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Pedro Moura04/10/2025 13:18
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Trabalho a Distância: Inclusão Real para Profissionais Autistas e Neurodivergentes

    Sou autista nível 1 e tenho TDAH. Recebi o diagnóstico formal pouco antes dos 40 anos, aos 38, mas vivi toda a minha vida sentindo a dificuldade de não me encaixar nos padrões tradicionais das empresas e indústrias. A neurodivergência me trouxe desafios sociais e isolamento, mas também um espaço onde encontro equilíbrio, pois comunicar com máquinas se tornou quase um idioma nativo, uma extensão natural de mim mesmo.

    Comunicação com máquinas: um universo próprio

    Para muitas pessoas, comunicação é conversa e interação social constante. Para mim, "comunicar" com máquinas é mais natural e fluido, um canal onde posso expressar ideias e compreender padrões intuitivamente, uma habilidade desenvolvida ao longo da vida e que fortalece minha conexão com a tecnologia.

    O valor do trabalho remoto para quem é neurodivergente

    O trabalho a distância oferece autonomia e possibilidades para que pessoas neurodivergentes operem em seus melhores momentos. Posso controlar meu ambiente, evitar estímulos sensoriais desgastantes e organizar a rotina conforme meu ritmo, o que diminui o estresse e aumenta a produtividade.

    A comunicação por meios digitais permite estruturar respostas no tempo necessário e focar nos resultados reais, reduzindo a ansiedade causada pela interação social imediata e não estruturada, comum em ambientes presenciais.

    Pressões recentes pelo retorno ao trabalho presencial

    Nos últimos tempos, grandes corporações — como Amazon, JPMorgan e outras — têm decretado o fim do home office e acelerado o retorno presencial, exigindo presença de funcionários em até quatro dias semanais. Quase 75% dos executivos pretendem manter suas equipes majoritariamente presenciais em 2025.

    Apesar disso, pesquisas mostram forte resistência: 85% dos profissionais brasileiros estariam dispostos a trocar de emprego para ampliar o trabalho remoto, e 76% das pessoas considerariam pedir demissão caso fossem obrigadas a voltar integralmente.

    Por que o retorno presencial não deve ser imposto a todos?

    A obrigatoriedade do trabalho presencial traz impactos negativos para a saúde mental, produtividade e retenção de talentos, especialmente entre profissionais neurodivergentes. Pessoas como eu, autistas e com TDAH, prosperam com horários flexíveis e ambientes adaptados, destacando-se tecnicamente e criativamente.

    O home office permite que profissionais ajustem o ambiente, reduzam a sobrecarga sensorial e criem rotinas que promovem bem-estar, engajamento e inovação. Forçar a volta presencial pode aumentar a rotatividade, diminuir a motivação e excluir talentos valiosos — comparado a um corte salarial de aproximadamente 2 a 3% em impacto negativo.

    Quebrando padrões e valorizando a diversidade

    Este relato mostra que o trabalho remoto é muito mais que uma tendência: é uma ponte para a inclusão e o respeito às diferenças. Empresas que adotam práticas acolhedoras e flexíveis ampliam o acesso a talentos únicos, transformando desafios em oportunidades para todos.

    Conclusão

    O futuro do trabalho deve combinar autonomia, inclusão e valorização da diversidade. Para mim, profissional autista e com TDAH, o trabalho remoto é uma necessidade para alcançar meu desempenho pleno e contribuir genuinamente para a tecnologia e a sociedade.

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