Alguns anos atrás, eu dividia um apartamento no Centro Histórico de São Paulo com um amigo muito querido. Durante esse período a mãe dele teve uma certa dificuldade na casa dela e precisou passar um tempo com a gente. Não foi um problema para mim, uma vez que havíamos acordado coisas desse tipo, sobre abrigar familiares em dificuldade ou até outros amigos antes de fecharmos a parceria.

Tudo certo até aí. Não houve nenhum problema durante a estadia dela, ficamos amigos, conversamos muito sobre muitas coisas e foi uma experiência bem gratificante aprender com alguém com mais experiência que eu, inclusive, hoje em dia eu tenho mais contato com ela do que com ele, mas uma coisa me marcou durante esse período e esse foi o motivo de escrever esse artigo hoje.

Não lembro exatamente o dia, mas fui pego de surpresa quando limpávamos o apartamento com uma frase dela:

— Não sei pra que você tem uma caixa de ferramentas se eu nunca vi você usar.

Eu ri, foi engraçado ela pontuar isso, de fato, eu quase nunca usava aquela caixa de ferramentas e só fazia uma limpeza nela uma ou duas vezes por ano, pra checar a ferrugem ou às vezes quando precisava de algum alicate e lembrava que ela existia. No momento eu apenas respondi:

— Ah, tá aí pra quando precisar. Melhor ter do que não ter.

E seguimos a vida.

O que essa situação tem a ver com a tecnologia?

Tudo.

A sua caixa de ferramentas não precisa ter um alicate, um martelo, um pouco de massa corrida em um velho pote de maionese e quilos de parafusos reciclados de coisas que já não me serviam mais, como a minha. A verdade é que talvez você nem precise de uma caixa de ferramentas física, talvez seja mais fácil contratar um profissional para serviços de marcenaria ou para mexer no seu encanamento se você achar isso mais conveniente.

Mas quando trazemos esse conceito da caixa de ferramentas ou “toolbox” para o meio tecnológico, temos uma noção um pouco mais ampla da importância de ter as ferramentas adequadas para exercer o seu trabalho ou seus hobbies.

Explico. Quando a mãe do meu amigo disse que ter uma caixa de ferramentas era inútil para mim, um cara com mais habilidades num pc do que disposição física para lixar uma parede, por exemplo, ela não estava enxergando mais além. Quem nunca teve um problema com o chuveiro no meio da madrugada, um fio derretido, ou um interruptor que para de funcionar e teve de abrir o mesmo usando uma faca de cozinha e vários minutos de paciência?

Pois bem, ter as ferramentas adequadas e não precisar delas é muito melhor do que não ter as ferramentas e precisar das mesmas. Afinal, como já dizia o provérbio: “É melhor ser um guerreiro em um jardim, que um jardineiro em uma guerra.”.

Ok, mas com posso construir minha caixa de ferramentas virtual?

Conhecimento, mais conhecimento e muito conhecimento.

Essa semana, comecei um trabalho novo. Estava todo empolgado e me peguei pensando nesse artigo e em como eu deveria escrevê-lo, afinal, a ideia já estava martelando em minha cabeça há uma semana.

O novo emprego trouxe desafios maiores para mim, eu já tenho uma boa bagagem atuando na área de suporte e tecnologia, então não foi uma surpresa para mim quando alguns conceitos novos apareceram na descrição das tarefas e uma trilha de treinamento me foi apresentada.

Gostei bastante do conteúdo e fui percorrendo os caminhos, até que em dado momento, um dos tópicos que a trilha sugeriu foi um treinamento no LinkedIn Learning da Bonnie Biafore, sobre Fundamentos de Gestão de Projetos. Abri um sorriso largo, foi bem bacana ver isso ali, por que umas três semanas atrás eu já havia completado esse curso.

Isso só me serviu de exemplo sobre como é importante você ter as ferramentas certas na sua cabeça, aninhadas ali no cantinho delas. Quando eu fiz o curso, pensei: “Poxa, vai ser uma experiência legal, vai agregar coisas ao meu currículo e bem, conhecimento não se perde.”

Mas eu não esperava que esse conhecimento fosse ser utilizado de forma tão rápida e especialmente, recomendado pelos meus gestores. O fato é que ter as ferramentas, ou conhecimentos preparados de antemão, me poupou um tempo precioso e eu pude me dedicar mais às áreas de conhecimento específico que a função exige.

Isso também ocorreu com minha reciclagem em Excel, uma vez que eu havia concluído uma trilha bem proveitosa e extensa no LinkedIn Learning (olha ele aqui outra vez) com instrutores como Karine Lago, Laennder Alves e Cristiano Galvão. Pensei comigo mesmo que não usava muito Excel no meu dia a dia, mas era muito bom reciclar e rever os conceitos que aprendi anos atrás, ou seja, dar polimento na ferramenta e combater a ferrugem, tirar as teias de aranha do conjunto.

Foi ótimo ter feito isso, pois o teste para a vaga, era exatamente esse, uma planilha em Excel com várias necessidades de fórmulas avançadas e de Tabelas dinâmicas que, sendo bem sincero, eu sabia fazer, mas nem lembrava por onde começar antes do curso.

E quais as melhores ferramentas para se ter na minha caixa?

Bem, isso é relativo.

Se você trabalha com desenvolvimento e é um excelente programador Java, por que não dar uma olhada em linguagens alternativas ao modelo, que sigam o mesmo paradigma? Você não vai perder nada por aprender um pouco de Kotlin, ou se manter atualizado sobre os recentes avanços no uso do Go Language.

Caso você seja um gestor de projetos, Scrum Master Blaster Omnipotentia da vida, por que não incrementar seu conhecimento vendo cases similares de pessoas na mesma função, ou mesmo estudando outros métodos de gestão ágil e tirando o melhor deles para aplicar em suas tarefas do dia a dia?

Sempre é possível aprender algo novo e, mesmo que aquele conhecimento pareça inútil ou desnecessário para o momento, ter uma breve noção sobre as mais variadas áreas vai ser muito importante em alguma situação inesperada e talvez, até te dar uma vantagem competitiva muito boa em momentos críticos da sua carreira.

Bônus: Onde buscar um Alicate Java, ou uma Prensa Hidráulica pro meu inglês:

Eu já falei disso em um artigo passado no meu Medium:

Mas caso a minha escrita tenha sido maçante e você penou pra ler o artigo inteiro, vou deixar alguns links rápidos de ótimas plataformas de conhecimento gratuitas:

Dio.me: Voltada para programação, desenvolvimento e networking com constantes bootcamps que resultam em contratação. Além disso, agora tem curso de inglês!

Aprenda+ MEC: Plataforma do Governo Federal do Brasil, onde você encontra diversas áreas do conhecimento com certificação;

Duolingo: Sempre bom para reforçar o inglês, além de possuir gamificação, podcasts e histórias pra você praticar assuntos variados;

Estudar NaPratica — Recentemente eles abriram um curso de Engenharia da Computação capitaneado por professores de Harvard e o melhor, na faixa, grátis, pegue e leve!

É isso pessoal, espero que tenham gostado e até a próxima.