Do Papel à Indústria 4.0: Como o Low-Code Acelera a Transformação Digital nas Indústrias
Já parou para pensar em quantas indústrias ainda operam no papel? Presas a processos manuais e até mesmo burocráticos, do uso de documentos físicos a sistemas isolados, a Indústria 3.0 ainda domina grande parte do cenário global, gerando dificuldades para a evolução e a transformação digital.
Neste artigo, vamos nos aprofundar nas principais dificuldades enfrentadas pelas empresas para se aprimorarem. Mais importante, vamos mostrar como o Low-Code pode ser a chave para destravar essas barreiras.
Introdução
O Low-Code surge como uma solução para superar o obstáculo de sair do papel e avançar na automatização, permitindo que empresas transformem processos manuais em fluxos digitais ágeis, e aumentem a produtividade sem a necessidade de grande investimento em desenvolvimento tradicional.
Plataformas como o Power Platform da Microsoft, com o Power Apps para criar aplicativos e o Power Automate para orquestrar fluxos de trabalho, permitem a transição de processos manuais para soluções digitais, oferecendo rapidez e escalabilidade desde o início.
A tecnologia Low-Code se consolida como uma das ferramentas essenciais para a transformação digital nas indústrias. Sua facilidade de aprendizado, combinada com a capacidade de criar soluções de forma ágil, torna-se o primeiro passo para a digitalização.
Entre as principais ferramentas, destacam-se:
- Power Apps: permite a criação de aplicações rápidas e eficientes para qualquer cenário, facilitando a transição do papel para processos digitais.
- Power Automate: automatiza fluxos de trabalho e integrações, eliminando tarefas repetitivas e que consomem tempo.
- MES (Manufacturing Execution System): sistema que gerencia a produção, conectando a fábrica a informações em tempo real.
- Power BI: possibilita a criação de dashboards rápidos e intuitivos para monitoramento de atividades industriais, como sensores e variações na produção.
A combinação dessas ferramentas demonstra como é possível acelerar a digitalização, transformando indústrias da versão 3.0 para a 4.0.
Mas o que é Low-Code?
O Low-Code é uma abordagem de desenvolvimento de software que permite a criação de aplicações com um mínimo de programação manual. Por meio de interfaces gráficas, componentes pré-configurados e automações visuais, é possível desenvolver sistemas rápidos e eficientes para tarefas cotidianas.
Essa tecnologia reduz o tempo de produção de aplicativos que solucionam problemas e automatizam atividades simples do dia a dia, permitindo que pessoas com diferentes níveis de conhecimento em programação construam e implementem soluções de forma prática.
No contexto industrial, o Low-Code funciona como uma ponte, conectando processos manuais às soluções digitais. Ao aplicar conceitos como melhoria contínua, automação e monitoramento em tempo real, torna-se um elemento estratégico para acelerar a transformação digital nas fábricas.
Benefícios do Low-Code na Indústria
O Low-Code oferece diversas vantagens que tornam sua aplicação eficiente e inovadora, tornando-se uma ótima estratégia para qualquer indústria:
- Agilidade no desenvolvimento: permite a criação de aplicativos e fluxos de trabalho em menos tempo do que métodos tradicionais, como o uso de papel. Dessa forma, a equipe pode se concentrar em atividades mais estratégicas, em vez de tarefas repetitivas.
- Integração simplificada: possibilita uma fácil integração aos sistemas produtivos, promovendo a unificação de processos e a melhoria na comunicação entre setores.
- Redução de erros: ao automatizar tarefas e fluxos, o Low-Code contribui para a diminuição de falhas humanas, aumentando a consistência operacional.
- Escalabilidade e adaptabilidade: a natureza flexível dessas plataformas permite que as empresas se adaptem rapidamente às novas demandas do mercado, ajustando e expandindo soluções de forma ágil e descomplicada.
- Democratização da inovação: profissionais com pouca ou nenhuma experiência em programação podem desenvolver soluções ou até mesmo colaborar no desenvolvimento de sistemas.
O Low-Code se posiciona não apenas como uma ferramenta para criar sistemas, mas como um facilitador da transformação digital, permitindo que indústrias avancem em inovações de forma ágil, prática e produtiva.
Papel Estratégico na Indústria 4.0.
Na Indústria 4.0, a integração entre pessoas, máquinas e sistemas é essencial para garantir eficiência e produtividade. O Low-Code surge como solução para eliminar barreiras entre o homem e a máquina, permitindo interações mais ágeis e acessíveis no ambiente industrial.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas por grandes indústrias é a resistência à mudança. O apego a padrões manuais e o receio de lidar com novas tecnologias limitam a evolução, fazendo com que muitas empresas permaneçam presas ao uso de processos em papel.
O Low-Code atua justamente para reduzir esses entraves. Por ser ágil, simples e prático, incentiva a interação com tecnologias modernas. Mostra que problemas complexos podem ser resolvidos de forma eficiente, por meio de aplicações de fácil desenvolvimento e implementação.
Seu papel é permitir conexões entre sistemas físicos e digitais, promover agilidade na transformação digital, apoiar a melhoria contínua e oferecer suporte à tomada de decisões. Assim, pequenas empresas podem iniciar investimentos produtivos e avançar rapidamente.
Atualmente, a expansão de plataformas Low-Code e No-Code cresce de forma acelerada. Projetos que antes exigiam meses de desenvolvimento podem ser concluídos em semanas, otimizando tempo, reduzindo custos e facilitando o acesso a inovações tecnológicas no setor industrial.
Dessa forma, o Low-Code não deve ser visto apenas como recurso tecnológico, mas sim como aliado estratégico. Ele conecta processos, amplia a eficiência e reforça o papel da Indústria 4.0, tornando a digitalização mais acessível e eficaz em diferentes cenários.
Criação de sistema automático com Power Apps, Power Automate e Power BI.
Imagine um cenário em que uma indústria de produtos químicos ainda opera como uma Indústria 3.0, sem monitoramento, com processos manuais, Ordens de Produção (OPs) no papel e sem registro dos acontecimentos.
A aplicação de recursos Low-Code influencia diretamente a transformação desse cenário, especialmente por meio do MES.
O MES (Manufacturing Execution System) é um sistema de execução da manufatura que rastreia, monitora, documenta e controla a produção industrial em tempo real, desde matérias-primas até produtos acabados e embalados.
Esse controle contribui para a implementação da Indústria 4.0.
Para compreender de forma mais clara o papel do Low-Code na Indústria 4.0, pode-se recorrer à pirâmide da automação industrial. Essa estrutura ilustra os diferentes níveis de integração: desde o chão de fábrica, onde estão sensores, válvulas e bombas; passando pelo nível de controle, com CLPs e RTUs.
Em seguida, estão os sistemas de supervisão, como SCADA e IHMs, chegando ao gerenciamento, representado por MES e PIMS, e, por fim, ao nível corporativo, com os sistemas ERP.
É a partir dos níveis de supervisão e gerenciamento que os dados das máquinas são coletados, organizados em bancos de dados e, posteriormente, utilizados em ferramentas como o Power BI para a criação de dashboards e relatórios de apoio estratégico.
Nesse contexto, o Low-Code se apresenta como um elo entre os diferentes níveis, permitindo desenvolver soluções que conectam o chão de fábrica às camadas superiores de análise e tomada de decisão.
Assim, reforça-se seu papel como acelerador da digitalização industrial, ao transformar dados brutos em informações estratégicas para a Indústria 4.0.
Por possibilitar tal monitoramento, o MES torna-se uma ferramenta poderosa na linha produtiva. A questão central é como aplicá-lo e desenvolver esse recurso de forma eficiente.
A jornada da Indústria 4.0 envolve a evolução de processos manuais para sistemas digitais. O MES atua como o núcleo da fábrica conectada, enquanto o desenvolvimento Low-Code amplia sua capacidade, permitindo criar soluções rápidas e integradas às necessidades do negócio.
Um dos recursos mais relevantes é a Power Platform, que possibilita a criação de aplicativos interativos e automáticos, como:
- Power Apps: permite a criação rápida de aplicativos personalizados para diferentes áreas da fábrica. Um exemplo prático seria desenvolver uma aplicação para digitalizar Ordens de Produção (OPs), facilitando processos como monitorar a agitação de um reator ou verificar se o operador avança corretamente no processo produtivo.
- Power Automate: atua como orquestrador de tarefas, conectando diferentes sistemas e automatizando processos repetitivos. Um uso comum é o envio automático de informações para uma base de dados, coletando dados sobre equipamentos e produtos produzidos. Também pode atuar como assistente, alertando sobre erros ou eventos inesperados.
- Power BI: permite a criação de dashboards produtivos, como timelines, monitoramento de erros e acompanhamento de processos atrasados ou em pendência. Por exemplo, pode ser usado para acompanhar equipamentos como reatores e misturadores, monitorando aumento de temperatura, agitação e, em caso de desvios nos parâmetros, permitindo acesso a históricos para análise do ocorrido.
Um exemplo é o dashboard a seguir simulando uma análise detalhada:
Esse dashboard é alimentado por um banco de dados que coleta informações via aplicações Low-Code, sendo posteriormente tratado e organizado para apresentar dados do equipamento, incluindo agitação, temperatura e outros parâmetros relevantes.
Essa aplicação demonstra como uma solução simples pode transformar informações estáticas em dados estratégicos para a indústria por meio do Low-Code.
O conjunto desses recursos permite a implementação de um MES, integrando o Power Apps para criação das OPs digitais, o Power Automate para fluxos rápidos e automáticos, e o Power BI para controle e monitoramento de processos.
O Low-Code evidencia que soluções simples, práticas e rápidas podem influenciar significativamente a transformação de uma linha produtiva inteira, impactando desde a operação até a gestão administrativa, conectando processos manuais ao digital de forma eficiente e acessível.
Principais Dificuldades e Como Enfrentá-las
Ao abordar a transformação digital, encontram-se diversos desafios. A entrada nesse campo implica enfrentar questões como:
- Resistência à mudança: Empresas tradicionais tendem a permanecer em sua zona de conforto, mantendo processos manuais e hábitos estabelecidos.
- Falta de habilidades digitais: Empresas mais antigas podem ter dificuldade em se adaptar a novos conhecimentos tecnológicos, limitando sua evolução.
- Integração de sistemas: Migrar do papel e do manual para ambientes digitais é complexo e demanda tempo para alinhar os sistemas de forma eficiente.
- Segurança de dados: A proteção cibernética é um ponto crítico, exigindo atenção constante.
- Alinhamento estratégico: A ausência de alinhamento entre áreas pode gerar desorganização no processo de transformação e até retrocessos.
- Investimentos financeiros: Inovar requer recursos financeiros, e muitas empresas hesitam ao não ter garantias de retorno.
- Zona de conforto: Colaboradores acostumados a padrões tradicionais podem dificultar a adoção de novas tecnologias por receio de lidar com áreas desconhecidas.
Os desafios ao migrar de uma indústria 3.0 para a 4.0 são significativos e delicados em diversos aspectos. No entanto, a solução pode ser simples e eficaz.
O Low-Code surge como uma alternativa flexível e prática, unindo facilidade e capacidade de quebrar barreiras, facilitando a integração entre pessoas, máquinas e tecnologia. Trata-se de uma base eficiente para iniciar avanços industriais significativos.
Embora os desafios possam variar em intensidade durante o processo, o Low-Code permite enfrentá-los de forma simples e prática no dia a dia. A melhor forma de lidar com essas dificuldades é evoluir gradualmente, adotando três passos principais:
- Planejar
- Aplicar
- Otimizar
Evoluir de maneira inteligente significa planejar o básico, ampliar e otimizar progressivamente. Essa abordagem permite enfrentar todos os desafios de forma estruturada, sem abandonar etapas importantes ou subestimá-las.
Considerações Finais
Conclui-se que a transição para o digital é um desafio real para muitas indústrias, mas o Low-Code surge como uma resposta prática e acessível. Ele não apenas acelera a criação de sistemas e fluxos de trabalho, mas também serve como uma ponte que conecta o manual ao digital. Ao fazer isso, o Low-Code descomplica a entrada na Indústria 4.0, tornando-a viável para empresas de todos os portes.
O resultado é claro: as empresas ganham em produtividade, adaptabilidade e inovação. Profissionais sem conhecimento aprofundado em programação podem colaborar na criação de soluções, o que fortalece a cultura de melhoria contínua. Em vez de ser apenas mais uma tecnologia, o Low-Code se estabelece como um aliado estratégico na transformação industrial, provando que a evolução digital pode ser uma jornada prática, eficiente e sem grandes barreiras.
Referências
Para saber mais sobre os recursos mencionadas e aprofundar seus conhecimentos,
seguem os links para as documentações oficiais:
- Documentação do PowerApps: https://learn.microsoft.com/pt-br/power-apps/
- Documentação do Power BI: https://www.microsoft.com/pt-br/power-platform/products/power-bi
- Documentação do Power Automate : https://www.microsoft.com/pt-br/power-platform/products/power-automate