image

Access unlimited bootcamps and 650+ courses forever

60
%OFF
Article image

GC

Gonzalo Carrubba12/10/2025 12:34
Share

A inteligência não é mais humana

  • #Inteligência Artificial (IA)

Quando você pensa em inteligência, quais ideias surgem na sua mente? Talvez criatividade, pensamento crítico ou a habilidade de resolver problemas complexos. Mas e se a inteligência, que sempre consideramos o maior atributo da humanidade, não fosse mais exclusivamente nossa?

Por séculos, o que nos colocou no topo da cadeia alimentar não foi a força ou a velocidade, mas sim a inteligência. Agora, pela primeira vez na história, essa vantagem está se transferindo das pessoas para as máquinas.

Historicamente, as maiores desigualdades foram de natureza econômica: riqueza, acesso e oportunidade. Mas e se a próxima desigualdade for algo mais profundo e, possivelmente, irreversível? Estamos adentrando uma era em que a inteligência se tornou um recurso privatizado. Modelos de IA, como os desenvolvidos pela OpenAI, já superam a maioria dos humanos em testes cognitivos. Eles escrevem, projetam, codificam e tomam decisões com uma eficiência que desafia qualquer limite humano.

E o que isso significa na prática? Significa que aqueles que detêm essa inteligência terão poder, produtividade e influência em uma escala exponencial. E quem não tiver acesso ficará para trás.

Alguns comparam este momento à Revolução Industrial, mas a diferença é profunda. A Revolução Industrial automatizou o corpo, com máquinas substituindo braços, não cérebros. Agora, estamos automatizando o pensamento. E essa é uma transformação que redefine o que significa ser humano.

Pela primeira vez, não são apenas os empregos que estão em risco, mas também habilidades cognitivas que sempre acreditamos serem exclusivas a nós. Escrever, projetar, decidir, diagnosticar. O que antes era símbolo de intelecto agora é processado por algoritmos em questão de segundos.

E essa mudança tem um impacto global. Economias inteiras, que se baseiam em serviços digitais como tecnologia, design, consultoria, finanças e marketing, estão sendo transformadas. Enquanto isso, trabalhos manuais e artesanais, que dependem de improvisação e contato direto com o mundo físico, permanecem mais protegidos. O digital é linguagem, e a linguagem é onde a IA se destaca.

Toda revolução tecnológica gera vencedores e perdedores. Mas talvez, desta vez, o jogo não tenha reinício. Quando a inteligência deixa de ser humana e se torna um recurso corporativo, o poder tende a se concentrar de forma permanente. E aqueles que ficarem para trás podem nunca mais alcançar.

Ainda estamos no início dessa transformação, mas o tempo de apenas observar já passou. Agora é hora de agir. A vantagem estará em duas habilidades: distribuição e julgamento.

A IA tornará a criação de tudo mais acessível: texto, código, imagem, produto. O que continuará raro será a atenção, a audiência e a credibilidade. Quem construir marca e influência, construirá poder. E quando todos puderem criar, o diferencial será saber o que é bom. O gosto, a sensibilidade, a intuição e o senso crítico ainda são aspectos humanos.

O futuro da inteligência não será definido apenas pelo que as máquinas podem fazer, mas pelo que nós escolhermos continuar fazendo. A verdade é que ninguém sabe como essa história terminará. Mas uma coisa é certa: ignorar o que está acontecendo é a maneira mais rápida de ficar para trás.

E você? Está se preparando para competir em um mundo onde a inteligência não é mais exclusivamente humana?

Share
Recommended for you
Luizalabs - Back-end com Python
PcD Tech Bradesco - Java & QA Developer
Nexa - Fundamentos de IA Generativa com Bedrock
Comments (3)

GC

Gonzalo Carrubba - 13/10/2025 09:50

A sua análise, Saulo, é bastante interessante. A metáfora do tecno-feudalismo capta perfeitamente a sensação de que o poder digital está se tornando cada vez mais concentrado e menos reversível. O exemplo do Spotify é emblemático: trocamos a posse pelo acesso, e a liberdade pela conveniência. O que antes era um produto agora se transforma em um serviço, e esse serviço está nas mãos de poucos.

A convergência entre capitalismo e socialismo que você menciona pode revelar algo ainda mais profundo: os sistemas ideológicos tendem a se adaptar à infraestrutura tecnológica predominante. No passado, foi o motor a vapor que moldou a economia. Hoje, são os algoritmos que estabelecem as regras do jogo;

No fim, como você bem disse, talvez o dilema não seja escolher entre tecno-feudalismo e tecno-socialismo, mas garantir que, em qualquer um deles, o ser humano continue sendo sujeito, e não apenas dado.

Saulo Maciel
Saulo Maciel - 12/10/2025 23:47

Esse seu texto pega a cosmovisão do tecno-feudalismo como o futuro próximo.

Bem, alguns economistas já alegam que o socialismo e capitalismo se casaram e tiveram dois filhos; tecno-feudalismo e o tecno-socialismo.

No novo feudalismo, até os ricos são escravos do sistema. O maior exemplo é o Spotify onde o cliente deixou de ter uma mídia física para ter uma mídia digital mais portável, no entanto, se o músico quiser tirar a música, nunca mais ouvirá. Um outro é que certos carros esportivos estão cobrando um adicional para que o software da marca der partida no aquecimento de bancos, só esse software pode ligar o aquecimento, logo, mesmo que compre o carro, teria que pagar um adicional todo o inverno.

Já o filho mais novo, o tecno-socialismo, visa a utopia socialista com o bem bom da tecnologia, contudo, ignora que alguém terá que produzir a tecnologia em fábricas, minerando silício e mergulhando para manter os cabos submarinos de internet funcionais.

Minha aposta é que, caso o capitalismo se aposente, os dois irmão irão ter que dividir a empresa. E, cabe a nós, torcer para que não sejam perversos.

Paula Nascimento
Paula Nascimento - 12/10/2025 19:11

O futuro é um pouco assustador.