Desmistificando o Git e o Git Bash: controle de versão sem medo para iniciantes
Introdução
Se você já começou um projeto e depois precisou “voltar no tempo” porque algo deu errado, sabe o desespero que é tentar lembrar o que mudou.
É aí que entra o Git, o guardião das versões do seu código.
Muitos devs iniciantes se assustam com o terminal ou com os comandos, e acabam tratando o Git como um vilão. Mas, na verdade, ele é um dos melhores aliados do programador moderno e, com o Git Bash e o GitHub, o trio fica imbatível.
Neste artigo, vamos explorar como tudo começou, entender o funcionamento do Git, aprender comandos essenciais no Git Bash, e descobrir como usar o GitHub para trabalhar em equipe.
A história por trás do Git: Linus Torvalds e o caos que virou genialidade
Antes de ser uma ferramenta essencial para todo dev, o Git nasceu de um problema sério. No início dos anos 2000, o kernel do Linux era mantido por milhares de programadores ao redor do mundo. Cada um enviava suas contribuições, e Linus Torvalds (sim, o mesmo criador do Linux) precisava organizar tudo isso. Por anos, o projeto Linux usava um sistema proprietário chamado BitKeeper, que oferecia controle de versão, até que a licença gratuita para o projeto foi retirada em 2005. Resultado? Linus ficou sem um sistema de versionamento e decidiu criar o seu próprio.
Em apenas duas semanas, ele desenvolveu o Git, com três objetivos:
- Rapidez absurda
- Integridade dos Dados
- Trabalho Distribuido (cada dev tem uma copia completa do repositório)
E o resto é história.
Hoje, o Git é usado por praticamente todas as empresas de tecnologia do planeta, de startups a gigantes como Google e Microsoft.
O que é o Git (e o que ele não é)
Git é um sistema de controle de versão distribuído.
Isso significa que ele permite acompanhar cada mudança feita em um projeto, registrar quem fez o quê e quando, e voltar a versões anteriores caso algo dê errado.
Mas atenção:
Git não é o GitHub.
O que é o Git Bash?
No Windows, temos o Prompt de Comando e o PowerShell, mas eles não são ideais para trabalhar com Git. Por isso existe o Git Bash, que traz o poder do terminal Unix/Linux para dentro do Windows.
Com ele, você pode usar comandos como ls, pwd, clear, e todos os comandos git.
É o ambiente perfeito para controlar repositórios sem depender de interface gráfica.
Exemplo de como iniciar um repositório pelo Git Bash:
# Cria uma nova pasta e entra nela
mkdir meu-projeto
cd meu-projeto
# Inicia o repositório Git
git init
# Cria um arquivo e adiciona ao controle do Git
echo "Olá, Git!" > readme.txt
git add readme.txt
# Faz o primeiro commit
git commit -m "Primeiro commit: adiciona readme"
Fluxo básico de trabalho com o Git
O ciclo de vida de um arquivo dentro do Git é simples, mas poderoso:
- Criação e edição de arquivos (Working Directory)
- Adição à “Staging Area” com
git add - Registro da versão com
git commit - Envio para o repositório remoto (GitHub, GitLab, etc.) com
git push
Conectando seu repositório local ao GitHub
Agora que você já versionou seu projeto localmente, é hora de enviá-lo para o GitHub, onde você pode colaborar com outras pessoas:
# Cria o repositório local
git init
# Adiciona os arquivos e faz o commit inicial
git add .
git commit -m "Commit inicial"
# Conecta o repositório remoto
git remote add origin https://github.com/usuario/meu-projeto.git
# Envia o código para o GitHub
git push -u origin main
Dica: a primeira vez que fizer o push, o Git pode pedir para autenticar via token em vez de senha (por segurança).
Comandos Git que você vai usar sempre
- git status - Mostra o estado atual do repositorio
- git log - Lista os commits realizados
- git diff - Mostra as diferencas dos arquivos modifficados
- git branch - Mostra as ramificacoes
- git checkout -b nome-da-branch - Cria e muda para uma nova branch
- git merge nome-da-branch - Une uma branch a atual
- git pull - Atualiza o repositorio local
- git push - Envia suas alterações para o remoto
Boas práticas que salvam projetos
- Commits pequenos e frequentes: evite commits gigantes que misturam tudo.
- Mensagens claras: “ajustes” não dizem nada — prefira algo como
corrige erro de autenticação no login. - Use
.gitignore: evite subir arquivos desnecessários (como logs, senhas, ou builds). - Crie branches para features: mantenha o código principal (geralmente
mainoumaster) sempre estável. - Revise antes de dar push: uma boa conferida antes de subir evita dor de cabeça depois
Curiosidades que poucos sabem
- O nome “Git” foi escolhido por Linus Torvalds como uma piada — em inglês britânico, “git” é uma gíria para “pessoa desagradável”.
Ele mesmo disse: “Sou um egoísta, e dei ao projeto um nome que combina comigo.”
- O Git é usado até mesmo por projetos não relacionados a código, como livros, roteiros e pesquisas científicas.
- O primeiro commit do Git foi feito em 7 de abril de 2005 — e você pode vê-lo até hoje no repositório oficial.
Conclusão
Dominar o Git, o Git Bash e o GitHub é mais do que uma questão técnica, é um passo essencial na jornada de qualquer desenvolvedor.
Essas ferramentas te permitem trabalhar com segurança, colaborar com outros devs e entender de verdade o ciclo de vida de um projeto.
Então, abra o Git Bash, crie seu primeiro repositório e comece a experimentar.
Com o tempo, o Git deixa de parecer um “monstro de comandos” e vira uma extensão natural do seu raciocínio como programador.



