A guerra pelos seus dados
“Uma guerra furiosa pelo futuro da sociedade está em andamento. Para a maioria, essa guerra é invisível.” Assim Julian Assange começa o seu livro de 2012 Cypherpunks – liberdade e o futuro da internet. Talvez você já tenha ouvido falar que os dados são o novo petróleo. Isso significa que ele é um recurso abundante, barato, e que serve para fazer muitas coisas. Mas também significa que cada vez mais as disputas geopolíticas vão se dar por aquele que controla a fonte e o fluxo de dados.
Muitas guerras no século XX foram travadas pelo controle das jazidas de petróleo. Entre elas as guerras do Afeganistão e a guerra do Iraque. No entanto, cada dia mais as grandes potências e os grandes impérios se mobilizam para coletar e controlar a maior quantidade de dados possível.
O big data tem se mostrado muito promissor na área de tecnologia e de Machine Learning. Uma grande quantidade de dados pode ser usada na medicina como para detectar câncer de mama, no desenvolvimento de carros auto dirigíveis, reconhecimento de imagens, reconhecimento de voz, tradução automática, cidades inteligentes, reconhecimento de expressões faciais, entre muitas outras coisas. Mas esses algoritmos também são usados para prever e modificar comportamentos futuros de populações inteiras através dos algoritmos de busca e das redes sociais.
“É por isso que a mensagem dos cypherpunks é de especial importância para o público latino-americano. O mundo deve se conscientizar da ameaça da vigilância para a América Latina e para o Terceiro Mundo. A vigilância não constitui um problema apenas para a democracia e para a governança, mas também representa um problema geopolítico. A vigilância de uma população inteira por uma potência estrangeira naturalmente ameaça a soberania. Intervenção após intervenção nas questões da democracia latino-americana nos ensinaram a ser realistas. Sabemos que as antigas potências colonialistas usarão qualquer vantagem que tiverem para suprimir a independência latino-americana.”
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“Não é segredo algum que, na Internet, todos os caminhos que vão e vem da América Latina passam pelos Estados Unidos. A infraestrutura da internet direciona a maior parte do tráfego que entra e sai da América do Sul por linhas de fibra óptica que cruzam fisicamente as fronteiras dos Estados Unidos” (ASSANGE, Cyberpunks pág.20)
Na China, todos os dados dos cidadãos estão nas mãos do Estado, que utiliza dessas informações para controlar a população e saber tudo o que todos estão fazendo o tempo todo. Os cypherpunks são ativistas que acreditam na utilização em massa de uma criptografia robusta para se defender tanto das grandes empresas de tecnologia quanto dos governos.
