CENÁRIO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DURANTE A PANDEMIA - ESTUDO DE CASO SEDUC FSA
Cid Ubiratan Brasil Quintela1
Profa. Dra. Franciane Rocha2
Resumo: Este artigo tem como objetivo descrever de forma clara e concisa o processo da
construção do portal educacional e a criação de uma estrutura educacional de ensino híbrido
voltada para os alunos da rede municipal de Feira de Santana durante a pandemia do
COVID-19. A construção de toda essa estrutura foi realizada em apenas duas semanas sem
que existisse projeto ou estrutura prévia visando esse objetivo. A educação municipal é
voltada para a educação de base: educação infantil, anos iniciais e anos finais. Até o início da
pandemia não havia nenhum trabalho ou estudo voltado para o ensino híbrido, sequer se
falava nesse nicho educacional, e muito menos em ensino remoto. Era algo totalmente
inviável na educação básica. O maior desafio foi fazer isso para mais de 55 mil alunos
distribuídos em 202 escolas do município, inclusive nas escolas de distritos (zona rural). Este
estudo tem por objetivo corroborar também a importância dos ambientes virtuais de
aprendizagem no cenário educacional e a importância deles na construção do conhecimento.
O ensino a distância já se encontra consolidado nos ambientes acadêmicos, mas no ensino
básico ainda há muito o que aprendermos e pretendemos contribuir com a experiência que
vivenciei na SEDUC durante a pandemia do COVID-19, o mínimo para que esse
conhecimento seja socializado na comunidade acadêmica.
Palavras-chave: Educação Digital; Ensino Híbrido; Uso educacional do YouTube; Pandemia
COVID-19; Educação.
1. INTRODUÇÃO.
A SEDUC - Secretaria de Educação de Feira de Santana até o início da pandemia não
tinha experiência em educação a distância ou no ensino híbrido. Já trabalhávamos com
tecnologias educacionais onde alunos e professores já faziam e continuam fazendo uso da
lousa digital, Internet, data show, notebooks, tablets ou computadores disponíveis em antigas
salas de informática. Mas não havia absolutamente nenhum projeto ou atividade relacionada
ao ensino remoto, à distância, sala de aula invertida ou ao ensino híbrido. A pandemia
causada pelo vírus COVID-19 forçou a secretaria de educação a se mobilizar em relação a
essa inércia. Até mesmo a sala de aula invertida, onde muitos professores já trabalhavam com
essa técnica sem saber propriamente que recebia esse nome e que poderia trabalhar com
recursos tecnológicos. Nela o conteúdo de determinado assunto pode ser estudado em casa e
na sala de aula acontecem as atividades curriculares, exercícios e tira-dúvidas. Alguns
2 Professora Adjunta de Língua Inglesa Da UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
1 Graduado em Telecomunicações pelo Centro Federal de Edu. Tecnológica - (CEFET-BA)
professores de forma isolada já realizavam um pré-estudo de suas aulas passando atividades
para serem realizadas com auxílio de sites na Internet, em algum portal educacional ou até
mesmo nas redes sociais. Mas foi na pandemia do COVID-19 que a escola foi obrigada a
trabalhar praticamente o tempo todo a distância e com o mínimo de atividades presenciais,
com isso trataremos doravante de ensino híbrido como a modalidade a qual SEDUC adotou
para superar o isolamento social forçado pela quarentena. Ainda no início da Pandemia
segundo o site do IBGE (2021) (percebemos que mais de 33% das famílias dos alunos não
possuíam acesso a Internet através de banda larga e menos de 40% acessam a Internet através
de celular pré-pago. Realizar o ensino híbrido nessas condições precárias foi o nosso maior
desafio e iremos detalhar todo esse processo quando falarmos da construção do portal
educacional. A SEDUC foi resiliente ao se adaptar às mudanças em apenas duas semanas,
falaremos sobre a construção do portal sobre relato de experiência e na próxima seção
descrevemos como foi a mobilização da Secretaria de Educação, equipes de professores e
todo suporte técnico para montar a estrutura voltada para o ensino híbrido numa cidade do
interior da Bahia e sem muitos recursos e em um curto espaço de tempo, enfrentando ainda
todas as restrições sanitárias impostas pelo período de pandemia.
2. A PANDEMIA MUDANDO A EDUCAÇÃO NO MUNDO.
Sabemos que não é o escopo desse artigo, mas é preciso fazermos uma pequena
introdução sobre a metodologia do ensino híbrido e a sua importância na construção do
portal educacional durante a pandemia do COVID-19.
Essa mescla entre sala de aula e ambientes virtuais é fundamental para abrir
a escola para o mundo e para trazer o mundo para dentro da escola. Uma
outra mescla, ou blended é a de prever processos de comunicação mais
planejados, organizados e formais com outros mais abertos, como os que
acontecem nas redes sociais, onde há uma linguagem mais familiar, uma
espontaneidade maior, uma fluência de imagens, ideias e vídeos constante.
(MORÁN, 2015, pg 15).
Começaremos citando o decreto municipal nº 1636 em 26 de fevereiro de 2021 do
Conselho Municipal de Educação - CME, o qual é decretado via Câmara de Vereadores e
prefeitura de Feira de Santana definido o sistema híbrido de educação em toda rede municipal
enquanto a pandemia durar. O decreto do Conselho Municipal de Educação - CME deixa
claro a opção pelo ensino híbrido. Nessa modalidade de ensino é basicamente é a combinação
de atividades presenciais e online sob orientação pedagógica. De forma bastante resumida os
alunos assistiam aulas online na plataforma educacional em suas respectivas escolas ou em
suas casas, caso possuíssem algum dispositivo para tal, as atividades eram levadas uma vez
na semana para suas escolas e as escolas as devolviam depois de avaliadas com as devidas
correções. As devolutivas eram retornadas online ou presenciais segundo as necessidades de
cada aluno. O ensino híbrido consegue extrair o melhor do ensino presencial e das atividades
onlines.
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO RESOLUÇÃO CME Nº
01/2021. Dispõe sobre a retomada e continuidade das atividades
pedagógicas para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e suas
modalidades, no âmbito das escolas públicas, conveniadas e privadas que
compõem o Sistema Municipal de Ensino de Feira de Santana, em
decorrência da Pandemia da Covid-19. "Art. 1º - Autorizar, em caráter
excepcional, a retomada e continuidade das atividades pedagógicas na
modalidade não presencial em todas as escolas do Sistema Municipal de
Ensino de Feira de Santana, no período de suspensão das aulas presenciais
em decorrência da Pandemia da Covid-19, visando minimizar as perdas de
aprendizagens, os efeitos da evasão escolar impulsionados pelo
distanciamento social, retomando vínculos entre escola, estudantes e
famílias.” - Feira de Santana, Bahia, Diário Oficial do Município de Feira de
Santana - Decreto nº 1636 em 26 de fevereiro de 2021
O ensino através de atividades online permite que o aluno tenha flexibilidade em seu
tempo para estudar. Essa metodologia também proporciona autonomia aos estudantes para
avançarem além do conteúdo proposto pelo professor, uma vez que não há uma barreira
limitante como a quantidade de páginas de uma determinada lição. Também nesse caso
específico estamos falando de crianças e jovens carentes que muitas vezes não possuem um
ambiente exclusivo para estudo. No ensino híbrido ele pode escolher o melhor momento para
desenvolver seu processo de aprendizagem e se afastar da rotina do ensino presencial. Dar ao
estudante carente a possibilidade de ele escolher o local e horário para estudar e desenvolver
suas atividades educacionais pode parecer algo simples, mas num lar onde convivem 3 a 4
pessoas ou mais com apenas um ou dois ambientes o estudo dessas crianças se torna um
desafio que poucos conseguem superar.
A ninguém se pode negar a oportunidade de aprender por ser pobre, estar
isolado geograficamente, marginalizado, doente ou por qualquer outra
circunstância que impeça seu acesso a alguma instituição de ensino. Esses
são elementos que supõem o reconhecimento de uma liberdade para alguém
decidir se quer ou não estudar. (WEDEMEYER, 1966).
3. AS TDICS NA EDUCAÇÃO COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA
IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EMERGENCIAL.
Para atender as necessidades da atual sociedade altamente tecnológica, se faz
necessário pensar em novos métodos educacionais para agregar na sala de aula o momento
dinâmico ao qual crianças e jovens já estão inseridos, nesse sentido, é imperativo que a
Educação Digital e suas vertentes ocupem seus espaços para suprir as lacunas deixadas pela
educação tradicional.
A educação formal está num impasse diante de tantas mudanças na
sociedade: como evoluir para tornar-se relevante e conseguir que todos
aprendam de forma competente a conhecer, a construir seus projetos de vida
e a conviver com os demais. Os processos de organizar o currículo, as
metodologias, os tempos e os espaços precisam ser revistos. (MORÁN,
2015, p. 15)
A Educação a Distância tem como objetivo transmitir conhecimento sem que o
estudante esteja no mesmo espaço geográfico que o transmissor do conhecimento. Os
Ambientes Virtuais de Aprendizagens (AVA) são softwares com a funcionalidade educacional
que buscam a transmissão da informação e o compartilhamento do conhecimento
independente da distância ou local. O uso dos ambientes virtuais de aprendizagem - AVAs
teve uma importância muito grande pois sem eles não haveria educação, sem as Tecnologias
Digitais da Informação e Comunicação - TDICs não haveria educação durante a pandemia.
O momento atual, marcado pelo advento das Novas Tecnologias
de Comunicação e Informação (NTCI), requer do indivíduo uma formação
que favoreça atuar com desenvoltura nos diversos contextos
tecnológicos. Assim, a educação precisa atender à emergência de uma
sociedade que enfrenta diariamente o desafio de absorver os impactos
advindos dos novos artefatos que surgem vertiginosamente. Ademais, se
movimentar entre o real e o virtual é uma habilidade a mais que se espera do
profissional egresso das escolas e universidades brasileiras (PINHO, 2013,
p. 68).
Segundo a UNESCO (2022), mais de 48 países sofreram perdas na educação por
causa da pandemia, interrompendo as aulas de mais de 1,5 bilhões de estudantes e alterando a
rotina dos professores em todo o mundo. As TDICS foram responsáveis pela continuidade da
educação em todo o mundo. As escolas particulares rapidamente se adaptaram na quarentena
e deram continuidade ao ano letivo sem que o prejuízo fosse muito maior. Já na educação
pública o cenário foi diferente, principalmente nas prefeituras, as dificuldades foram muito
maiores. No caso da SEDUC são 202 escolas para serem administradas e o ineditismo da
situação que deixou a situação mais grave.
4. A EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DO PORTAL VIRTUAL PARA
EDUCAÇÃO BÁSICA NA PANDEMIA PELA SEDUC NO MUNICÍPIO DE
FEIRA DE SANTANA.
Nesta etapa a equipe do NUTEC participa da construção do portal de forma efetiva e
como Analista de Sistemas e componente da equipe da área técnica do SEDUC onde atuamos
em formações técnicas orientando como usar as ferramentas Google em sala de aula além de
apoio técnico em diversos projetos educacionais pedagógicos.
Descreveremos os processos técnicos e pedagógicos que foram mapeados e
organizados pela equipe pedagógica alinhada com o NUTEC - Núcleo de Tecnologias
Educacionais da SEDUC, setor do qual faço parte. Nessa parte há o alinhamento pedagógico
seguindo as diretrizes educacionais do MEC - Ministério da Educação e Cultura, da BNCC -
Base Nacional Comum Curricular, e a DCN - Diretrizes Curriculares Nacionais que são
normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o planejamento curricular das
escolas e dos sistemas de ensino médio. As competências e habilidades presentes na BNCC
são diretrizes que têm como principal objetivo o desenvolvimento uniforme e pleno de todos
os estudantes, regulamentando o currículo com propostas de aprendizagens fundamentais e
essenciais no âmbito educacional.
Na BNCC a Cultura Digital é abrangida na Competência nº 5 que se refere à
compreensão, utilização e criação de tecnologias digitais de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimento, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva. A equipe pedagógica frisou que a Cultura Digital faz parte do ensino
pedagógico e o estado não poderia se furtar de realizar o processo de construção educacional
no âmbito do ensino digital principalmente com as crianças menos favorecidas e
consequentemente se tornam os primeiros a serem os excluídas digitais.
5. CONTEXTUALIZAÇÃO - A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE FEIRA DE
SANTANA
A SEDUC é a secretaria de educação de Feira de Santana, cidade do interior da Bahia
a 116 km da capital, a 3ª em arrecadação e a 2ª em população, perdendo apenas para
Salvador. Feira de Santana é a maior cidade do interior do Nordeste, à frente de Campina
Grande, na Paraíba, e Caruaru e Petrolina, em Pernambuco. Apesar de ser maior, em tamanho
e economia, que algumas capitais do Nordeste a cidade encontra alguns problemas sérios no
quesito educação, o município tem 202 escolas, entre zona urbana e rural. Com a pandemia
os problemas aumentaram e os desafios se tornaram maiores. A SEDUC já tinha a Google
como parceira num programa chamado Google for Education que ajudou e muito na
pandemia. A parceria com a Google fez com que os professores mantivessem em constante
treinamento. Como já havia dito as escolas já trabalhavam com a Educação Digital, ou seja,
as escolas tinham salas de informática, lousa digital, data show, Smart TVs e notebooks. Em
2020 a SEDUC abriu licitação para atualizar toda sua estrutura tecnológica gastando mais de
50 milhões em equipamentos visando a substituição e atualização de seu parque tecnológico.
Uma das novidades trazida pela parceria com a Google foi o fim das “salas de informática”
com a vinda dos ChromeBooks o conceito de sala de informática foi atualizado. Os
chromebooks vão para a sala de aula facilitando o trabalho do professor e do aluno. Graças a
essa versatilidade os equipamentos podem ir para qualquer espaço físico da escola, mesmo no
local que não tenha acesso a Internet. Os professores já tinham conhecimento das ferramentas
Google e isso ajudou muito principalmente o uso do Google Drive, Google Classroom, e
outras ferramentas como o “office” gratuito que a parceria oferta.
6. RELATO DA EXPERIÊNCIA E EXPOSIÇÃO DO CENÁRIO VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM.
A parceria com a Google for Education foi decisiva sim, poderia ser feito sem Google
for Education, as ferramentas Google são gratuitas para quem quiser usar, praticamente nada
é pago nesse ambiente. Porém, a diferença foi o treinamento constante que os professores
tiveram por causa da parceria, então poderíamos dizer que a parceria teve importância
fundamental. Os professores já tinham conhecimentos das ferramentas básicas que utilizamos
e para fazermos a integração email dos alunos com o Google Classroom era preciso ser
parceiro Google pois sem isso não tínhamos como criar emails para todos alunos.
Diante da necessidade de manter os alunos de baixa renda a continuarem seus estudos
durante a pandemia, a SEDUC então montou e disponibilizou uma estrutura de acesso à
Internet nas escolas dos respectivos alunos obedecendo rigorosamente os protocolos de
segurança sanitária imposta pelas secretarias de saúde. Com isso foi programado pelo corpo
pedagógico um roteiro/planejamento das aulas em papel, disponível nas respectivas escolas
dos alunos. E de posse dessa atividade o aluno acompanhava pela Internet, no canal do
YouTube, em casa ou em sua escola. Apesar dessa dinâmica ter funcionado, ainda havia
grande quantidade de alunos que não estavam participando das atividades por falta de acesso
a Internet ou dispositivo para acessarem as aulas. A SEDUC mitigou esse problema de duas
formas. Primeiro concedendo o chromebook aos alunos carentes dos anos finais do 8º e 9º
ano. E transmitindo também pela TV aberta as aulas que já estavam no YouTube. Com isso a
SEDUC deu um passo decisivo para minimizar o maior problema da educação pública
durante a pandemia: a exclusão digital que a população de baixa renda sofre. O NUTEC
propôs um ambiente virtual de aprendizagem baseado 100% na plataforma de streaming de
vídeo do YouTube, propôs a gravação de aulas por parte dos professores com apoio da equipe
pedagógica e foi providenciado todo o fluxo de gravação das aulas, os softwares que seriam
necessários e toda infraestrutura tecnológica. Como já citado anteriormente a parceria no
Google for Education por causa da dimensão do projeto, mais de 55 mil alunos abrangendo
mais de 202 escolas foi fundamental. O Google for Education permitiu a criação de 55 mil
e-mails de alunos e professores para que cada escola, cada professor fosse autônomo em
organizar suas aulas no Google Sala de Aula e com Google Meet pudessem trabalhar em
sincronia com o portal da SEDUC no YouTube. O professor teve total liberdade para utilizar
os recursos tecnológicos do Google for Education e além dos quais já eram utilizados na
escola tal como lousa digital e o próprio acesso à web.
Foi criado um local para as gravações das aulas no Teatro Maestro Miro que por conta
da pandemia ficou temporariamente sem função. No MM foram criadas 10 salas de gravação
de aulas e uma sala de monitoria. Cada sala era composta por 2 computadores de última
geração munidos cada um com câmeras, microfone de lapela e tripé com anel de led. Um
computador para o professor e outro para o intérprete de libras. Todos os computadores eram
interligados por uma estrutura de rede de última geração com link dedicado de Internet com
500 megas de upload e download. Apesar de as aulas não serem gravadas ao vivo, usamos o
aplicativo StreamYard que necessariamente usa a Internet como meio de gravação e enviava a
aula gravada para a plataforma de vídeos YouTube.
Utilizamos o StreamYard para fazer a função de gerenciar as gravações das aulas
gerando o link com o YouTube. O StreamYard é um software de transmissões ao vivo via
navegadores web para redes sociais. Transmite direta e simultaneamente para diversas
plataformas tais como Facebook, YouTube e LinkedIn e outras menos conhecidas (Twitch e
Hopin). É extremamente fácil de operar, em menos de cinco minutos alguém está apto para
gravar aulas e fazer uma conferência. No StreamYard conceito de ESTÚDIO é muito
interessante pois conseguimos alguns efeitos profissionais compartilhando a tela de
transmissão com professor e o intérprete de libras. Há uma tela onde é o estúdio e nela ficam
as pessoas que vão palestrar com ou sem apresentação. E fora há o conceito de “backstage”
que em portgês seria os bastidores, atrás do palco. Nos bastidores está o operador da
transmissão ao vivo e outras pessoas que podem ser ou não colocadas no estúdio. Há nele
também uma vantagem técnica pois a gravação fica armazenada em servidor próprio na
“nuvem” e uma cópia também é enviada para o YouTube como uma forma redundante de
backup. Essa redundância é uma segurança que garante uma cópia extra de uma aula gravada
caso algo acontecesse com ela como alguém apagando uma aula sem querer. E isso aconteceu
algumas vezes e tivemos que recorrer às aulas gravadas.
Durante a gravação a equipe de monitoria gerava um relatório específico dos erros de
gravação para que a equipe de edição removesse os erros e às vezes acrescentasse links e
figuras solicitadas pelo professor. Depois de editada a aula era finalmente disponibilizada
para ser publicada no canal da SEDUC no YouTube e na TV aberta.
A equipe pedagógica montava todo o percurso educacional de aulas, apresentações
com o CANVA e apostilas que eram disponibilizadas aos alunos de forma física em sua
respectiva escola. O aluno acompanhava as aulas pelo YouTube segundo a programação que a
SEDUC disponibilizou fisicamente nas respectivas escolas e os professores fazendo o
acompanhamento individual da sua turma com o Google Sala de Aula. Não era apenas
apresentação das aulas no YouTube, cada aula era um tema onde o professor poderia também
trabalhar com outros ambientes virtuais tais como Google Classroom ou Google Hangout.
O StreamYard permite a manipulação e compartilhamento de telas durante uma
transmissão de forma fácil e intuitiva. O professor pode também compartilhar apresentações,
vídeos ou áudios segundo sua necessidade. Uma vez a aula gravada, ela segue para edição
onde a equipe de editores removem possíveis erros de gravação, colocam vinhetas no início e
final da aula. Na publicação da aula ocorre no YouTube, também poderia ser alguma outra
plataforma gratuita de vídeo (ex: Vimeo ou Facebook), mas devido a parceria com o Google e
suas ferramentas que contemplam o Google for Education pesou na escolha dessa plataforma.
Uma vez publicada a aula no YouTube, colocamos um card com a foto do professor e
identificando a matéria, série e a sequência da aula. O estudante pode buscar a aula numa
playlist ou na barra de procura com as informações da programação semanal que ele busca na
escola. O aluno pode acompanhar sua aula pelo celular, computador ou pelo tablet.
A programação das aulas contempla Anos Iniciais, Anos Finais e EJA. Há também
algumas aulas de contação de histórias infantis voltadas para Educação Infantil, uma playlist
voltada para o projeto Música na Escola.
7. DISCUSSÃO
As dificuldades foram muitas e os desafios se tornam muito maiores quando falamos
em orçamento limitado e a lentidão do estado. Não é o escopo deste artigo a discussão
política em torno da situação vivida por todas as escolas públicas por causa da pandemia.
Alguns estados e municípios foram mais ágeis que outros em relação às medidas tomadas
para minimizar a ausência total das aulas.
Alguns professores por iniciativa própria utilizaram as ferramentas que estavam
disponíveis e ao alcance de professores e alunos. Muitos utilizaram de forma experimental o
WhatsApp e o Google Classroom, mas mesmo demonstrando boa vontade e iniciativa própria
os professores tiveram muitas dificuldades pois não se tratava apenas de algo experimental e
casual. Tratava-se de dar continuidade ao ano letivo de uma ou mais classes e até mesmo de
toda uma escola, e nesse contexto as escolas precisavam do apoio institucional da SEDUC
para estruturar esse projeto com início, meio e fim. E foi isso que a SEDUC desenvolveu
quando a portaria municipal autorizou com quase um ano de atraso o ensino híbrido.
A outra grande dificuldade foi o acesso tecnológico de grande parte dos alunos por
serem estudantes carentes. Já sabíamos as dificuldades que iríamos ter nesse sentido, a maior
parte dos alunos não tinham sequer as três refeições diárias, infelizmente é a nossa realidade.
Mas até a merenda escolar foi distribuída em forma de cesta básica a todos os estudantes.
Ainda nesse contexto a falta de computador, notebook ou tablet para que os alunos
acompanhassem as lições e atividades. Grande parte só dispunha de celulares pré-pagos que
tinha como maior objetivo acesso a redes sociais como forma de entretenimento.
Um grande passo para democratizar o acesso às aulas foi a contratação de dois canais
na TV aberta, um destinado para os anos iniciais e outro aos anos finais. As aulas eram
gravadas, editadas e programadas para estrear no YouTube quase que simultaneamente na TV.
Todos os dias enviamos a programação das aulas para a TV juntamente com os arquivos. A
TV aberta surpreendeu por ser considerada tecnologia obsoleta, mas foi importante na
democratização da informação e independente da classe social o sinal chegou praticamente na
casa de todos os alunos da rede municipal.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos a conclusão que a pandemia do COVID-19 alterou o cenário mundial em
praticamente todas as nossas rotinas sociais, familiares e trabalhistas, Na educação não foi
diferente. A pandemia mudou os mais diversos hábitos sociais. Até mesmo a forma de se
cumprimentar foi alterada, o aperto de mão praticamente foi abolido, a pandemia foi um
divisor de água em todos os sentidos. Nas universidades a educação EaD já é uma realidade
incontestável e respeitada. Em relação a modalidade EaD nas universidades os paradigmas e
preconceitos foram rompidos. A educação digital também já é realidade nas escolas da
educação básica com o uso da lousa digital, computadores, tablets, Smarts TV e robótica em
sala de aula. Porém na educação básica (Ed. Infantil, Anos Iniciais e Anos Finais) ainda não
está preparada para o ensino a distância, esse tema tem rendido extensos debates sobre esse
tema tão complexo e recente. Há muito que se pesquisar nesse sentido, as crianças e os jovens
precisam se socializar, e o ensino remoto cerceia essa necessidade essencial na formação de
crianças, jovens e os próprios adultos. A criança e os jovens precisam do ambiente
socializador e no ambiente virtual não há essa possibilidade.
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