IA: avanço para todos ou motor de desigualdade? PNUD alerta
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A inteligência artificial promete impulsionar o desenvolvimento humano, democratizando o acesso à informação, otimizando serviços públicos e estimulando o crescimento econômico. No entanto, também agrava desigualdades e expõe fragilidades sociais. Como transformar esse paradoxo em oportunidade?
Alguém pode perguntar: se a IA tem tanto potencial para incluir, por que ela ainda está aprofundando desigualdades? Não seria essa a chance de finalmente nivelar o campo de jogo?
A resposta está nos detalhes de sua implementação e governança. Sem políticas públicas eficazes, infraestrutura acessível e regras claras de equidade, a tecnologia tende a beneficiar apenas quem já detém mais recursos — reproduzindo, e até ampliando, as disparidades existentes.
O Relatório 2025 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) evidencia que o impacto da IA no desenvolvimento humano não é automático nem neutro. Sem políticas públicas eficazes, infraestrutura adequada e uma governança ética e inclusiva, o avanço tecnológico pode se tornar mais um motor de exclusão, beneficiando poucos e marginalizando muitos.
Como destacou Achim Steiner, administrador do PNUD: “A inteligência artificial tem potencial para ser tanto uma aliada quanto uma adversária do desenvolvimento humano, dependendo das escolhas políticas e éticas que orientarem seu uso”.
Dados que preocupam: desigualdade digital em alta
Entre os principais achados, destaca-se o aumento da chamada “lacuna algorítmica” — expressão cunhada no relatório para descrever a distância entre países e populações que possuem acesso qualificado às tecnologias de IA e aqueles que permanecem excluídos.
De acordo com o estudo, apenas 22% dos países em desenvolvimento possuem infraestrutura digital adequada para implementar soluções baseadas em IA de forma ampla e segura. Em contrapartida, nas nações desenvolvidas, esse percentual sobe para 84%. O PNUD alerta que, caso não haja uma ação coordenada, essa disparidade poderá se refletir em novos ciclos de exclusão econômica e social.
Outro dado preocupante: mais de 60% da força de trabalho nos países emergentes corre o risco de ser substituída ou profundamente impactada pela automação inteligente nos próximos dez anos. O relatório enfatiza que a falta de programas de requalificação profissional pode transformar a promessa de produtividade em um fator de desemprego estrutural.
Oportunidades: saúde, educação e sustentabilidade
Apesar do tom crítico, o relatório também evidencia os benefícios concretos que a IA já proporciona em áreas como saúde, educação e sustentabilidade ambiental. Entre os casos de sucesso citados, está o uso de algoritmos para monitoramento de desmatamento em tempo real na Amazônia, que permitiu uma redução de 18% nas áreas devastadas em 2024.
Na saúde, projetos de triagem virtual e análise preditiva em países africanos foram responsáveis por melhorar em 27% a precisão de diagnósticos em regiões de difícil acesso a especialistas, além de acelerar o tempo de resposta em emergências sanitárias.
No campo educacional, o PNUD destaca a aplicação de ferramentas de tutoria inteligente que personalizam o ensino de crianças em comunidades vulneráveis, aumentando em até 35% os índices de retenção de aprendizado.
“O desafio é garantir que essas inovações sejam escaladas de forma ética e inclusiva, sem reproduzir os mesmos vieses estruturais que observamos em outros setores”, ressaltou Steiner.
O debate ético e a necessidade de regulação global
O relatório do PNUD não se limita à análise de dados e cases. Ele propõe uma reflexão profunda sobre a governança da inteligência artificial em escala global, recomendando a criação de um marco regulatório internacional inspirado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Entre as recomendações, destaca-se a necessidade de:
- Transparência algorítmica: exigir que empresas revelem critérios de funcionamento de sistemas de IA em áreas sensíveis.
- Equidade digital: promover políticas públicas que ampliem o acesso à tecnologia em regiões menos desenvolvidas.
- Educação e capacitação: investir em programas de alfabetização digital e requalificação profissional.
- Segurança e privacidade: estabelecer normas internacionais para proteção de dados e mitigação de riscos cibernéticos.
Em tom de alerta, o PNUD afirma que “a ausência de uma governança global robusta pode transformar a IA em uma força desagregadora, minando os avanços obtidos nas últimas décadas em direitos humanos, equidade e sustentabilidade”.
Brasil em destaque: avanços e desafios
O relatório também traz uma seção dedicada à América Latina, com destaque para o Brasil. Segundo o PNUD, o país apresenta “progressos importantes na adoção de IA em setores estratégicos, como agronegócio, saúde e finanças”, mas ainda enfrenta desafios significativos em infraestrutura e qualificação profissional.
O documento cita como exemplo positivo a criação do Projeto de Lei 2338/2023, conhecido como PL da Inteligência Artificial, que tramita no Senado Federal e propõe um marco legal para o uso ético da tecnologia no Brasil. No entanto, o PNUD alerta que “a regulação precisa avançar em ritmo compatível com a velocidade da inovação”, sob risco de obsolescência normativa.
Uma encruzilhada para o futuro
O Relatório 2025 do PNUD deixa claro que a inteligência artificial é um dos fatores mais influentes para o futuro do desenvolvimento humano, mas seu impacto será determinado pelas decisões tomadas agora. “Estamos diante de uma encruzilhada: ou a IA será uma ferramenta de emancipação coletiva, ou reforçará as estruturas de desigualdade existentes”, conclui Steiner.
Para a surpresa de ninguém, o estudo reafirma uma velha máxima das tecnologias emergentes: não é a ferramenta que define seu impacto, mas sim as mãos que a conduzem.
Reveja os Principais Pontos deste Artigo
- IA aprofunda desigualdades: tecnologia avança, mas amplia disparidades globais.
- Impacto depende de regulação e inclusão social.
- Desigualdade digital: só 22% dos países em desenvolvimento têm infraestrutura para IA.
- 60% dos trabalhadores em emergentes podem ser afetados pela automação.
- Oportunidades: IA melhora diagnósticos (+27%), combate desmatamento (-18%) e amplia aprendizado (+35%).
- Governança urgente: transparência, equidade, requalificação e proteção de dados.
- Brasil: avanços em setores-chave, mas infraestrutura e qualificação ainda são desafios.
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Um tema por edição, com análises, dados e exemplos reais para refletir sobre os impactos da IA no nosso dia a dia.
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