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Fernando Araujo
Fernando Araujo30/04/2024 10:27
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<Direto ao Ponto 27> Visionários da Computação – A era do software

  • #Informática Básica

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 Olá, dev!

 

 Este é mais um artigo da série DIRETO AO PONTO, que eu estou escrevendo para a DIO. Ele vai tratar de pessoas relevantes para a área da Computação, desta vez, focando os principais responsáveis pela popularização dos softwares dos computadores pessoais, Bill Gates, Steve Jobs e Linus Torvalds.

 

Sumário

1.   Introdução

2.   Os inovadores Bill Gates e Paul Allen

3.   Os inovadores Steve Jobs e Steve Wozniak

4.   Os inovadores Richard Stallman e Linus Torvalds

5.   Considerações finais

6.   Referências

 

1 – Introdução

 

A série DIRETO AO PONTO enfoca artigos sobre conhecimentos básicos da programação e é voltada, principalmente, para os iniciantes.

 

Este novo artigo vai tratar de pessoas e ideias que levaram o software a ser mais importante do que o hardware, destacando os principais responsáveis pela popularização dos softwares dos computadores pessoais, Steve Jobs e Bill Gates, bem como dos nomes por trás do início movimento em favor do software livre, Stewart Brand e Linus Torvalds.

 

Será mostrado quem era cada um deles, qual foi a sua inovação (ou inovações) e com quais inovadores teve contato, ou se utilizou de suas ideias, para criar sua própria inovação.

 

O foco será nas pessoas, não nos produtos.

 

OBS: Nesta semana, eu reli meus últimos artigos relacionados aos inovadores e tive um princípio de crise de ética.

 

Eu decidi publicar estes artigos depois que li o livro Os inovadores, de Isaacson Walter, fonte destes artigos. Eu adorei o livro, uma leitura deliciosa sobre os bastidores das descobertas, e recomendo a todos os envolvidos com a Computação.

 

Eu senti que PRECISAVA COMPARTILHAR estas histórias com vocês e resolvi escrever um artigo sobre o livro, resumindo as partes principais. No entanto, as mais de 600 páginas, repletas de detalhes, só poderiam ser resumidas em vários artigos.

 

Detalhista, eu achava que todos os detalhes mínimos eram relevantes para passar. Com isso, cometi o erro de apresentar detalhes excessivos, deixando de ser apenas um resumo e revelando muito do conteúdo do livro.

 

A minha crise de ética se deve a não ter resumido mais o tema. Foi quase uma reescrita do livro, com linguagem mais direta e informal. Não fui justo com o autor!

 

Então, eu decidi me corrigir e publicar os 2 artigos que faltam para completar este tema, inovadores, de forma realmente resumida, além de reescrever os artigos anteriores (partes I a V), da mesma forma.

 

Assim, eles respeitarão o conteúdo original do autor do livro, descrevendo apenas o meu resumo pessoal sobre ele, destacando as partes principais. Além disso, os artigos não ficarão tão longos, objetivo desta série Direto ao Ponto!

 

 

2 – Os inovadores Bill Gates e Paul Allen

 

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Fig. 1 - Paul Allen (esquerda) e Bill Gates.


Após o lançamento do Altair 8800, vários computadores surgiam, mas alguns visionários viram oportunidades no desenvolvimento dos softwares que iriam controlar o hardware dos computadores.

 

Desde cedo, Bill Gates e seu colega Paul Allen se dedicaram a aprender e dominar linguagens de programação, como BASIC, COBOL e FORTRAN, bem como os sistemas operacionais dos computadores da sua época.

 

Eles foram influenciados por outros inovadores do seu tempo, como Ed Roberts, criador do computador Altair 8800, além dos visionários do Xerox PARC.

 

 

O BASIC para o ALTAIR 8800

 

Bill Gates e Paul Allen contribuíram decisivamente para a popularização dos computadores pessoais.

 

Em 1975, ao lerem sobre o lançamento do computador ALTAIR 8800, eles propuseram a Ed Roberts, proprietário da MITS, desenvolver um interpretador BASIC para o Altair, embora ainda não tivessem nada escrito.

 

Allen, emulou a máquina em um PDP-10 e concluiu o software rapidamente, usando menos de 4K bytes de memória, para permitir uma sobra de memória para os usuários do Altair.

 

Aprovado, o interpretador BASIC deles foi licenciado para ser incluído em todas as máquinas Altair. Esse foi o marco para a criação da Microsoft.

 

Allen foi contratado pela MITS e Gates abandonou seu curso em Harvard para ir se juntar a ele na criação da Microsoft.

 

 

A Microsoft

 

O contrato com a MITS, escrito por Gates, garantia a distribuição do BASIC com cada Altair e também assegurava a propriedade do software para a Microsoft e estabelecia a sublicença para outros fabricantes de computadores.

 

Gates trabalhava na recém-criada Microsoft escrevendo códigos e realizava as negociações comerciais. A empresa vencia seus concorrentes em cada produto, praticando preços acessíveis, assim, os fabricantes de computadores ficavam dependendo de seus softwares.

 

 

O Sistema Operacional MS-DOS

 

Em 1980, a IBM procurava entrar no mercado de computadores pessoais e  procurou a Microsoft em busca de um sistema operacional (SO) para seu novo computador.

 

Allen adquiriu de um conhecido, por um preço bem baixo, um SO chamado QDOS, versão do CP/M, garantindo seu controle e propriedade pela Microsoft e vendeu á IBM com o nome de PC-DOS.

 

Com cláusulas históricas, o contrato com a IBM garantia a não exclusividade da licença e a permissão para a Microsoft revende-lo para outros fabricantes, sob o nome de MS-DOS, além de manter o controle do código-fonte. Com isso, Gates conseguiu a expansão do MS-DOS como padrão da indústria.

 

O lançamento do IBM PC, em 1981, foi o início de uma nova era, onde a Microsoft determinou a aparência dos computadores pessoais, abriu o caminho para a proliferação de clones e a supremacia do software sobre o hardware.

 

 

O Windows

 

No início da década de 1980, a Microsoft mantinha uma relação promissora com a Apple, que estava desenvolvendo o MacIntosh em segredo. Precisando dos softwares da Microsoft para o MacIntosh, Jobs revelou o projeto a Gates, mas ficou preocupado com o risco de cópia da sua interface gráfica, impondo restrições contratuais à Microsoft.

 

No entanto, a Microsoft contratou um engenheiro que tinha trabalhado na Xerox PARC e iniciou o desenvolvimento de um novo SO com interface gráfica, que se chamaria Windows.

 

Apesar das controvérsias e da qualidade inferior da GUI da versão inicial do Windows em relação ao Macintosh, a Microsoft conquistou o mercado devido a um modelo de negócios mais estratégico, licenciando seu sistema operacional para diversos fabricantes de hardware. No início dos anos 2000, o domínio do Windows sobre os outros SOs chegou a 95% do mercado.

 

 

3 – Os inovadores Richard Stallman e Linus Torvalds

 

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Fig. 2 - Richard Stallman (esquerda) e Linus Torvalds


Em 1975, enquanto Roberts encantava audiências pelo país com o Altair 8800, Stallman e sua equipe lutavam por uma revolução na cultura do software.

 

Em uma reunião do Homebrew Computer Club, os entusiastas da tecnologia ansiavam por uma cópia do Microsoft BASIC, produzido por Gates e Allen, mas alguns membros também compartilhavam a crença de que o software deveria ser livremente acessível, um mantra entre os hackers da época.

 

Algum membro do clube copiou o BASIC e o distribuiu gratuitamente, despertando a ira de Gates, que viu seu software ser compartilhado sem retorno financeiro. Este ato acabou tornando o BASIC um padrão, fortalecendo a Microsoft no mercado de software e virando um precedente de pirataria, vista até hoje.

 

 

Richard Stallman

 

Richard Stallman era um visionário cujas ideias revolucionaram a concepção de propriedade intelectual e liberdade digital.

 

Enquanto Gates e Jobs cuidavam dos seus impérios comerciais, Stallman seguia um caminho diferente, fundamentado na filosofia do software livre.

 

Stallman confrontou as restrições impostas ao compartilhamento de software no MIT, marcado por acordos de confidencialidade e ambições financeiras, deixando de ser um ambiente colaborativo.

 

Stallman saiu de lá e começou a criar um sistema operacional livre, batizado de GNU. Ele criou a licença pública GNU e o conceito de "copyleft" para estabelecer as bases legais e filosóficas de uma comunidade de desenvolvedores comprometidos com a liberdade do software. Ele pregava que software livre não queria dizer gratuito, mas quem o adquirisse seria livre para copiá-lo, modifica-lo e compartilhá-lo.

 

No entanto, o GNU ainda precisava de um kernel (núcleo), essencial para ser lançado.

 

 

Linus Torvalds

 

Linus Torvalds era um jovem universitário finlandês, que criou apresentou seu próprio kernel, dando vida ao SO livre, aos 21 anos .

 

A criação do Linux começou quando Torvalds comprou um clone do IBM PC e ficou decepcionado com o MS-DOS. Então, ele pensou em instalar o UNIX, mas ele muito caro e não estava configurado para executar em um PC.

 

Em um livro sobre sistemas operacionais, Torvalds descobriu o MINIX, um pequeno clone do UNIX criado para ensino. Para usar o MINIX no seu PC, Torvalds o modificou para atender a seus gostos.

 

Com o Linux, Torvalds complementou e expandiu as ideias de Stallman, iniciando uma era de colaboração e progresso sem precedentes no desenvolvimento de software.

 

 

4 – Os inovadores Steve Jobs e Steve Wozniak e Dan Bricklin

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Fig. 3 - Steve Wozniak (esquerda), Steve Jobs (centro) e Dan Bricklin.


Steve Wozniak ("Woz") era fera em eletrônica e trabalhava na HP.

 

Ele gostava de redesenhar circuitos de computadores, reduzindo o número de chips necessários. Ele construiu seu próprio computador, o Cream Soda Computer, usando apenas 20 chips, quando os computadores da época usavam centenas.

 

Ele era um hobista solitário e isso definiu seu perfil social. Foi apresentado a Steve Jobs por um amigo em comum. Jobs era o mestre da persuasão e do design, reconheceu em Woz uma compreensão profunda da eletrônica, que virou logo a conexão entre eles.

 

 

Blue Box

 

Em 1971, Wozniak leu um artigo sobre "hackers da telefonia", que tinham criado um dispositivo chamado Blue Box, capaz de emitir sons para enganar o sistema telefônico da Bell e realizar ligações interurbanas gratuitas.

 

Em poucos dias, Wozniak desenvolveu uma versão digital do aparelho. Para testar o equipamento, Wozniak ligou para o Vaticano fingindo ser Henry Kissinger, e querendo falar com o Papa, mas a brincadeira foi logo descoberta

 

A venda de muitas unidades por um valor considerável e a experiência de trabalhar juntos formaram as bases para a fundação da Apple.

 

 

Breakout

 

Depois disso, Jobs foi trabalhar na Atari e aprendeu muito sobre a importância de interfaces simples e intuitivas. Na companhia de visionários como Nolan Bushnell e Al Alcorn, ele aprendeu que a simplicidade é a chave para a acessibilidade.

 

Wozniak aperfeiçoou suas habilidades de programação e engenharia e eles desenvolveram o lendário jogo Breakout, uma versão do Pong que que jogava uma bola contra uma parede virtual, deslocando tijolos para ganhar pontos.

 

 

O Apple I

 

Wozniak estudava os novos microprocessadores da Intel e decidiu integrar o poder de computação em um terminal de vídeo e teclado, projetando o hardware do conceito do Apple I, enquanto Jobs pensava em como comercializar o produto. O nascimento da Apple inaugurou uma nova era na computação pessoal,

 

Wozniak era um entusiasta apaixonado pela partilha de conhecimento e Jobs sempre buscava a oportunidade de criar um negócio lucrativo.

 

 

O Apple II

 

Wozniak mergulhava na essência técnica do hardware e Jobs vislumbrou um dispositivo completamente integrado, do hardware ao software.

 

Mais do que um computador, o Apple II era uma experiência, uma promessa de funcionalidade sem esforço para o usuário comum.

 

Seu sucesso selou o destino da cultura hobbista, dando lugar a uma abordagem mais simplificada e acessível para as massas.

A visão de Jobs de integração completa entre hardware e software se tornou um paradigma fundamental para a Apple, contrastando com a abordagem fragmentada adotada por muitos concorrentes.

 

O Apple II iniciou uma mudança tecnológica marcante, com o software se tornando o ponto forte de um computador e o hardware apenas o veículo para sua execução.

 

 

Dan Bricklin

 

Formado em ciência da computação e com um olhar atento para as necessidades dos usuários, Dan Bricklin, inspirado pela simplicidade da interação humano-computador de Engelbart, concebeu a ideia de uma planilha eletrônica revolucionária.

 

Ao observar seu professor alterando modelos financeiros em uma tabela no quadro negro, Bricklin imaginou uma planilha intuitiva e acessível para facilitar essa tarefa para uso no computador.

 

Bricklin esboçou o conceito, enquanto um colega, Bob Frankston, escrevia os códigos. Ele escolheu o Apple II para usar sua planilha, por causa de sua arquitetura aberta e acessível.

 

A ferramenta se chamou Visicalc e desencadeou uma revolução na indústria de PCs, abrindo caminho para os softwares comerciais, estimulando um mercado lucrativo de aplicativos patenteados.

 

 

A interface gráfica do usuário (GUI)

 

Cada inovação traz consigo uma narrativa única, um processo de criação que se desdobra entre inspiração e execução. Nas origens de cada inovação, vemos momentos em que a visão se encontra com a oportunidade e a determinação.

 

Um desses momentos ocorreu quando Jobs e sua equipe visitaram o Xerox PARC, um tesouro de ideias revolucionárias. Lá, eles testemunharam a interface gráfica de usuário (GUI), uma concepção intuitiva e amigável da interação do usuário com o computador, que tinha sido implementada no computador Xerox Alto.

 

Esse encontro inspirou Jobs e o impeliu a aprimorar e implementar essa inovação nos futuros produtos da Apple.

 

A Xerox não tinha interesse em comercializar um computador para uso pessoal, mas a equipe refinou a GUI e a transformou em algo acessível e revolucionário para o consumidor comum.

 

Assim nasceu o Lisa, seguido pelo lendário Macintosh, uma máquina que não apenas mudaria a forma como interagimos com os computadores, mas também o próprio conceito de computação pessoal.

 

 

5 – Considerações finais

 

Este é mais um artigo da série DIRETO AO PONTO, que eu estou escrevendo para a DIO.

 

Desta vez, foram apresentadas pessoas inovadoras da área de software, tanto do software pago, da Microsoft, como do software livre, trazido por inovadores como Richard Stallman e Linus Torvalds.

 

Também foi descrita a rivalidade e cooperação entre as empresas visionárias Microsoft, dos inovadores Bill Gates e Paul Allen, e Apple, dos inovadores Steve Jobs e Steve Vozniak.

 

Uma inovação depende da genialidade de mentes e um compromisso em transformar o mundo ao nosso redor. O verdadeiro mérito não reside apenas em ter ideias, mas em transformá-las em realidade.

 

O próximo artigo, último sobre esse tema de inovadores, tratará das atividades online e do surgimento da web, que popularizou o uso de dispositivos de acesso às redes, como computadores, notebooks, tablets e smartphones.

 

 

6 – Referências

 

[1] ISAACSON, Walter. Os Inovadores – Uma biografia da revolução digital. Companhia das Letras, 2014.

 

 

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Comments (1)
Giancarlo Rodrigues
Giancarlo Rodrigues - 01/05/2024 00:18

Muito bom!!