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Andressa Costa
Andressa Costa29/06/2023 16:46
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O berço africano

    Faço parte do Neabi Oliveira Silveira que é um núcleo de estudos afro brasileiro e indigina. Neste momento inicio a minha transição de carreira e migro ainda, ou melhor engatinho para o mundo da tecnologia. Não venho aqui fazer nenhum tipo de afronta, apenas divido com quem se interessar meu pensamento e até digo experiência vivida neste momento. Me entendo como uma mulher negra, retinta por isso apenas faço uso neste artigo do meu lugar de fala sobre este assunto, e tenho percebido poucas mulheres negras neste nicho de trabalho, por isso resolvi abordar esta temática como ferramenta de identidade para que outras mulheres pretas se desafiem no mundo da tecnologia. Não faço aqui nenhum discurso vitimista ou sexista, é apenas um artigo como outro qualquer onde se versa por uma temática escolhida, simples assim.

    Neste contexto, resolvi dar uma olhada no retrovisor e buscar no passado respostas para algumas questões vividas hoje, por isso me utilizei como sujeito de pesquisa e puxei na memória a minha relação com a matemática na época da escola, todos sabemos que a programação e a engenharia tem como base a matemática. Eu pensava que ela não era pra mim, tinha até um desdém em estudar matemática e assim reprovei obviamente uma vez ou outra,não preciso nem dizer que nunca fui aluna exemplar em matemática, mas a minha reflexão não se deu por isso e sim tentar entender o real motivo da minha dificuldade em entender a matemática. Tá certo que temos mais facilidade em aprender aquilo que nos identificamos, vemos ou experienciamos e eu não conheço nenhuma matriz nem troquei mensagens com uma hipotenusa, mas por que alguns tem facilidade, o que eles entendem que eu não entendi.

    Um dos fatores que me me recordei é que nas aulas eu não me via ali, eu não estava representada nos livros e certamente os outros também não me viam ali, pois os livros me contavam que a única contribuição do povo preto era como escravo. E isso passa a mensagem que nós pretos não estamos no campo do saber. Mas hoje eu entendo que não é assim, por alguim motivo aconteceu um apagamento intelectual e representativo da história do povo negro, esse pequeno fato tem a potência de afetar toda uma estrutura educacional.

    Entendo que muitos ao me lerem vão dizer que eu estou exagerando mas mesmo se eu estiver, esse fato afetou a minha estrutura educacional, por que eu não sabia que podia. Ao pesquisar os antepassados me dei conta que a história da humanidade tem berço africano e que este continente também é o berço da ciência. Partindo da África descobri que o primeiro objeto matemático foi encontrado lá, muito antes de Cristo e foi a partir dele que a matemática se desenvolveu. Descobri também que as pirâmides do Egito, essas três construções inexplicáveis aconteceram antes de Pitagoras e seus teoremas, o conhecido mundialmente como pai da matemática. Não venho aqui diminuir seus feitos, jamais apenas gostaria que tivessem me contado que dois mil anos antes do pai da matemática os egípcios estavam calculando as pirâmides, fazendo a contabilidade das suas plantações e colheitas  

    Eles tinham uma engenharia precisa, caprichosamente precisa e não me contaram que eles tinham como espinha dorsal dos seus aprendizados  KEMETI um egípicio preto. Antes que me perguntem, eu sei que não existia senso do IBGE naquela época, mas muitas passagens faziam a descrição destas pessoas e nelas podemos identificar o fenótipo que caracteriza o povo preto. Essa “bobagem” não sou eu que estou dizendo viu, foram estudos e pesquisas que não vou me ater a enumerar aqui, meu propósito aqui é outro.

    Forçados e separados de suas famílias, atravessaram o Atlântico e deixaram um legado agrafo, nós somos parte da diaspora africana, para construir o futuro precisamos olhar para o nosso passado. Se todo o ser humano carrega uma memória genética, então se carregamos a memória da escravidão mas também carregamos também 10 mil anos de conhecimento científico daqueles que vieram antes de nós, reconhecer o nosso legado é entender que não caminhamos só. Espero com este artigo contribuir de grafa com aqueles que se interessam por ciência e tecnologia assim como eu. Umbuntu

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    Comentários (7)
    Dannilo Fernandes
    Dannilo Fernandes - 29/08/2023 10:15

    Demais o seu texto, Andressa! Importantíssima a sua contribuição!

    Andressa Costa
    Andressa Costa - 30/06/2023 12:04

    Bom dia Vitor, obrigada pela tua contribuição. Meu propósito é que meus filhos tenham referências, fontes límpidas e seguras onde beber conhecimento. Temos uma história antepassada agrafa, ou seja, não contamos com muitos livros escritos mas temos ancestralidade como todos os povos. É um dever contribuir para que daqui pra frente as pegadas na linha do tempo sejam muito mais visíveis e fáceis de se identificar. UBUNTU.

    Vitor Campos
    Vitor Campos - 30/06/2023 10:22

    Andressa, compartilho do seu sentimento e digo que não podemos abrir mão de nossas raízes.

    Infelizmente ainda vivemos em uma sociedade em que uma parcela ainda que pareça esmagadora prevalece enviesada em suas teorias machistas e feudalizadas. A segregação ainda é notória, o racismo estrutural nem se fala!

    Por mais que na área de tecnologia haja a maior inclusão social, mesmo assim, ainda temos a escravidão moderna e digital, ainda temos a necessidade de cotas para ingresso na educação, ainda temos que provar nossa inocência quanto cabe ao acusador o ônus da prova, e assim vamos lutando.

    E este cenário se complica quando se trata do sexo feminino, temos grandes avanços tecnológicos desenvolvidos por mulheres negras, temos grandes avanços científicos desenvolvidos por mulheres negras; mas onde estão as suas visibilidades, a não ser na mente de quem a fez ou nos periódicos acadêmicos?

    Como bem pontuado por você, o povo negro não é só desgraça!

    Devemos ter a consciência de que assim como o Carlos também comentou, somo um e somos todos. Estamos todos interconectados e a Antropologia mostra que o o ser humano é gregário, não pode ser solitário ou individualista. Sendo assim, que possamos nos unir e respeitar a vida, a dignidade humana.

    Uma definição de cor, não determina que somos ou para onde vamos!

    Então... Ubuntu, prossigamos para uma jornada de superação e autoconhecimento da nossa definição de ser.


    Obrigado por compartilhar seus sentimentos.

    Andressa Costa
    Andressa Costa - 30/06/2023 08:33

    Bom dia Carlos, obrigada pela contribuição, muito importante pra mim! E já aproveito pra corrigir a fala, o certo é ubuntu! Eu errei ao digitar e saiu umbuntu.

    Carlos Lopes
    Carlos Lopes - 29/06/2023 20:06

    UBUNTU! eu sou porque nós somos! nós somos porque muitos foram. e outros serão após sermos. Que prazer enorme de ler o seu pensamento, moça. Se o homem nasceu em África, a tecnologia também, você está no lugar certo. Seja bem vinda.

    Andressa Costa
    Andressa Costa - 30/06/2023 12:00

    Bom dia Rodrigo, gratidão por tirar uns minutinhos do teu dia pra ler este artigo. Verdade, é preciso nos enxergarmos como instrumentos identitários para aqueles que estão e aqueles que virão.

    Rodrigo Siqueira
    Rodrigo Siqueira - 30/06/2023 09:37

    ótimo artigo! temos todos que fazer nossa parte, e nos sentirmos responsáveis para que todo conhecimento e conquistas sejam o máximo inclusivo possível. Parabéns!

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