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Felipe Andrade
Felipe Andrade15/09/2025 21:50
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Carta a quem decide mudar de carreira aos 38 anos

    Há algo de profundamente corajoso em recomeçar quando o mundo espera de você estabilidade. Aos trinta e oito anos, quando muitos acreditam que o caminho já deveria estar traçado, surge o desejo — ou a necessidade — de se reinventar. É nesse instante que a transição de carreira se revela não apenas como escolha profissional, mas como ato de resistência, contra o tempo, contra as expectativas sociais e contra as estatísticas de um mercado seletivo.

    O Brasil, com sua economia instável e suas crises cíclicas, não facilita o percurso. É como caminhar em um terreno que se move sob os pés. Os jornais anunciam vagas em tecnologia, mas o iniciante logo descobre que até mesmo as portas mais estreitas exigem experiência prévia. Como, afinal, provar valor quando o primeiro degrau da escada já pede marcas de passos anteriores? É um paradoxo que machuca, mas também testa a criatividade de quem decide persistir.

    Aos trinta e oito anos, não se trata apenas de aprender novas linguagens, mas de enfrentar comparações silenciosas. O recém-formado de vinte e poucos anos parece absorver códigos com naturalidade, enquanto você lida com contas, responsabilidades e uma memória que já não se deixa enganar por madrugadas em claro. O tempo, que outrora parecia abundante, agora se mostra um recurso caro. É preciso negociar cada hora entre estudo, família e trabalho, como se fosse um tabuleiro de escolhas diárias.

    E ainda assim, há algo que sustenta essa travessia: a persistência. Não a persistência ingênua de quem acredita que basta insistir, mas a persistência madura de quem entende que cada recusa é parte do processo. O “não” do recrutador, a vaga que pede anos de experiência para ser “júnior”, os testes técnicos que parecem escritos em outro idioma — tudo isso forma uma espécie de filtro natural. Quem segue, mesmo cansado, aprende que o verdadeiro sucesso está na capacidade de continuar.

    Essa jornada também é social. No Brasil, mudar de carreira significa muitas vezes enfrentar olhares de dúvida: “Será que ainda dá tempo?” — como se existisse prazo de validade para sonhos. O peso não é apenas financeiro, mas simbólico. E cada conquista, mesmo pequena, torna-se vitória contra uma lógica que empurra tantos a desistir.

    Persistir aos trinta e oito anos é aceitar o desafio de se construir no entremeio: não mais iniciante de vida, mas novato em um terreno novo; não mais jovem, mas não velho o bastante para parar. É nesse intervalo que nasce a beleza do recomeço. O que se traz da vida anterior — resiliência, visão crítica, sensibilidade para problemas reais — é o que dará consistência ao futuro ainda em formação.

    E assim, o recomeço aos trinta e oito anos não é apenas sobre tecnologia, algoritmos ou linguagens de programação. É sobre provar que não existe idade para se reinventar, que a experiência da vida pode ser mais poderosa que a ausência de linhas de código no currículo, e que o verdadeiro sucesso mora no ato de não desistir, mesmo quando tudo à volta sugere que seria mais fácil parar.

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    Comments (2)
    Felipe Andrade
    Felipe Andrade - 16/09/2025 23:44

    Na minha visão, o maior desafio de quem está em transição de carreira é lidar com a desconfiança inicial do mercado em relação à nossa falta de experiência formal. Esse é um ponto delicado, porque não se trata apenas da percepção externa: se não estivermos atentos, essa desconfiança pode acabar sendo internalizada, afetando a forma como nos enxergamos e, consequentemente, nossa autoconfiança nesse momento tão sensível da jornada.

    É justamente aí que a comunidade tem um papel fundamental. Quando abre espaço para compartilhar conhecimento, promover mentorias, criar projetos colaborativos e valorizar pequenas conquistas, ela ajuda a reduzir esse abismo entre quem está começando e o mercado. Esse apoio não só acelera o aprendizado, mas também fortalece a confiança, mostrando que o caminho é possível e que ninguém precisa trilhar essa jornada sozinho.

    DIO Community
    DIO Community - 16/09/2025 09:42

    Excelente, Felipe! Que artigo incrível e super inspirador sobre a sua jornada de transição de carreira aos 38 anos! É fascinante ver como você aborda o recomeço não como um fracasso, mas como um ato de resistência e coragem, que desafia as expectativas sociais e as estatísticas de um mercado seletivo.

    Sua reflexão de que a persistência não é ingênua, mas madura, e que a experiência de vida pode ser mais poderosa que a ausência de linhas de código, é um insight valioso para a comunidade.

    Qual você diria que é o maior desafio para um profissional ao lidar com a falta de experiência em sua nova área durante a transição de carreira, e como a comunidade pode ajudar a superar esse desafio?