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Bárbara Nunes
Bárbara Nunes09/08/2025 20:12
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Suzano - Python Developer #2Recommended for youSuzano - Python Developer #2

"Você não sabe o que quer e está velha demais para recomeçar"

    Há quem me olhe e veja estabilidade.

    Sou concursada. Trabalho em um cargo que muitos consideram o destino final, a segurança que se busca depois de anos de luta. No papel, está tudo certo. Na realidade, é outra história.

    Carrego formações que nunca exerci, cursos que nunca viraram profissão, projetos que nunca chegaram ao fim. Não porque me falte capacidade, mas porque o sabotador que vive em mim é especialista em cortar o fio no meio da costura. Começo, me empolgo, sonho… e depois algo em mim congela, desvia, se perde.

    Não é só interno. Já ouvi, incontáveis vezes, que não me encaixo. Que não escolho “uma coisa só”. Que sou “esquisita”. As palavras chegam como rótulos que grudam e, de algum jeito, reforçam o que eu já temia: talvez eu esteja mesmo fazendo tudo errado.

    Mas a verdade é que eu sei que sou capaz. Quando me proponho a fazer alguma coisa, enquanto não vejo pronta, eu não desisto. Peço ajuda, leio, tento. Vou até o fim. Só que, muitas vezes, me falta incentivo. A rotina me engole. A idade pesa. A obesidade, junto com tudo isso, vai me destruindo aos poucos. E, além de tudo, há a falta de oportunidade. Não consigo nem mesmo um estágio.

    Ainda assim, eu sei que sou boa. Não porque sei de tudo, mas porque nunca me fecho para aprender. Porque tenho fome de conhecimento, mesmo quando o mundo parece me colocar numa prateleira invisível. Ser mãe, mulher e ter mais de 30, às vezes, cria uma máscara. É como se as pessoas parassem de enxergar quem você é por dentro, e passassem a ver apenas um rótulo do que acham que você já deveria ter sido.

    Sou mãe de uma criança autista e de uma pré-adolescente. E, no meio da rotina que exige mais do que eu mesma sabia ter para dar, surge um desejo teimoso: recomeçar. Mudar. Escolher um novo rumo. Mesmo quando, segundo o manual da vida alheia, “já era para eu estar terminando”.

    É que ninguém fala sobre como é viver sendo muitas coisas ao mesmo tempo — profissional, mãe, cuidadora, sonhadora — e ainda tentar se encaixar em uma moldura que nunca foi feita para você. Ninguém ensina como lidar com a sensação de estar sempre atrasada para a própria vida.

    O que poucos entendem é que recomeçar não é um luxo. É sobrevivência. É recusar a ideia de que minha história acabou só porque não segui a linha reta que esperavam. Sim, eu me saboto. Mas também insisto. E talvez, no fim, isso seja a forma mais silenciosa e corajosa de resistir.

    E talvez, no fim, essa seja a forma mais silenciosa e corajosa de resistir.

    E você? Já passou por algo assim… e conseguiu vencer?

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    Comments (7)

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    Caroline Alves - 10/08/2025 17:55

    Nunca li algo com que me identificasse tanto. Também tenho +30, sou mãe de 2, e estou em transição. Não posso dizer que transição de carreira porque não tive a oportunidade de atuar na área das minhas formações iniciais. Mas também me sinto assim, como você. Seu texto me fez perceber que não estou sozinha, que este sentimento não é único. Que tenhamos sorte nessa jornada, e forças, para nunca desistir. Pois vontade não nos falta, e coragem também não. Vamos vencer! Muito sucesso e luz na sua caminhada!

    Islânia Silva
    Islânia Silva - 10/08/2025 14:43

    Parabéns, Bárbara. Pelo seu texto, por sua resiliência. Desejo que consiga tudo o que almeja. Desejo muito sucesso na sua caminhada.

    Gabriel Garcia
    Gabriel Garcia - 10/08/2025 14:06

    Bárbara, lendo suas palavras, percebo que, no fundo, todos carregamos perguntas que não se calam. A sua história fala de recomeço, de resistência, de um desejo teimoso de não se deixar engolir pela rotina. E isso me leva a pensar: o que realmente buscamos?

    Porque, quando escuto pessoas dizerem que querem estabilidade ou um bom salário, vejo que, no fundo, o que desejam é liberdade, o direito de escolher quando e como trabalhar, o conforto de saber que não precisam correr para pagar as contas. Mas será que é só isso?

    Queremos felicidade ou dinheiro? E o dinheiro, por si, consegue comprá-la? Trabalhar com o que “gostamos” garante plenitude ou é apenas um alívio temporário? Será que o trabalho nos dignifica, ou é o sentido que damos a ele que nos torna dignos?

    Se o objetivo é ajudar, talvez possamos contribuir mais oferecendo nosso tempo e talento em algo que vá além do lucro, como no trabalho voluntário, que transforma vidas sem esperar retorno financeiro. Talvez o que nos preencha de verdade não seja o tamanho do contracheque, mas a intensidade com que amamos aquilo que fazemos e as pessoas que tocamos com nossas ações.

    O amor, afinal, é a medida que dá peso às nossas escolhas. Podemos conquistar o mundo, acumular bens, cercar-nos de conforto… mas, sem amor, tudo vira um eco vazio, tentando preencher um espaço que só ele pode ocupar.

    No fim, talvez não seja sobre vencer ou perder, mas sobre viver de um jeito que, quando olharmos para trás, possamos dizer: “Eu amei. E, por isso, valeu a pena.”

    Carlos Barbosa
    Carlos Barbosa - 10/08/2025 13:35

    Ótimos insights tive com seu texto, realmente enriquecedor.

    Boa sorte pra nós nessa jornada, ou melhor, para mais uma jornada! 🤓🚀

    Antonio Guedes
    Antonio Guedes - 10/08/2025 12:19

    Caramba Bárbara,

    Será que você sou eu de cabelão? Será que somos gêmeos, a tua história é idêntica a minha.

    Concursado, amo a área de desenvolvimento desde 2005, quando comecei engenharia Elétrica, nunca trabalhei na área de Engenharia Elétrica, fiz meu primeiro concurso em 2009 e estou no emprego do segundo concurso que fiz em 2013 e já fiz vários cursos na área que amo, e não consigo despertar o "desruptor" que deveria haver em mim, já estou crendo que ele não existe.

    FOrmei em Análise de Sistemas e nunca trabalhei na área também, agora estou fazendo uma pós em Ciência de Dados e Big Data e já estou imaginando que será mais um conhecimento adormecido, já até bateu desânimo.


    Pior que não faço ideia de como mudar isso. Como largar o certo pelo duvidoso? Largar a estabilidade para aventurar começar algo do zero? Me bato com esse pensamento toda hora.

    Continuo na luta minha querida e pretendo continuar, mas confesso que acredito que já passou da hora de fazer algo para sentir a sensação de se fazer o que gosta.


    Alguma ideia?

    Fernanda Nacke
    Fernanda Nacke - 10/08/2025 10:17

    Tenho 30 anos e também estou recomeçando. Realmente, é preciso força e coragem. Te desejo isso e muito sucesso nessa jornada!

    Edson Chaves
    Edson Chaves - 10/08/2025 00:32

    Li seu texto e me identifiquei muito. Tenho 56 anos, trabalho como desenvolvedor fullstack e estou recomeçando na área de dados e big data — um desafio que muitos acham difícil nessa idade.

    Também enfrento dúvidas internas, projetos inacabados e aquela voz que sabota. Mas, assim como você, acredito que recomeçar é coragem e sobrevivência, não luxo.

    Nunca é tarde para aprender e mudar, mesmo com rotina puxada e cobranças. Que a gente continue resistindo e mostrando que idade e rótulos não definem nosso valor.

    Estamos juntos nessa jornada. Obrigado por compartilhar sua história.

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