A DURA REALIDADE DA TRANSIÇÃO: Por que a Porta de Entrada na TI Custa Mais do que Prometem?
O Fim da Formação e o Início do Desafio
Aos 31 anos, celebrei uma grande conquista: a conclusão da minha formação como Tecnóloga em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Universidade Cesumar. Este marco não foi apenas o resultado de anos de estudo, ele representou uma transição de carreira ambiciosa. Por anos, minha experiência profissional foi focada no comércio, atuando em funções como vendedora em lojas de roupas e supermercados, como minha vivência de março de 2023 a junho de 2025 como Vendedora. Movida pela crença de que a tecnologia é uma das maiores ferramentas de transformação do mundo, decidi que era hora de contribuir ativamente para esse avanço.
No entanto, a euforia da formatura rapidamente deu lugar à confrontação com a realidade brutal do mercado de TI no Brasil.
A Exigência Incompatível: Estágio com Nível Sênior
Eu sou uma aprendiz Front-End, atualmente me aprofundando em desenvolvimento Front-End e buscando ativamente uma oportunidade de estágio para colocar em prática meus conhecimentos. Possuo competências essenciais como HTML e CSS, conhecimento em Git e GitHub e começando o aprendizado em JavaScript.
O paradoxo que enfrento, e que muitos recém-formados enfrentam, é assustador: o mercado de TI exige experiência, mesmo para o estágio. O estágio, que deveria ser a porta de entrada para quem está começando e não tem bagagem prática, frequentemente pede um nível de conhecimento que beira o júnior ou pleno.
Apesar de eu ser comprometida, autodidata e ter muita vontade de crescer, o fato de não ter conseguido um estágio durante a graduação (o que infelizmente é comum para quem estuda, trabalha simultaneamente em outras áreas e mora no interior) se tornou um obstáculo gigantesco. As vagas de estágio ou de nível inicial exigem domínio de frameworks complexos, arquiteturas específicas e múltiplas ferramentas, tornando a busca por uma posição para transformar ideias em código uma tarefa desanimadora.
O Peso da Idade na Transição de Carreira
Um fator que agrava essa dificuldade é a idade. Fazer uma transição de carreira aos 31 anos, especialmente vindo de um setor completamente diferente como o comercial, levanta barreiras invisíveis, mas palpáveis.
O mercado de tecnologia tende a hipervalorizar o jovem que começa cedo, desconsiderando a maturidade profissional, o comprometimento e as soft skills que acumulamos em outras áreas. A minha experiência anterior, embora não fosse técnica, me deu habilidades valiosas em atendimento presencial e online, recebimento de valores e fechamento de caixa, que demonstram responsabilidade e foco. No entanto, o viés de idade muitas vezes impede que essa bagagem seja considerada relevante na área de TI.
A Fantasia Vendida pelos Vendedores de Cursos
O abismo entre a promessa e a realidade é, em grande parte, alimentado por um ecossistema de cursos e bootcamps que vendem uma ilusão perigosa.
Somos bombardeados com a promessa de que, com apenas seis meses de estudo intenso, é possível garantir salários de R$ 3 mil ou mais. Essa narrativa, embora motivadora, é desonesta e ignora a saturação do mercado de entrada e as exigências reais das empresas.
Para aqueles que, como eu, estão se aprofundando em Front-End e dedicando horas para dominar competências como HTML, CSS e JavaScript e o uso de ferramentas como o GitHub, a verdade é que o caminho é longo, exige persistência e o acúmulo de projetos no portfólio (como meu perfil no GitHub) é indispensável, mesmo que o retorno financeiro imediato prometido seja inexistente.
Conclusão: Compromisso e a Busca por Oportunidade
Apesar das dificuldades e da frustração gerada pela disparidade entre as promessas e as exigências, o objetivo permanece firme. Busco uma equipe que valorize o aprendizado e a colaboração.
A entrada na área de TI, especialmente em uma fase de transição e sem o benefício de um estágio prévio, exige uma dose extra de vontade de crescer e resiliência. É preciso desconstruir a fantasia vendida pelos gurus e abraçar a realidade do trabalho duro, sabendo que a transformação pessoal e profissional é mais lenta, mas infinitamente mais sólida.
O desafio é real, mas o compromisso de contribuir com o avanço tecnológico continua sendo a minha maior motivação.
Você também está passando por isso? Me conta como tem sido a sua experiência.
E se você já superou essa fase, compartilha comigo como foi, e, se puder, deixa alguma dica para quem ainda está lutando por um espaço.
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