente, principalmente nas prefeituras, as dificuldades foram muito

    maiores. No caso da SEDUC são 202 escolas para serem administradas e o ineditismo da

    situação que deixou a situação mais grave.

    4. A EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DO PORTAL VIRTUAL PARA

    EDUCAÇÃO BÁSICA NA PANDEMIA PELA SEDUC NO MUNICÍPIO DE

    FEIRA DE SANTANA.

    Nesta etapa a equipe do NUTEC participa da construção do portal de forma efetiva e

    como Analista de Sistemas e componente da equipe da área técnica do SEDUC onde atuamos

    em formações técnicas orientando como usar as ferramentas Google em sala de aula além de

    apoio técnico em diversos projetos educacionais pedagógicos.

    Descreveremos os processos técnicos e pedagógicos que foram mapeados e

    organizados pela equipe pedagógica alinhada com o NUTEC - Núcleo de Tecnologias

    Educacionais da SEDUC, setor do qual faço parte. Nessa parte há o alinhamento pedagógico

    seguindo as diretrizes educacionais do MEC - Ministério da Educação e Cultura, da BNCC -

    Base Nacional Comum Curricular, e a DCN - Diretrizes Curriculares Nacionais que são

    normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o planejamento curricular das

    escolas e dos sistemas de ensino médio. As competências e habilidades presentes na BNCC

    são diretrizes que têm como principal objetivo o desenvolvimento uniforme e pleno de todos

    os estudantes, regulamentando o currículo com propostas de aprendizagens fundamentais e

    essenciais no âmbito educacional.

    Na BNCC a Cultura Digital é abrangida na Competência nº 5 que se refere à

    compreensão, utilização e criação de tecnologias digitais de forma crítica, significativa,

    reflexiva e ética nas diversas práticas sociais para se comunicar, acessar e disseminar

    informações, produzir conhecimento, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na

    vida pessoal e coletiva. A equipe pedagógica frisou que a Cultura Digital faz parte do ensino

    pedagógico e o estado não poderia se furtar de realizar o processo de construção educacional

    no âmbito do ensino digital principalmente com as crianças menos favorecidas e

    consequentemente se tornam os primeiros a serem os excluídas digitais.

    5. CONTEXTUALIZAÇÃO - A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE FEIRA DE

    SANTANA

    A SEDUC é a secretaria de educação de Feira de Santana, cidade do interior da Bahia

    a 116 km da capital, a 3ª em arrecadação e a 2ª em população, perdendo apenas para

    Salvador. Feira de Santana é a maior cidade do interior do Nordeste, à frente de Campina

    Grande, na Paraíba, e Caruaru e Petrolina, em Pernambuco. Apesar de ser maior, em tamanho

    e economia, que algumas capitais do Nordeste a cidade encontra alguns problemas sérios no

    quesito educação, o município tem 202 escolas, entre zona urbana e rural. Com a pandemia

    os problemas aumentaram e os desafios se tornaram maiores. A SEDUC já tinha a Google

    como parceira num programa chamado Google for Education que ajudou e muito na

    pandemia. A parceria com a Google fez com que os professores mantivessem em constante

    treinamento. Como já havia dito as escolas já trabalhavam com a Educação Digital, ou seja,

    as escolas tinham salas de informática, lousa digital, data show, Smart TVs e notebooks. Em

    2020 a SEDUC abriu licitação para atualizar toda sua estrutura tecnológica gastando mais de

    50 milhões em equipamentos visando a substituição e atualização de seu parque tecnológico.

    Uma das novidades trazida pela parceria com a Google foi o fim das “salas de informática”

    com a vinda dos ChromeBooks o conceito de sala de informática foi atualizado. Os

    chromebooks vão para a sala de aula facilitando o trabalho do professor e do aluno. Graças a

    essa versatilidade os equipamentos podem ir para qualquer espaço físico da escola, mesmo no

    local que não tenha acesso a Internet. Os professores já tinham conhecimento das ferramentas

    Google e isso ajudou muito principalmente o uso do Google Drive, Google Classroom, e

    outras ferramentas como o “office” gratuito que a parceria oferta.

    6. RELATO DA EXPERIÊNCIA E EXPOSIÇÃO DO CENÁRIO VIRTUAL DE

    APRENDIZAGEM.

    A parceria com a Google for Education foi decisiva sim, poderia ser feito sem Google

    for Education, as ferramentas Google são gratuitas para quem quiser usar, praticamente nada

    é pago nesse ambiente. Porém, a diferença foi o treinamento constante que os professores

    tiveram por causa da parceria, então poderíamos dizer que a parceria teve importância

    fundamental. Os professores já tinham conhecimentos das ferramentas básicas que utilizamos

    e para fazermos a integração email dos alunos com o Google Classroom era preciso ser

    parceiro Google pois sem isso não tínhamos como criar emails para todos alunos.

    Diante da necessidade de manter os alunos de baixa renda a continuarem seus estudos

    durante a pandemia, a SEDUC então montou e disponibilizou uma estrutura de acesso à

    Internet nas escolas dos respectivos alunos obedecendo rigorosamente os protocolos de

    segurança sanitária imposta pelas secretarias de saúde. Com isso foi programado pelo corpo

    pedagógico um roteiro/planejamento das aulas em papel, disponível nas respectivas escolas

    dos alunos. E de posse dessa atividade o aluno acompanhava pela Internet, no canal do

    YouTube, em casa ou em sua escola. Apesar dessa dinâmica ter funcionado, ainda havia

    grande quantidade de alunos que não estavam participando das atividades por falta de acesso

    a Internet ou dispositivo para acessarem as aulas. A SEDUC mitigou esse problema de duas

    formas. Primeiro concedendo o chromebook aos alunos carentes dos anos finais do 8º e 9º

    ano. E transmitindo também pela TV aberta as aulas que já estavam no YouTube. Com isso a

    SEDUC deu um passo decisivo para minimizar o maior problema da educação pública

    durante a pandemia: a exclusão digital que a população de baixa renda sofre. O NUTEC

    propôs um ambiente virtual de aprendizagem baseado 100% na plataforma de streaming de

    vídeo do YouTube, propôs a gravação de aulas por parte dos professores com apoio da equipe

    pedagógica e foi providenciado todo o fluxo de gravação das aulas, os softwares que seriam

    necessários e toda infraestrutura tecnológica. Como já citado anteriormente a parceria no

    Google for Education por causa da dimensão do projeto, mais de 55 mil alunos abrangendo

    mais de 202 escolas foi fundamental. O Google for Education permitiu a criação de 55 mil

    e-mails de alunos e professores para que cada escola, cada professor fosse autônomo em

    organizar suas aulas no Google Sala de Aula e com Google Meet pudessem trabalhar em

    sincronia com o portal da SEDUC no YouTube. O professor teve total liberdade para utilizar

    os recursos tecnológicos do Google for Education e além dos quais já eram utilizados na

    escola tal como lousa digital e o próprio acesso à web.

    Foi criado um local para as gravações das aulas no Teatro Maestro Miro que por conta

    da pandemia ficou temporariamente sem função. No MM foram criadas 10 salas de gravação

    de aulas e uma sala de monitoria. Cada sala era composta por 2 computadores de última

    geração munidos cada um com câmeras, microfone de lapela e tripé com anel de led. Um

    computador para o professor e outro para o intérprete de libras. Todos os computadores eram

    interligados por uma estrutura de rede de última geração com link dedicado de Internet com

    500 megas de upload e download. Apesar de as aulas não serem gravadas ao vivo, usamos o

    aplicativo StreamYard que necessariamente usa a Internet como meio de gravação e enviava a

    aula gravada para a plataforma de vídeos YouTube.

    Utilizamos o StreamYard para fazer a função de gerenciar as gravações das aulas

    gerando o link com o YouTube. O StreamYard é um software de transmissões ao vivo via

    navegadores web para redes sociais. Transmite direta e simultaneamente para diversas

    plataformas tais como Facebook, YouTube e LinkedIn e outras menos conhecidas (Twitch e

    Hopin). É extremamente fácil de operar, em menos de cinco minutos alguém está apto para

    gravar aulas e fazer uma conferência. No StreamYard conceito de ESTÚDIO é muito

    interessante pois conseguimos alguns efeitos profissionais compartilhando a tela de

    transmissão com professor e o intérprete de libras. Há uma tela onde é o estúdio e nela ficam

    as pessoas que vão palestrar com ou sem apresentação. E fora há o conceito de “backstage”

    que em portgês seria os bastidores, atrás do palco. Nos bastidores está o operador da

    transmissão ao vivo e outras pessoas que podem ser ou não colocadas no estúdio. Há nele

    também uma vantagem técnica pois a gravação fica armazenada em servidor próprio na

    “nuvem” e uma cópia também é enviada para o YouTube como uma forma redundante de

    backup. Essa redundância é uma segurança que garante uma cópia extra de uma aula gravada

    caso algo acontecesse com ela como alguém apagando uma aula sem querer. E isso aconteceu

    algumas vezes e tivemos que recorrer às aulas gravadas.

    Durante a gravação a equipe de monitoria gerava um relatório específico dos erros de

    gravação para que a equipe de edição removesse os erros e às vezes acrescentasse links e

    figuras solicitadas pelo professor. Depois de editada a aula era finalmente disponibilizada

    para ser publicada no canal da SEDUC no YouTube e na TV aberta.

    A equipe pedagógica montava todo o percurso educacional de aulas, apresentações

    com o CANVA e apostilas que eram disponibilizadas aos alunos de forma física em sua

    respectiva escola. O aluno acompanhava as aulas pelo YouTube segundo a programação que a

    SEDUC disponibilizou fisicamente nas respectivas escolas e os professores fazendo o

    acompanhamento individual da sua turma com o Google Sala de Aula. Não era apenas

    apresentação das aulas no YouTube, cada aula era um tema onde o professor poderia também

    trabalhar com outros ambientes virtuais tais como Google Classroom ou Google Hangout.

    O StreamYard permite a manipulação e compartilhamento de telas durante uma

    transmissão de forma fácil e intuitiva. O professor pode também compartilhar apresentações,

    vídeos ou áudios segundo sua necessidade. Uma vez a aula gravada, ela segue para edição

    onde a equipe de editores removem possíveis erros de gravação, colocam vinhetas no início e

    final da aula. Na publicação da aula ocorre no YouTube, também poderia ser alguma outra

    plataforma gratuita de vídeo (ex: Vimeo ou Facebook), mas devido a parceria com o Google e

    suas ferramentas que contemplam o Google for Education pesou na escolha dessa plataforma.

    Uma vez publicada a aula no YouTube, colocamos um card com a foto do professor e

    identificando a matéria, série e a sequência da aula. O estudante pode buscar a aula numa

    playlist ou na barra de procura com as informações da programação semanal que ele busca na

    escola. O aluno pode acompanhar sua aula pelo celular, computador ou pelo tablet.

    A programação das aulas contempla Anos Iniciais, Anos Finais e EJA. Há também

    algumas aulas de contação de histórias infantis voltadas para Educação Infantil, uma playlist

    voltada para o projeto Música na Escola.

    7. DISCUSSÃO

    As dificuldades foram muitas e os desafios se tornam muito maiores quando falamos

    em orçamento limitado e a lentidão do estado. Não é o escopo deste artigo a discussão

    política em torno da situação vivida por todas as escolas públicas por causa da pandemia.

    Alguns estados e municípios foram mais ágeis que outros em relação às medidas tomadas

    para minimizar a ausência total das aulas.

    Alguns professores por iniciativa própria utilizaram as ferramentas que estavam

    disponíveis e ao alcance de professores e alunos. Muitos utilizaram de forma experimental o

    WhatsApp e o Google Classroom, mas mesmo demonstrando boa vontade e iniciativa própria

    os professores tiveram muitas dificuldades pois não se tratava apenas de algo experimental e

    casual. Tratava-se de dar continuidade ao ano letivo de uma ou mais classes e até mesmo de

    toda uma escola, e nesse contexto as escolas precisavam do apoio institucional da SEDUC

    para estruturar esse projeto com início, meio e fim. E foi isso que a SEDUC desenvolveu

    quando a portaria municipal autorizou com quase um ano de atraso o ensino híbrido.

    A outra grande dificuldade foi o acesso tecnológico de grande parte dos alunos por

    serem estudantes carentes. Já sabíamos as dificuldades que iríamos ter nesse sentido, a maior

    parte dos alunos não tinham sequer as três refeições diárias, infelizmente é a nossa realidade.

    Mas até a merenda escolar foi distribuída em forma de cesta básica a todos os estudantes.

    Ainda nesse contexto a falta de computador, notebook ou tablet para que os alunos

    acompanhassem as lições e atividades. Grande parte só dispunha de celulares pré-pagos que

    tinha como maior objetivo acesso a redes sociais como forma de entretenimento.

    Um grande passo para democratizar o acesso às aulas foi a contratação de dois canais

    na TV aberta, um destinado para os anos iniciais e outro aos anos finais. As aulas eram

    gravadas, editadas e programadas para estrear no YouTube quase que simultaneamente na TV.

    Todos os dias enviamos a programação das aulas para a TV juntamente com os arquivos. A

    TV aberta surpreendeu por ser considerada tecnologia obsoleta, mas foi importante na

    democratização da informação e independente da classe social o sinal chegou praticamente na

    casa de todos os alunos da rede municipal.

    8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Chegamos a conclusão que a pandemia do COVID-19 alterou o cenário mundial em

    praticamente todas as nossas rotinas sociais, familiares e trabalhistas, Na educação não foi

    diferente. A pandemia mudou os mais diversos hábitos sociais. Até mesmo a forma de se

    cumprimentar foi alterada, o aperto de mão praticamente foi abolido, a pandemia foi um

    divisor de água em todos os sentidos. Nas universidades a educação EaD já é uma realidade

    incontestável e respeitada. Em relação a modalidade EaD nas universidades os paradigmas e

    preconceitos foram rompidos. A educação digital também já é realidade nas escolas da

    educação básica com o uso da lousa digital, computadores, tablets, Smarts TV e robótica em

    sala de aula. Porém na educação básica (Ed. Infantil, Anos Iniciais e Anos Finais) ainda não

    está preparada para o ensino a distância, esse tema tem rendido extensos debates sobre esse

    tema tão complexo e recente. Há muito que se pesquisar nesse sentido, as crianças e os jovens

    precisam se socializar, e o ensino remoto cerceia essa necessidade essencial na formação de

    crianças, jovens e os próprios adultos. A criança e os jovens precisam do ambiente

    socializador e no ambiente virtual não há essa possibilidade.

    REFERÊNCIAS

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    <http://porvir.org/wp-content/uploads/2014/08/PT_Is-K-12-blended-learning-disruptive-Final.pdf> Acesso em:

    27 Novembro 2022

    Coalizão Global de Educação, UNESCO. Fechamento das Escolas e Consequências para educação mundial.

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    Decreto no qual vigora o ensino híbrido nas escolas públicas do município de Feira de Santana. Diário Oficial

    do Município de Feira de Santana - Decreto nº 1636 em 26 de fevereiro de 2021.

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    2020.

    AGÊNCIA BRASIL EBC - Mais da metade da população mundial está conectada à internet, diz ONU. Site do

    Governo sobre informações e estatísticas e dados sobre acesso a internet e tecnologia nas escolas públicas.

    AgenciaBrasil EBC (https://agenciabrasil.ebc.com.br/) Disponível em:

    <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-12/mais-da-metade-da-populacao-mundial-esta-cone

    ctada-internet-diz-onu> Acesso em: 30 Novembro 2022

    Portal Educacional da SEDUC na Plataforma do YouTube. 2021 Disponível em:

    <https://www.youtube.com/channel/UCrUtvqLztskohUkG-Yicesg> Acesso em: 30 Novembro 2022

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