<Direto ao Ponto 24> Visionários da Computação – As mulheres pioneiras da programação

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Olá, dev!

Este é mais um artigo da série DIRETO AO PONTO, que eu estou escrevendo para a DIO. Ele vai tratar de pessoas relevantes para a área da Computação, principalmente das mulheres pioneiras da programação.

Sumário

1.   Introdução

2.   Os inovadores na programação

3.   Considerações finais

4.   Referências

1 – Introdução

A série DIRETO AO PONTO enfoca artigos sobre conhecimentos básicos da programação e é voltada, principalmente, para os iniciantes.

Este novo artigo vai tratar de outras pessoas inovadoras para a área da Computação.

Desta vez, vamos falar de pessoas e ideias que surgiram nos tempos de guerra, quando os militares despejaram dinheiro para que os cientistas criassem novos equipamentos e aplicações bélicas.

Será mostrado quem era cada uma destas pessoas, qual foi a sua inovação e com quais inovadores teve contato ou se utilizou de suas ideias para criar sua própria inovação.

O foco maior será nas mulheres pioneiras da programação.

2 – Os inovadores da programação

GRACE HOPPER

Grace Hopper foi oficial da Marinha, na época da 2ª Guerra Mundial.

Ela foi designada para trabalhar no Mark I, o poderoso computador digital de Harvard, que tinha sido incorporado à Marinha e Aiken, que o concebeu, em 1937, ainda estava à frente, como comandante da Marinha.

Ele entregou a Hopper uma cópia das memórias de Charles Babbage, mostrou-lhe o Mark I e disse que ela deveria escrever um livro sobre o computador, que acabou se tornando o primeiro manual de programação da história.

Hopper traduzia problemas do mundo real em equações matemáticas e as equações em comandos que a máquina podia entender, reduzindo cada problema em pequenos passos: “Pegue este número e some-o àquele outro e coloque a resposta aqui. Agora pegue aquele número e multiplique-o por este número e coloque aqui.” Cada vez mais Hopper se identificava com Ada Lovelace.

Grace Hopper aperfeiçoou:

·       As sub-rotinas, que ela acrescentava sempre a uma biblioteca de funções disponíveis, como seno, logaritmos e exponenciação;

·       O conceito de compilador, que facilitava a escrita de um mesmo programa para várias máquinas;

·       O conceito de “bug”, quando a equipe descobriu que um defeito do Mark I foi causado por uma mariposa (“bug” - inseto) presa nos relés, e de “debbuging” (depuração).

Ela também foi importante na defesa de uma abordagem de desenvolvimento aberto, colaborativo e independente da máquina.

Hopper visitou o ENIAC em 1945 e achou que o Mark I era superior, por ser programável com mais facilidade, usando uma fita de papel perfurada. O ENIAC era mais rápido, mas exigia a reconfiguração do seu hardware ou dos cabos, o que tirava sua vantagem na velocidade de processamento.

Já estavam fazendo avanços para o ENIAC ser reprogramado com mais rapidez ser reprogramado com mais rapidez e isso seria feito por mulheres.

Hopper também fez parte da equipe do UNIVAC I, o primeiro computador comercial fabricado e comercializado nos EUA.

Ela ainda criou uma linguagem de programação chamada Flow-Matic, que serviu de base para o COBOL. Embora não tenha participado diretamente no desenvolvimento dessa linguagem, Hopper é chamada de “vovó do COBOL”.

AS 6 MULHERES DO ENIAC

As 6 mulheres eram Jean Jennings, Marlyn Wescoff, Ruth Lichterman, Betty Snyder, Frances Bilas e Kay McNulty (que depois se casou com John Mauchly).

O responsável pelo ENIAC era o capitão Herman Goldstine, contato do Exército que estava trabalhando com Mauchly e Eckert.

Na época da guerra, as forças armadas procuravam empregar mulheres formadas em matemática para trabalhar como “computadoras” — pessoas que realizavam tarefas matemáticas, como o cálculo de tabelas de trajetórias de artilharia.

Na universidade da Pensilvania, onde ficava o ENIAC, cerca de 70 mulheres trabalhavam nestas tarefas, usando máquinas de calcular de mesa. Abriram 6 vagas entre elas para trabalhar no ENIAC, sem divulgar que era para trabalhar com ele.

As 6 contratadas, incluindo Jennings, aprenderam a usar os cartões perfurados da IBM e a cabear os quadros de distribuição do ENIAC. A tarefa inicial delas era descobrir como aquele computador funcionava e como programá-lo.

Elas precisavam analisar as equações diferenciais e determinar como configurar os cabos para conectá-los aos circuitos eletrônicos corretos.

Mauchy tirava dúvidas delas e sempre sugeria outras tarefas para resolver com o ENIAC, pois ele sabia que precisava tornar o hardware um computador de propósito geral.

As 6 mulheres desenvolveram técnicas avançadas para o ENIAC, como sub-rotinas, quase na mesma época que Hopper fazia isso em Harvard para o Mark I, e foram fundamentais na mudança do foco central da computação do hardware para o software.

Outra importante contribuição destas mulheres programadoras, como Betty Holberton e Jean Jennings Bartik, foi no desenvolvimento de linguagens de programação como COBOL e FORTRAN.

A revelação do ENIAC ao público contou com uma demonstração de cálculo de trajetória de míssil, com programação feita por Jean Jennings e Betty Snyder, o que impressionou a imprensa e o público, sendo destaque no jornal New York Times.

Posteriormente, Jennings reclamou da exagerada atribuição de habilidades de pensamento ao ENIAC, destacando que ele era apenas uma máquina capaz de fornecer dados para análise humana.

Estas 6 mulheres desempenharam um papel crucial no desenvolvimento e programação do computador ENIAC, embora tenham sido frequentemente subestimadas pela história, inclusive, elas foram excluídas do jantar de comemoração do ENIAC.

VON NEUMANN

John von Neumann foi um matemático, engenheiro, físico e cientista húngaro que teve inúmeras contribuições para a teoria dos computadores.

Em um encontro inesperado, Herman Goldstine convidou von Neumann para visitar o ENIAC e ele ficou impressionado com sua capacidade de resolver equações diferenciais parciais em menos de 1 hora.

No entanto, von Neumann percebeu a necessidade de reprogramação rápida do ENIAC para resolver diferentes problemas e propôs armazenar o programa na mesma memória que os dados.

 Então, a equipe da Universidade da Pensilvania propôs a construção do EDVAC, uma máquina melhorada com as especificações de Von Neumann, que incluiria a arquitetura de programa armazenado.

O relatório de Von Neumann colocava vários conceitos de domínio público, dificultando a obtenção de patentes para Mauchly e Eckert, que o acusaram de se apropriar indevidamente de suas ideias.

Mauchly e Eckert queriam lucrar com suas invenções, causando conflitos também com a universidade e acabaram saindo. Eles fundaram uma empresa e produziram máquinas como o UNIVAC, que ficou famoso.

Von Neumann permaneceu na universidade, desenvolvendo uma máquina de programa armazenado, a IAS.

Os primeiros computadores com programas armazenados marcaram uma transição na história da computação, que misturava ambição comercial com inovação acadêmica. A mudança para o setor corporativo, liderada por empresas como IBM e Remington Rand, marcou o fim de uma era de colaboração aberta na academia.

Essa mudança levanta questões sobre os méritos dos modelos de inovação abertos ou proprietários. Enquanto o modelo proprietário impulsionou a inovação no hardware, como computadores e microchips, o modelo aberto mostrou-se mais eficaz para áreas como a internet e o software.

Ali, começou a ser levantada a questão de se compartilhar livremente a propriedade intelectual ou protege-la por patentes, permitindo lucro e investimento.

Von Neumann desempenhou um papel fundamental na concepção dos fundamentos da programação de computadores, defendendo a importância da lógica e precisão nas instruções.

Ele também notou a importância de juntar dados e instruções na mesma memória, permitindo que o computador modifique seu próprio programa enquanto roda, base da famosa Arquitetura de von Neumann.

Von Neumann e Turing se conheceram em Princeton e são considerados os dois grandes teóricos do computador de propósito geral.

3 – Considerações finais

Este é mais um artigo da série DIRETO AO PONTO, que eu estou escrevendo para a DIO. Desta vez, foram apresentadas as mulheres pioneiras na área de programação.

Grace Hopper trabalhou no Mark I, de Harvard e foi pioneira no uso de sub-rotinas, bibliotecas de sub-rotinas e na criação do primeiro compilador. O Mark I era programado por fitas de papel perfuradas.

As 6 mulheres do ENIAC foram as pioneiras na programação sem programa, ou programação por hardware, em que a troca de cabos e manipulação de chaves determinava a tarefa que seria realizada pelo ENIAC, computador eletromecânico.

Elas também foram importantes na criação das primeiras linguagens de alto nível, como COBOL e FORTRAN. Infelizmente, a história não as valorizou devidamente, dando mais valor ao hardware dos primeiros computadores do que à programação, ao software.

Finalmente, foi mostrado von Neumann, que criou o conceito de programa (instruções) armazenado na memória juntamente com os dados, que poderia ser modificado pelo próprio programa. Ele foi um dos responsáveis pelo computador EDVAC, totalmente eletrônico, que fez muito sucesso na época.

Estes pioneiros viveram durante a Segunda Guerra Mundial, quando todos os recursos eram disponibilizados para a criação de novos equipamentos e aplicações bélicas avançadas.

Os próximos artigos tratarão de outros inovadores, que vieram após aqueles tratados neste artigo, sempre usando como referência o livro indicado a seguir.

4 – Referências

[1] ISAACSON, Walter. Os Inovadores – Uma biografia da revolução digital. Companhia das Letras, 2014.

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