Processos seletivos da Gupy: muito teste, pouca humanidade
Vamos falar de um assunto que incomoda MUITA gente, mas que pouca gente tem coragem de jogar na roda: os processos seletivos da Gupy, esse negócio do mercado de trabalho que promete eficiência, mas entrega frustração, exaustão e uma sensação constante de “não sou bom o suficiente”.
Sim, aquela plataforma onde você se candidata a uma vaga de Auxiliar de Almoxarifado e, do nada, precisa gravar um vídeo se apresentando como se estivesse concorrendo ao Big Brother.
Onde você tenta entrar para uma vaga de Suporte Júnior, R$ 1.800 CLT, mas precisa fazer testes de lógica que parecem ter sido tirados da prova da NASA.
Onde você passa por quatro ou cinco fases, gasta horas respondendo testes e…
✨ silêncio absoluto ✨
Nenhum feedback. Nenhuma resposta. Nenhuma justificativa.
Bem-vindo ao show.
A desumanização disfarçada de “processo moderno”
O discurso é bonito:
“Tornamos o processo seletivo mais eficiente e baseado em dados.”
Mas, na prática, o que acontece é outra coisa:
os candidatos viram números, porcentagens, bolinhas verdes ou vermelhas que decidem se você presta para aquela vaga, sem que um único ser humano troque uma frase com você.
E o pior:
muitas empresas usam a Gupy como um filtro automático, deixando o algoritmo decidir quem vive e quem morre no processo. Se o robô não gostou do seu teste de lógica, acabou.
Não importa sua experiência real, sua motivação, seu contexto.
Não importa que você talvez saiba perfeitamente fazer o trabalho.
Importa o clique.
A nota.
A porcentagenzinha de compatibilidade.
É o RH versão Black Mirror.
A loucura dos vídeos obrigatórios
Ah, os vídeos.
O ápice da modernidade tóxica.
Você está se candidatando para uma vaga remota, técnica, que exige SQL, Linux e um inglês razoável.
Aí a plataforma pede:
“Grave um vídeo de 2 minutos dizendo por que você merece a vaga.”
Por quê?
Porque sim.
Não importa se você é uma pessoa tímida, neurodivergente, ansiosa ou simplesmente não tem uma câmera boa.
O algoritmo quer um vídeo.
O recrutador quer um vídeo.
Todo mundo quer um vídeo, exceto você.
E sabe o que é pior?
Na maioria das vezes, ninguém nem assiste.
Testes intermináveis para vagas simples
Outro clássico:
Vagas de entrada com 10 testes diferentes, que levam no total 40, 60, até 90 minutos.
Psicotécnicos, lógica, personalidade, inglês, matemática, cultura da empresa, valores da empresa, compatibilidade com o chefe, com o cachorro do chefe, com o ar-condicionado do escritório…
E, ao fim de todo esse caminho, você recebe o encantador:
“Obrigado por participar! Seguimos com outros candidatos.”
Ou pior:
não recebe nada.
Você investiu mais tempo na vaga do que a empresa investiria em te treinar.
A ironia cruel: o peso está sempre no candidato
Detalhe importante:
As empresas adoram falar de “boa experiência do candidato”, mas colocam o candidato para fazer mais etapas que concurso público.
O mais irônico?
Você está fazendo tudo isso DE GRAÇA.
No seu tempo.
Na sua esperança.
Na sua energia emocional.
E o mínimo que as empresas poderiam fazer "feedback", elas simplesmente não dão.
Nem um “não deu, mas obrigado”.
Nada.
A rebelião silenciosa dos candidatos cansados
E é aí que a revolta começa a crescer.
As pessoas já não aguentam mais processos seletivos que tratam humanos como robôs, enquanto enchem a boca para falar de “cultura”, “propósito”, “gente em primeiro lugar”.
Candidatos não querem vantagem.
Não querem privilégio.
Querem respeito.
Querem processos racionais, humanos, simples.
E sim, querem que empresas entendam que:
se a vaga é simples, o processo também deve ser simples.
Ponto.
Não é sobre destruir a Gupy, é sobre questionar um sistema doente
A Gupy não é o único problema.
Ela é só a face mais visível de um modelo de seleção que virou moda:
automatizado, exagerado, frio, impessoal, cansativo.
Não estou pedindo o fim da tecnologia.
Estou pedindo o fim da desumanização.
E, principalmente, pedindo que empresas e plataformas entendam que:
👉 respeito vale mais do que teste
👉 clareza vale mais do que vídeo
👉 feedback vale mais do que algoritmo
👉 uma conversa honesta vale mais do que 10 fases automáticas
E, se isso parece pedir demais,
talvez o problema não esteja nos candidatos.



